Capítulo 13

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—E como é namorar um fantasma? –Atsushi fazia perguntas, muitas perguntas, se mostrava curioso, mas se Chuuya não quisesse responder, ele não se importava e seguia para a próxima questão.

—Não estamos namorando... –Chuuya murmurou sério, atraindo os olhos castanhos do homem que andava ao seu lado. O ruivo estava entre um vivo e um morto. Os olhos azuis foram de encontro ao céu de mesma cor, o sol forte ainda não alcançando o topo. —mas é... não sei explicar, é interessante, estranho também, muito estranho. Só eu vejo e toco no Dazai, além disso ele é quase tão gelado quanto o próprio gelo. Mas eu gosto de ter conhecido ele, não gosto do fato de ver espíritos, mas gosto que, graças a isso, eu conheci ele.

—Há males que vêm para o bem. –Dazai citou, um sorriso frouxo nos lábios.

—Você nasceu com esse poder? –O albino indagou, jamais ouvira algo tão sem sentido como aquilo que Chuuya contava, e que ele próprio acabou vendo quando quase morreu.

—Não, mas não quero falar sobre isso. –Respondeu, a testa franzida mostrando o desconforto, sua mão enluvada puxando a aba do chapéu para baixo, escondendo seus olhos, seus sentimentos, suas dores e lembranças de todos.

—Tudo bem. –Afirmou compreensivo, pensando em sua próxima pergunta. —Há quanto tempo conhece o Dazai-san?

—Um pouco mais de uma semana. –Contou, sentindo as bochechas rosadas por ter se apaixonado por alguém em tão pouco tempo. —Mas eu só descobri que ele é um fantasma ontem. Na verdade, eu só descobri esse dom ontem. Nunca tinha percebido.

—Deve ter sido assustador. –Comentou baixinho, sentindo um calafrio.

—Talvez. –Murmurou pensativo, apertando um galho comprido e grosso que usava como sustento para não forçar o pé torcido. Sentiu a mão gelada tocar a sua livre, entrelaçando os dedos. Parecia querer distrair sua mente, e conseguiu.

Durante a noite, Dazai aproveitou que teria horas livres, enquanto os outros dois dormiam em segurança, para procurar algo específico: um apoio para Chuuya poder andar com mais facilidade, uma espécie de bengala.

E encontrou aquele galho. Firme, parecido com o formato de uma bengala, realmente.

Então, quando amanheceu, esperou o Nakahara acordar e o convenceu sobre usar algo para não forçar a torção mais do que já tinha forçado para salvar a vida de Atsushi.

Sendo assim, o ruivo aceitou, foi guiado por Dazai por entre a floresta ali perto, enquanto o Nakajima preparava o café da manhã.

Agora Chuuya usava aquele galho, não precisando mais ser carregado por um espírito.

Claro, o pé do ruivo já estava recuperado quase totalmente, mas Osamu achou melhor prevenir do que remediar.

—Você sabe se a cidade tá próxima? Lá é mesmo seguro? Estamos procurando os irmãos do Dazai-san, né? –Questionou ansioso, nunca se encontrara nessa situação em toda sua vida. Sempre conviveu apenas com sua mãe, os outros eram distantes. Também nunca havia saído de seu vilarejo.

—Acho que podemos chegar em quatro ou cinco dias. –Osamu respondeu, mil e um pensamentos rodeando sua mente. —E é seguro, sim. Tem uma organização lá que protege a cidade. A segurança marítima de lá é excelente. Por ser uma cidade portuária, poderia ser preocupante, já que poderia ser invadida pelo porto, mas foram espertos em se aprimorar justamente em sua fraqueza. O ponto fraco se tornou o ponto forte.

—Você fala demais, esqueceu que ele não consegue te ouvir? –Chuuya resmungou, revirando os olhos ao ouvir a risadinha do outro. —Dazai disse que devemos chegar em quatro ou cinco dias, e que lá é bem seguro. E, sim, estamos procurando os irmãos dele, que provavelmente estão lá.

Visão Fantasma-SoukokuOnde histórias criam vida. Descubra agora