𝐖𝐇𝐄𝐍 𝐈𝐍 𝟏𝟗𝟗𝟗 ✦ 𝗋𝗒𝗎𝗅𝗂𝖺

when in 1999 - único

-— Para onde estamos indo? - Pergunta Lia, mais uma vez — Responda, Ryujin! Para onde?

Ryujin ri abafado.

— Para longe daqui - Ela responde, apontando com a cabeça para a casa da família de Lia, cada vez mais pequena conforme o carro acelera.

— Isso não é claro - Lia cai no banco da frente e bufa, o que faz Ryujin rir.

— Você confia em mim, não confia? - Pergunta a motorista.

— Sim... quer dizer, óbvio - Responde Lia.

— Então fica tranquila. Vai ser algo legal, eu prometo.

— Tá...

Após algum tempo, Ryujin estaciona.

— Uma praia, Jin? - Pergunta Lia, um pouco confusa.

— Você já foi em uma praia? - Ryujin abre a porta para sair do carro.

Lia olha para baixo, constrangida e sai do carro também.

Ryujin tranca o veículo e ajusta os óculos de sol no rosto, indicando para Lia a seguir para a areia. As duas começam a andar lentamente, lado a lado.

— Não vai pegar a minha mão? - Pergunta Ryujin — Não tem ninguém por perto.

Lia timidamente pega a mão da garota, ainda hesitante.

As duas seguem até um guarda sol abandonado, esquecido na beira da praia. Ryujin se senta embaixo da sombra, indicando Lia a fazer o mesmo, enquanto olham para o mar azul.

Lia relaxa as pálpebras quando sente o vento gelado bater em seu rosto. Um sorriso suave é formado, sentindo a brisa do mar. Ryujin acha aquilo muito fofo, e se inclina para beijar a garota.

— Ei! - Diz Lia, corada.

Ryujin ri.

— Você estava muito fofa, Jisu...

— É Lia! A Jisu já morreu faz tempo.

Ryujin abraça a menor, fazendo-a encostar a cabeça em seu ombro. Os óculos de sol brancos caem levemente sobre o cabelo de Lia, tornando tudo o mais bagunçado, porém o mais amoroso possível.

— Eu tô tão aliviada, Jin - Lia diz depois de algum tempo em silêncio.

— Eu sabia - Ryujin cantarola.

Lia solta uma risada.

— Você sabia?

— Sim, sabia que você não ia mais aguentar viver naquele lugar.

Lia se afasta um pouco da namorada. Ela encara as ondas do mar batendo na beira e suspira. Estava aliviada, porém muitas dúvidas ainda surgiam a cada segundo em sua cabeça. Após algum tempo, Lia pergunta:

— Como a gente vai ficar?

— Como a gente vai ficar? - Responde a maior — Bem, aí são outros quinhentos - Ryujin apoia seu peso sobre seus braços e ajusta o óculos de sol.

— É sério, Ryu.

— Eu sei que é.

— Mas então? Como a gente vai ficar? Quem acolheria duas jovens lésbicas hoje em dia?

— Não sei.

Lia olha para Ryujin, preocupada.

— A verdade, - Diz Ryujin — é que eu não sei como a gente vai ficar. Porém quanto mais longe da nossa família melhor.

— Mas...

— Você não acha?

Lia olha para baixo.

— Mas como...

— Como a gente vai ficar? - Pergunta Ryujin, sarcástica — Juntas.

Ryujin se aproxima e encosta seus lábios nos de Lia. O dia ensolarado, a brisa do mar batendo em seus rostos. Suas línguas dançavam conforme a necessidade reprimida de muito tempo, o amor florescendo em meio às dificuldades que as cercavam.

Naquele dia em 1999, seria marcado como o dia que duas almas gêmeas se juntaram, sem medo, até o fim de seus dias.

Tudo ficaria bem.

Porque elas estavam juntas.