𝚄𝙻𝚃𝙸𝙼𝙰 𝚅𝙴𝚉? |22

72 17 266
                                    

2040 palavras

Eu não iria, nem que explodisse meu telefone com milhares de notificações seguidas. Porém, não foi isso que aconteceu, e foi isso que causou tanto tormento dentro de mim.

Eu não iria, então por que agora meu peito sobe e desce gritando por respostas, desejando o seu cheiro, ansiando por ele?

  Não perdi um minuto sequer quando me vi vencida por essa abundante vontade de me encontrar com ele, acompanhada de uma grande dose de nervosismo, medo e ansiedade. Estava com tanta raiva, então por que agora me sinto tão desesperada?

  As árvores passavam como borrões pela minha visão periférica, pisando nos mesmos galhos e folhas secas daquela manhã, percorrendo a mesma estrada estreita em direção ao mesmo lago, mas com um propósito diferente.

  Não negaria para mim mesma o quanto eu ansiava vê-lo. Pouco me importava se iria xingá-lo, se iria enchê-lo com as minhas perguntas, algumas até mesmo sem respostas, mas eu faria. Faria qualquer coisa para tê-lo perto de mim, mesmo que esse sentimento tenha surgido repentinamente, ou... Só estivesse guardado, pois não aceitava que Ivan Bell, um estranho, pudesse me fazer sentir tanto, tudo que não senti durante sete anos.

  Sim, eu o queria. Eu precisava dele.

  Mas meu peito se afundou em desespero e aborrecimento quando, ofegante, parei exatamente no meio da ponte curvada com madeiras velhas. Aquele silêncio, somente a minha respiração pudera ser ouvida, pois eu estava sozinha ali. Não via ninguém.

  Senti minha visão embaçar nas lágrimas que se formavam contra a minha vontade, sentia que iria entrar em prantos como uma garotinha que tivera o seu brinquedo negado pelos seus pais, pois havia desejado, e eu também desejei muito que ele estivesse aqui.

  Mas você não disse que mudaria o destino para que meus desejos fossem realizados?

— Está atrasada — Uma voz séria e calma, poderia dizer até que era fria se não tivesse feito meu corpo esquentar por inteiro.

  Suspirei pesadamente e olhei para trás, de onde ouvi sua voz. Ivan pisou sobre a ponte, fazendo a madeira rangir. Usava um terno preto e camiseta social branca, completamente diferente do seu estilo. Seus cabelos estavam minimamente arrumados e eu conseguia sentir o seu perfume daqui onde estava.

  Minha respiração mesclava com o barulho que ele fazia ao se aproximar de mim. Sentia seus olhos me queimando sem emoção alguma, ele estava tenso, era nítido, mas sua postura ainda se mantinha intimidadora, reforçava esse meu pensamento à altura que ele ganhava a cada centímetro mais próximo de mim, e quando menos percebo, estamos os dois no meio da ponte.

  E quando menos percebo, havia me perdido, me perdido das minhas perguntas, pois sentia minhas pernas fraquejarem cada vez que inalava mais do seu perfume amadeirado, intensamente masculino. Eu tenho certeza que é um daqueles caros que fazem qualquer um se perder, e como eu queria me perder no seu cheiro, certamente isso aconteceria.

— Você ficou indecisa? — Um quase sorriso apareceu em seus lábios.

  Eu precisava olhar para cima para ver seus olhos fixados em mim.

  Eu precisava urgentemente me desfazer desse feitiço e agir, mas Ivan estava sugando a minha energia, a minha vontade de xingá-lo, e eu não queria perder isso.

— Por que me chamou aqui? — Precisei desviar meu olhar para o chão para perguntar.

— Por que você veio? — Seu questionamento zuniu em meus ouvidos.

"Querido Diário" de Lana BergerOnde histórias criam vida. Descubra agora