Toque

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   O olhar vago de Ji-hoon se estendeu por todo quarto branco, ele não sabia o que pensar, como pensar. Em sua mente era tudo um grande fio enigmático. Ao lado do seu leito, estavam seus pais, as lágrimas ainda eram evidenciais nos rostos dos mais velho, mas Ji-hoon não demonstrava nenhuma emoção.

  Diferente de Eun-ji, que acompanhou os pais e explicou a situação a Ji-hoon. Seu coração estava comprimido dentro de seu peito, gerando certa ansiedade, por ele estar ali finalmente e fisicamente. 

  Ji-hoon acordou dois meses depois, em mais um dia comum com Eun-ji segurando suas mãos e contando alguma história fantasiosa da vida real, a médica estava agarrada a seu único fio de esperança, e não era pelo destino da sua carreira na medicina, ou de seu contrato com aquele hospital. Ocasionalmente ela se perguntava se tinha se apaixonado pelo paciente, ou se era apenas seu desejo árduo de que ele pudesse viver seguramente todas aquelas historias que lhe contava.

  Naquele dia, Eun-ji dedilhou a ponta de seus dedos pela pele branca e alva de Ji-hoon, as enfermeiras faziam um ótimo trabalho cuidando da pele e do corpo dele, e durante todo aquele período ela decorou uma das canções do músico e cantarolou enquanto aninhava os fios de cabelo negro, em suas devidas mechas.

  Foi quando ele abriu os olhos.

Eun-ji não saberia explicar os mistos de emoções que sentira naquele dia, nem poderia descrever a reação do diretor executivo do hospital ou de qualquer membro dali, que duvidasse do retorno da consciência de Ji-hoon.

" — Sua fé nele, o trouxe de volta, obrigada. " - foram as palavras da mãe dele, que tocaram profundamente seu ser, se de algum lugar Ji-hoon esteve realmente ouvindo ela, a médica tinha conseguido seu ato de fé.

O músico ainda estava passando por uma bateria de exames, mas até então seu corpo voltaria a se adaptar a realidade, seus órgãos levariam algum tempo ainda para se estabilizar, mas não era um trabalho impossível, ainda mais para Eun-ji.

— É normal ainda não ter nenhuma resposta dele - a médica os tranquiliza.

— Você acha que ele vai perder a memória?

— Não. - ela aperta gentilmente os ombros do homem mais velho. — A fratura não danificou o hipocampo do filho de vocês, mas o fato de passar meses em inconsciência, fara que as memórias dele regressem em fragmentos, até estar completa novamente.

Os pais assentem e se despedem temporariamente do filho, ele precisava descansar. Isso gerou um medo desconhecido em Eun-ji, mas ela não o idealizou. Apenas ajeitou confortavelmente seu paciente.

— Descansa! Mais tarde estarei aqui novamente, você não vai se livrar tão fácil de mim.

  A médica ergueu seu olhar, Ji-hoon a encarava, sua expressão era neutra, mas a deixava confusa.

— Estarei por perto,se precisar.

Ela diz e por um segundo desejou que ele pudesse ter consciência dos momentos doados por Eun-ji.

— Corta! Muito bem - Da-yun comemora — Jin você estava perfeito, só peço que você tenha uma expressão um pouco mais confusa na próxima cena.

— Ok, chefe!

— Por hora é isso, descansem.

— Obrigado, vou levar isso a ferro e fogo. – Jin retruca ao sair do cenário.

Seokjin se jogou na poltrona na sala de Da-yun, e por ali ficou ate ela checar se ele estava vivo meia hora depois. Jin estava todo desengonçado naquela poltrona minuscula, os cabelos estavam bagunçados na frente de seu rosto, e ele fazia um beicinho enquanto dormia.

— É literalmente um bebê. - Da-yun sussurra para si mesma.

Ela se abaixa para ajeitar a franja dele, seus dedos tocam minunciosamente a pele de Jin, assim como na cena de Eun-ji. Mas seu corpo todo se assustou quando Jin segurou seu pulso e a encarou.

— Estava me aliciando? - ele semicerra seus olhos e Da-yun gagueja alguma resposta.

— Não é isso, só estava vendo se você estava vivo. - ela tenta se afastar mas Jin a puxa para mais perto deixando o rosto de ambos próximos demais.

— Estou vivo suficiente pra você? – sua voz sai baixa e rouca.

Ela apenas balança a cabeça, sua respiração ficou entrecortada quando olha para os lábios super convidativos dele, e Jin faz o mesmo deixando a tensão pairar naqueles minúsculos centímetros que os separavam.

— Bom - ela pigarreia — Já que está vivo, se levanta porque vão fechar o estúdio e não quero nenhum astro preso por aqui.

— Isso é muito comum. – ele diz se levantando.

— Você dormir pelos cantos?

— Não, as pessoas quererem tocar meu rosto bonito. – ele diz se empertigando-se — Apesar de não gostar que toquem meu rosto, as vezes realizo o sonho de algumas pessoas, igual a Sun-hi.

— Com certeza ela é muito sortuda por isso – ela diz rolando os olhos — Se eu soubesse desse fato não teria...

Da-yun foi interrompida pela atitude abrupta de Seokjin, que pegou sua mão e levou até o rosto dele. A pele era de fato macia e quente, seu olhar era confuso e Jin a encarou, e os ficaram mudos por alguns segundos, até a diretora arquear a sobrancelha.

— Acho que já realizei meu sonho – ela diz ironicamente e puxa sua mão de volta.

— Fico feliz, e saiba que não acontecerá novamente. – ele diz convencido e pega sua jaqueta se retirando.

— Eu devo ter picado tempero na tábua dos dez mandamentos – ela resmunga contraindo a mão, após o toque. — Da próxima vez que pegar minha mão assim, eu vou pegar a sua e enfiar dentro da minha saia!

Ela grita sabendo que isso iria abalar ele completamente, e funciona pois ele tromba na mesa e da uma risada nervosa.

— Cala boca Da-yun!

  Ao sair do estúdio Jin da alguns tapinhas em seu próprio rosto para disfarçar a nova cor que suas bochechas assumiram, ela era mesmo inacreditável. Como ela teve coragem de falar isso?

— Aish... – Jin balançou a cabeça não queria imaginar muitas coisas, mas sua mente era traiçoeira, então focou apenas no toque gentil - e forçado, da parte dele, em seu rosto era como se realmente fosse um dia no outono, como uma brisa leve.

Através dos seus olhos [ Kim Seokjin ]Onde histórias criam vida. Descubra agora