Capítulo 04 - Aquisição

199 44 24
                                    

A viagem foi organizada de forma impecável, e depois de uma negociação brilhante de Gael com Heriberto, conseguimos autorização para entrar em Tampico, comprar o terreno e escavar, sem criar qualquer conflito civil no local

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

A viagem foi organizada de forma impecável, e depois de uma negociação brilhante de Gael com Heriberto, conseguimos autorização para entrar em Tampico, comprar o terreno e escavar, sem criar qualquer conflito civil no local. Era uma missão de paz, e conseguir realizá-la assim era a melhor coisa que poderíamos fazer. Eu não tenho qualquer problema em entrar em guerra para algo, mas nesse caso específico, todo silêncio e descrição são bem-vindos.

Enquanto o avião reduzia a velocidade, eu observava calmamente pela janela, deixando-me envolver pela visão quase poética do sol da tarde brilhando sobre as águas do Golfo do México. Os tons vibrantes de laranja e rosa pintavam o horizonte, criando um espetáculo de cores que contrastava com a serenidade do oceano. Apesar de algumas nuvens dispersas, o céu estava predominantemente claro, um presságio de dias ensolarados pela frente. Mesmo no auge do verão, a temperatura estava agradável, não muito quente nem muito fria.

Assim que pisamos em terra firme, pude sentir imediatamente a umidade do ar, um contraste revigorante com o ambiente controlado do avião. A brisa suave do litoral trouxe consigo o cheiro salgado do mar, despertando uma sensação de familiaridade e expectativa. Com passos decididos, segui em direção ao terminal, pronto para iniciar minha jornada em Tampico. Havia muitas coisas para serem resolvidas por aqui, e eu esperava conseguir resolver tudo o mais rápido possível.

Ao chegar ao local de retirada do carro alugado, avistei-o prontamente estacionado, esperando por minha chegada. Agradeci brevemente ao funcionário que o trouxera e assumi meu lugar ao volante, ansioso para começar a resolver os assuntos que me trouxeram até aqui. A estrada se estendia à minha frente, tão sólida e constante, um contraste claro de como eu me sentia, inconstante e ansioso.

Segui dirigindo pela via local, seguindo as placas que indicavam o caminho para o sudeste de Tampico, onde uma casa havia sido alugada para minha estadia. A chegada a casa foi tranquila, eu preferia não ficar em hotéis, odiava qualquer serviço que eu não soubesse minuciosamente a procedência, então trazia tudo meu. Forrei a cama com meus lençóis, coloquei toalhas limpas no banheiro, além dos produtos de higiene, e organizei a geladeira com as marmitas previamente preparadas pela minha cozinheira, Margarida.

Quando tudo estava de acordo com o meu gosto, me sentei no sofá e contabilizei a distância que eu me encontrava do complexo. Dez quilômetros. Uma distância de quinze minutos de carro, e cerca de duas horas a pé. Estalei as mãos e o pescoço. Era uma distância excelente. O sol já havia se posto e a casa já estava escurecida, mas não me preocupei em acender as luzes. Estava confortável no escuro, a escuridão me fazia pensar melhor, então fechei os olhos e refleti sobre todo o planejamento que cumpriria quando chegasse aqui.

No momento em que eu consegui visualizar com clareza todo o planejamento por completo, eu me dei por satisfeito e me ergui. Segui para a cozinha a fim de comer algo, com um sorriso satisfeito, peguei uma das marmitas preparadas por Margarida, minha fiel cozinheira. Aqueci o prato e assim que o abri, aromas deliciosos encheram o ar, fazendo meu estômago roncar de antecipação. Além do aroma maravilhoso, fui recebido pela visão colorida e apetitosa das fajitas, com tiras suculentas de carne, pimentões coloridos, cebolas caramelizadas e guarnições frescas de salsa, queijo e creme azedo.

Enquanto saboreava cada mordida das fajitas, meu paladar era inundado com uma explosão de sabores. A carne estava perfeitamente temperada, macia e suculenta, combinando harmoniosamente com os pimentões crocantes e as cebolas caramelizadas. Depois de terminar minha refeição, limpei cuidadosamente a marmita e a guardei a vasilha na mala destinada a elas. Olhei para o relógio e vi que já estava tarde, porém eu não sentia qualquer vestígio de sono, o que já havia se tornado comum em minha vida. Ainda olhando para o relógio, pensei que essa era a hora perfeita para uma prévia.

