— Está bisbilhotando? — digo quando vejo a ruiva quase desvendando a caixa que se encontra sob o lençol. Então em passos rápidos me ponho diante de seus olhos e sem pensar duas vezes devolvi a caixa no seu devido lugar.
A garota me encara meio sem reação, como se fosse uma criança que acabou de ser pega no flagra aprontando. E ela está aprontando mesmo, mexendo em coisas que deve deixar quieto. Passou as mãos nos fios alaranjados e descansou os ombros à medida que levantou uma pequena foto. Droga! A foto.
— Eu guardo várias fotos, as dos campeonatos, viagens em família, passeios escolares... — tento me justificar ao máximo para o pior dos cenários não invadir a sua mente, como usar a foto para choramingar por de certa forma está perdendo-a, mesmo sabendo que não perco nada. Eu costumo ganhar em tudo, pois sempre dou o meu melhor. Foi exatamente o ensinamento mais importante que o meu primeiro treinador me deu, quando disse que para ganhar, coloque tudo em jogo, coloque todas as jogadas, não desista quando pensar que o jogo está no final, pois ele sempre pode virar.
Liam que tente, mas ele não vai ganhar nessa nem fudendo. Uma parte de Emma ainda se encontra presa a mim, e o seu olhar quando me fita ainda brilha do mesmo modo que brilhou a mais ou menos sete anos ao instante que se inclinou para que seus lábios alcance os meus. Naquela noite de Natal... Naquele parque...
— Entendi... — balança a cabeça e desvia a visão para baixo, quebrando o nosso contato, e eu quase bufo por isso, pois as suas íris me trazem uma sensação tão única que se torna uma mistura de desejo, pureza, atormento e paz ao mesmo. A minha pele ferve e eu acabo ficando sem jeito. Além disso, a cada conversa que temos, o receio se torna presente, pois a qualquer minuto a garota pode lembrar de algo do passado e iniciarmos mais uma discussão.
— Não ia ao banheiro? — questiono, levantando as sobrancelhas e saindo de sua passagem para a ida ao banheiro.
— Sim, eu estou indo — confirmou e ao passar ao meu lado, o odor de rosas voou em direção ao meu olfato e foi quase impossível disfarçar o respiro profundo e os dedos cravados nas palmas da mão para não lhe agarra-la pela cintura e jogá-la na cama e finalmente sentir aquele cheiro ao passar a ponta do meu nariz por cada centímetro dela. Seria tão fácil. Bastava estender o meu braço esquerdo e puxá-la para mim. Porém, Emma continuou a sua caminhada e entrou no banheiro, acabando com a minha imaginação e o delicioso cheiro que eu sentia.
Após alguns segundos, depois de me recuperar da hipinose que essa garota me fez, ligeiramente pego a caixa e jogo debaixo da cama e depois verifico se tem mais alguma foto nossa pelo quarto, então, olho para a minha escrivaninha, depois para os armários, e percebo que esta tudo limpo, porém, essa verificação custou alguns minutos, pois quando fecho a ultima gaveta rapidamente, a porta do banheiro se abre.
— Calma, eu não vou roubar nada seu — ouço a voz leve de Emma e imediatamente organizo a minha posição.
— Por que você me coloca como um vilão em tudo? Está forçando a sua mente a me odiar, já que o seu coração não consegue? — avanço alguns passos a sua frente.
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Não Somos Irmãos
Fiksi RemajaEmma, aos 10 anos de idade, nutre sentimentos pelo filho da melhor amiga de sua mãe. Porém, o mesmo a rejeita na época, por considera-la uma irmã. Eles crescem no meio de muitas brigas e confusões, até que Emma começa a sair e conhecer outros garot...