One life

Wast of time

Para meus pais, seguir a carreira dos meus sonhos jamais fora uma boa ideia. Seria legal dizer que ainda assim, tenho o apoio deles. Infelizmente, é o contrário. Perdi as contas de quantas vezes fui dormir chorando. Não por ser difícil iniciar na carreira de atriz, não por dificilmente conseguir papéis, não por interpretar papéis nos quais tenho zero interesse, apenas pela experiência e dinheiro. Mas por frequentemente ter que lidar com a falta de apoio dos meus pais, da falta de interesse deles a respeito de assistir as peças de teatro nas quais participo, ou então o desinteresse nos pequenos comerciais e pequenas participações em filmes.

Tenho a plena consciência de que nunca fui protagonista de um filme, de uma série ou novela. Entretanto, meus pais agem como se eu nunca tivesse conseguido algo.

   Hoje, após o almoço, estava ensaiando para mais uma peça de teatro quando minha mãe entrou no meu quarto, apenas para dizer o quão ela achava que eu estava desperdiçando meu tempo. Era a terceira vez na semana que ela vinha dar palpites nos quais não pedi, e o fim de semana sequer chegou.

   Desta vez, ao invés de desabar em choro, guardei tudo o que precisava dentro de uma ecobag e pedi a um amigo que me levasse à praia mais próxima. Assim ele o fez, além de me oferecer companhia. No fundo, eu sabia que precisava mesmo de alguém para me fazer companhia, mas também sabia que ele tinha mais o que fazer. E pensando nisso, usei da desculpa de que precisava ficar sozinha. Ele logo então partiu.

Suspirei fundo assistindo ele desaparecer, e apesar de estar me sentindo levemente para baixo, não demoro a me entusiasmar lendo o livro no qual devo estudar para a peça. Fico animada me imaginando a atuar como uma médica extremamente séria. Totalmente o oposto de quem sou.

— O que drogas vocês estão fazendo? — Desfaço as pernas de índio, me levantando de maneira ágil e gesticulando quase tão rápido quanto. — Vão matar o paciente deste jeito!