Cigarros

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 Eles estavam fodidos, no melhor dos casos.

 Nada parecia se encaixar, o estresse tomava conta do corpo de todos os membros daquela equipe disfuncional, o temor e o pavor estavam impregnados em suas veias e não ajudava o fato de terem uma criança com eles.

 A pequena Emi se remoia internamente por Lucie, foi a única que a protegeu e esteve em sua defesa após perder sua única família. Diego nunca poderia culpá-la, mesmo que seu peito gritasse para isso, sabia que não era o desejo de sua amiga, ela gostaria que ele protegesse a garota, estivesse ao lado dela igual fez em todas as oportunidades que teve, do mesmo modo que esteve do lado de Lucie, da mesma maneira que apesar das adversidades o hipster ajudou os outros, mesmo que ele não pudesse fazê-lo.

 Além do sentimento negativo que pulsava em seu coração, não ajudava o fato que Carol emitia em alto e bom tom que a garota iria os atrasar — Diego não concordava, pois concordar era dizer que Emi poderia ser deixada para morrer — e ambos os outros do grupo sempre jogavam de volta, dizendo que a cientista também era uma pedra no sapato, pois estava com a perna machucada, — o loiro não poderia concordar também, a ideia de mais mortes o fazia ter ânsias de vômito — e a cada discussão o barulho parecia incomodar ainda mais, a ficar cada vez mais alto e insuportável de ouvir.

 Diego ainda estava em luto, tudo oque olhava, toda a frase que falava, era pensando na melhor amiga que se foi.

 E apesar de tudo, ele não estava sozinho naquele sentimento, pois o estresse também tomava conta de Pete, o zelador achava toda a discussão inútil, por que escolher uma vítima? Ok, aquela criatura não era igual às que ele já enfrentou, suas balas não faziam efeito, mas era só eles calarem as porras de suas bocas e se esconderem até o perigo passar.

 Muitas ações de Pete e Diego estavam interligadas e isso seria óbvio para quem quisesse ver. Ambos ficaram em silêncio na maior parte do tempo em que o grupo andava e tentava sobreviver, falando apenas quando a palavra era direcionada a eles, — fazendo Benito provocar o zelador por seu silêncio suspeito, aqueles dois não se bicavam — ou tinham alguma dúvida específica. Pete apenas levantava a voz quando Diego demonstrava desconforto mediante as discussões frequentes, ocorrendo sempre quando Emi também demonstrava descontentamento.

 Em uma das várias brigas entre os membros, Emi acaba por se encolher e tampando os ouvidos, não querendo ouvir mais uma discussão por sua causa. Diego nota após alguns momentos o sofrimento da menina, apertando os olhos com um brilho suave, o peito apertava com a necessidade de querer proteger a criança, fazer o desejo de sua melhor amiga. Pete ao notar o sofrimento de seu salvador, se move, agarrando o mais gentil que pode a garota e a atirando para trás em direção ao loiro, enquanto eleva a voz:

 — Ok seus idiotas, parem com essa merda, não vai levar a nada — Pete rosna.

 — Não se mete careca! Por que você jogou a garota? — Benito aponta para trás dele — eu estava a protegendo!

 — Cala a porra da boca, vocês ficam se cutucando e brigando a todo minuto, isso não vai ajudar ninguém — Pete retruca o doutor.

 Assim que a garota sai do meio da discussão, Diego segura Emi em um abraço frouxo, direcionando sua cabeça para pressionar um dos ouvidos da mesma contra seu peito, se usufruindo de sua mão para tampar o outro, torcendo para que seus batimentos acelerados sejam o suficiente para que os próximos gritos não fossem ouvidos.

 A discussão a seguir foi curta, as farpas trocadas por Carol, Benito e Pete eram apenas frases desconexas, pois ninguém queria ouvir. Jeffrey e Luis permaneceram próximos e em silêncio na maior parte do tempo, mas se metiam no meio da discussão em alguns momentos.

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