36° Capítulo

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Joseph

Três dias para o casamento.

E agora que eu pensei sobre isso.

Eu conheci os pais da Katy, fui apresentado como o seu namorado. Falei por um breve momento com eles sobre o noivado, mas nunca foi uma conversa decente.

Então hoje minha tarefa era essa.

A mãe da Katy foi de manhã ajudar a minha mãe com algumas coisas do casamento. Falei com ela, mas a mesma disse que contando que eu faça sua filha feliz, tá ótimo.

-Amanhã você vai para a Itália, me mantém informado sobre tudo. - Falei para o loiro de olhos azuis que estava com uma AK-47 nas mãos.

-Come si desidera.

-Faz o que for possível.

Ele balança a cabeça concordando.

-E tu? Vai quando para a Itália resolver suas obrigações.

Os olhos azuis tão claros quanto as águas cristalinas de Maldivas me encaravam esperando por respostas.

-Eu estou muito ocupado com o casamento.

-Hm. - Ele me encara dos pés a cabeça - Lo ti conosco, Joseph.

-Mio Dio, Pedro. Quando qui tutto sarà risolto mi dedicherò di più agli affari in Italia.

-Você até se esqueceu de falar português.

-Eu estou ocupado, ok? Quando terminar de resolver as coisas por aqui, eu volto para a Itália.

-Vou acreditar em você.

-Pode acreditar, Pedro.

-Você está apreensivo. - Ele pega suas coisas - Vai lá olhar sua noiva.

Ele deu uma piscadela antes de sair.

Tenho que encarar Antônio Pierin.

Meu dedo pareceu ir em câmera lenta até a campainha.

Por que eu estou nervoso?

Ele apareceu com um pano jogado no ombro e uma colher de pau na mão esquerda.

-Joseph! - Ele me dá passagem - Como posso ajudá-lo?

-Bom dia senhor Pierin.

-Bom dia filho, algum problema? - Acompanhei ele até a cozinha - Você machucou a minha filha?

Ele me analisou e apontou a colher em minha direção.

-Não! - Levantei as mãos me rendendo - Eu não machuquei sua filha. E nem é a minha intenção fazer isso um dia.

-Então posso saber o motivo de você bater na minha porta? - Ele volta a mexer na panela - Oh, me desculpa se isso pareceu grosseiro da minha parte. Não queria falar isso.

-Tudo bem senhor Pierin.

-A por favor, só Antônio.

-Senhor, estou um pouco nervoso sobre estar aqui hoje.

Ele coloca uma mão em meu ombro e manda eu sentar no banco.

-Relaxa filho. Em alguns dias você vai casar com a minha filha, vai fazer parte da família. Na verdade, você já é. Eu me importo com ela e com as coisas que ela ama, e eu sei que ela ama você. Então pode me contar o que lhe aflige.

Eu odeio essa sensação.

Sei que sou um filho da puta frio e calculista que não se importa com nada além do filho. Mas enganar pessoas tão boas quanto os pais da Katy - e a própria Katy - é algo que me deixa com um pequeno aperto no peito.

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