Era 12 de dezembro de 2013 e o centro da cidade estava lotado. Milhares de pessoas estavam lá, algumas chorando, gritando e outras até rindo da reação das outras.
Esse tumulto em volta do centro estava ocorrendo por conta da inauguração do primeiro teatro da cidade.Por mais que eu quisesse estar lá, eu não pude. O trânsito estava um inferno e era quase impossível sair de casa, ainda mais por conta do quanto é perigoso entrar em multidões assim, muitos assaltos ocorrem e ficam em sigilo, justamente porque tem muita gente e barulho em volta para se notar o crime.
Pelo menos era assim que eu pensava.
Acompanhei a inauguração do teatro na tv de casa, e não demorou muito para que o jornal mostrasse a polícia impedindo brigas que estavam acontecendo por perto. Após alguns minutos, mudei de canal. Não gosto de ver pessoas brigando, ainda mais por uma razão tão boba como furar fila.
Talvez tenha sido uma boa escolha ficar em casa e esperar tudo isso acabar.No dia seguinte, saí da escola e passei direto na frente do teatro. Era tão lindo, parecia aquelas construções gregas antigas. Porém, não consegui ter uma visualização total dele por causa das pessoas. Nessa hora, me deu vontade de expulsar todo mundo de lá, afinal, quem ficaria parado em frente a um teatro que está fechado? Isso não faz sentido.
Passei reto e entrei em uma cafeteria. Nunca fui nela por preguiça, mas sempre fiquei de dar uma olhada.
Quando entrei, vi alguns caras num palco pequeno tocando jazz.Eu adoro jazz.
Me sentei em uma mesa próxima ao palco e observei a banda tocando. É um pouco constrangedor dizer isso, mas eu estava olhando diretamente para um deles. Ele tinha cabelos escuros e algumas tatuagens.
Ele era descolado.
Eu queria falar com ele, mas sempre tive o problema de ser tímida, principalmente com homens mais velhos.
Quem iria escutar uma garota de 17 anos que está no segundo ano do ensino médio? Eu sou considerada uma criança.
Mas aquilo não era relevante no momento. Olhei para a frente e tomei um susto ao ver que a garçonete era uma amiga antiga da minha mãe.
- Charlotte, você por aqui? Pensei que estivesse na escola. - Disse ela.
- Oi, Rosa! Engraçado, hoje foi meu último dia de aula. - Digo isso com um sorriso suave no rosto.
Rosa apenas me deu um sorriso um pouco falso e perguntou o que eu queria do cardápio. Pedi um chá, mas me arrependo. Eu deveria ter olhado com mais calma.