O dia seguinte seria recheado de reuniões com os bancários para as negociações do terreno, eu o compraria por meios legais, mas nada me impedia de ir lá para ver o espaço antes disso, eu tinha feito a lição de casa, o local estava abandonado há cerca de quinze anos. Além disso, a madrugada era minha aliada, sempre foi. Determinado, peguei o carro e dirigi em direção ao complexo.

O ambiente abandonado começou a se formar para mim, enquanto meu coração se acelerava de expectativa diante das possibilidades que isso me trariam. Estaciono o carro pouco antes do acesso de entrada ao condomínio. Há algumas placas de madeira usadas como um portão para fechar o acesso, muito provavelmente alguém do governo fechou o local para evitar invasões. Saio do carro e tiro as placas da frente, me dando finalmente acesso ao complexo.

Pego minha arma e a posiciono nas costas e tranco o carro, será interessante ver o espaço sem a pressa que o carro nos impõe. Quando o tranco viro as costas e entro no terreno, observando com calma as residências que começam a surgir a minha frente.

O ambiente é inóspito, tem muitas casas abandonadas, as paredes cheias de musgo e em sua quase totalidade, desgastada pela falta de manutenção ao longo do tempo. Sigo caminhando pelas casas observando todo o local com calma e me perguntando de todo esse espaço imenso, onde diabos o que eu procuro estaria enterrado. Sigo meu caminho, conhecendo o local, até que chego em uma praça central, me sento em um banco e fico observando todo aquele local estéril até que meus olhos avistam uma pequena plantação em uma das casas mais afastadas.

Coço a sobrancelha, achando estranho que tenha algo vivo nesse local. Curioso, sigo em direção a tal horta, e quanto mais perto eu chego, mais tenho a convicção de que alguém está aqui. A organização das verduras, e as poucas frutas que têm ali plantadas estão bem cuidadas, e claramente não foram plantadas hoje.

Inferno! Algum imbecil deve ter feito esse local de habitação. Solto um suspiro irritado, eu não sou um homem muito sociável, muito menos tenho aptidão para lidar com pessoas fora dos negócios. A ideia de ter que expulsar algum pobre miserável daqui me deixa irritado. Odeio quando as coisas não saem como o planejado. Trinco os dentes e sigo em direção a casinha que suponho pela proximidade da horta ser o local onde seja lá quem for esteja habitando. O local inteiro será meu em poucas horas, e ninguém tem autorização para ficar aqui.

Passo pela cerquinha malfeita ao redor da casa e quando toco na maçaneta sinto minha pele da mão ser perfurada, a puxo com cuidado e então noto uma navalha quase imperceptível posicionada de forma muito inteligente na maçaneta. Merda. Alguém está aprontando algo. Isso não é coisa de uma pessoa inocente, muito menos de alguém amador. Logo me vem a memória a reunião de Gael com Heriberto, e começo a pensar que ele se aproveitou da nossa boa fé e desenvolveu uma armadilha para mim. Desgraçado.

Rasgo um pedaço da camiseta e enrolo em minha mão machucada, retirando com cuidado a navalha que noto estar enferrujada. Solto um leve rosnado, irritado com a audácia de quem preparou essa armadilha, enrolo a navalha e coloco dentro do bolso da calça, para caso seja necessário.

Depois disso abro a porta e entro na casa. Meu olhar varre todo o pequeno espaço a minha frente. Tudo é bem velho, mas sem sombra de dúvidas, alguém vive aqui. A disposição da mesa, os utensílios domésticos distribuídos em cima dela, a estante com alguns livros, e outra com alimentos deixam isso mais que evidente.

Passos acelerados, mas suaves se fazem ouvir por mim de repente, e pela distância deles, noto que a navalha foi a distração perfeita para me fazer baixar a guarda, meus instintos ficam em alerta quase que imediatamente, giro o corpo rapidamente para confrontar quem quer que seja, mas sou surpreendido quando alguém pula em cima de mim como se fosse um animal.

— Mas, que p... — tento falar, mas a intensidade do choque é tão grande que me desequilibra, me fazendo bater em um baque surdo contra a parede desgastada daquela casa.  

***

Espero que gostem de conhecer um pouco dos detalhes de como o Dário é, pois teremos contrastes interessantes no futuro. O próximo capítulo teremos esse encontro intenso, e sangrento... 

Venham comigo nessa loucura!

O Carniceiro (PAUSADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora