🩸: os enigmas do corpo e frankenstein

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2018

Era humano mais uma vez, ou pelo menos se sentia assim enquanto ele o encarava de cima. Neve caia espessamente sobre eles e uma bota com rosas de ouro pregadas ao cano pisavam em seu peito com força, olhos verdes o encaravam veementemente. Estavam na montanha de gelo e pedras outra vez. Um sorriso sacana foi emitido por parte dele. Escuridão. Um quarto, um espelho oval no canto e uma porta a sua frente. A casa da floresta. Olhou para os seus pulsos, ambos presos acima de sua cabeça com cordas de prata que queimavam sua pele impiedosamente. Fechou os olhos, e quando os abriu, ele estava diante de si. As íris não mais verdes, mas enegrecidas com duas cruzes de madeira refletidas.

"Você renegou a Deus por anos enquanto era humano. E no desamparo, recorreu à Ele como uma putinha; e quer saber, é isso que Deus deve pensar de você - uma putinha medrosa. Pronto para chupar as bolas sagradas Dele se Ele disser que assim então deve ser, que assim então será salvo da condenação eterna." Risadas provocativas encheram o quarto. "Todas aquelas mortes... vai precisar se esforçar bastante." Piscou os olhos fortemente e quando os abriu ele estava completamente nu. Sentava-se em peso sobre seu baixo ventre. Tudo estava muito turvo, não era capaz de ver a totalidade do corpo dele. "Talvez você devesse começar a treinar nas minhas bolas. Deus vai ficar muito decepcionado se você não souber como usar essa língua."

Frank acordou assustado naquela noite, sentando-se abruptamente na cama.

Uma estranha sensação em seu baixo ventre o fez estreitar os olhos; e tão breve como apareceu, se foi. Levou a mão à região, curioso, e apalpou, talvez fosse imaginação sua, não tinha certeza.

Esse tipo de coisa não acontecia desde sua transformação. Sonhos eróticos e membros rijos eram coisas do passado; ao longo dos duradouros anos teve breves experiências sexuais com outros vampiros, e aprendeu que tudo se resumia a mordidas orgasmicas, pois o sangue não circulava nas áreas erógenas.

Seu coração também doía, ou pelo menos era como se sentia. Afagou a mão sobre o peito e esticou os pés para fora da cama. Mais um de seus pesadelos com Gerard, mesmo após seis anos sem vê-lo, aquele rosto continuava a persegui-lo na inconsciência, ele se perguntava severamente: por quê?

Nada nem ninguém lhe tirava o sossego como o vampiro que lhe havia tirado a primeira vida.

Subitamente ouviu passos do lado de fora de seu quarto, e pelo cheiro do perfume, soube imediatamente quem era.

"Pode entrar." Disse antecipadamente ao se levantar.

A porta abriu apenas um pouquinho. "Dez anos de tutoria." Timmy sussurrou, orgulhoso, olhava para Iero com expectativa. "Tire o pijama e se arrume, nós quatro vamos sair, vamos para a cidade."

"Ok. Em três minutos." O avisou, e Timmy fechou a porta. Ouviu seus passos acelerados para o andar inferior e sorriu para si mesmo, estava feliz.

Havia se aproximado daquele vampiro de uma maneira que jamais havia se aproximado de outro ser antes. Não que não amasse seus outros dois amigos: havia convivido com eles o bastante para amá-los como um casal de velhos se ama; mas secretamente, Timmy sempre seria seu número um, pois era o único que realmente o ouvia quando dizia algo, quando perguntava coisas que para os outros soava muito óbvio; Pete era naturalmente doce, mas debochado e sem paciência para explicar coisas; Mikey segurava consigo uma amargura que não lhe cabia, falava do mundo como algo que não valesse a pena e que já havia solucionado há muito tempo. Logo, quase nada haviam lhe ensinado sobre vampirismo.

my sweet vampire † frerardOnde histórias criam vida. Descubra agora