Veneno carmesim

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Mesmo que o mundo seja cruel, eu te amarei com todo meu coração

Mesmo se eu sacrificar tudo, sempre serei o único a protegê-lo

Mesmo se eu estiver cometendo um erro, não duvide de mim mesmo

(Akuma no ko - Ai Higuchi)

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Todas as pessoas são compostas de luz e trevas, menos Albafica. Ele era luz, trevas e veneno. Ele feria as pessoas sem querer, era um assassino por reflexo. E as pessoas o temiam.

Alexia o temeria.

Não foi um esforço se afastar daquele pesadelo, afinal um cavaleiro de ouro pode se mover na velocidade da luz. E assim, em minutos ele estava escondido, isolado no topo de sua torre, enclausurado como deveria ficar. Sozinho na casa de Peixes. Não queria ver o que sabia que aconteceria, aqueles olhares assustados sobre ele, os murmúrios: "monstro", "isso é um cavaleiro de Atena?", "ele devia nos proteger!".

Alexia não pôde acompanhá-lo, por óbvio. Ficou para trás, atordoada e com a garganta ardendo de tanto gritar para que ele a esperasse. Manigold, Selinsa e Giocca vieram ao seu encontro, há alguns metros da taverna.

– O que aconteceu? Vocês saíram correndo e a taverna ficou uma bagunça de repente. – a rainha era a mais sóbria do trio. Selinsa dava nó nas próprias pernas e Manigold ria tentando ajudá-la.

– Albafica... ele foi me defender e... – Alexia estava claramente desnorteada – Lucca o atacou, Albafica se cortou...

Essas palavras viraram uma chave no cérebro entorpecido de Manigold, e de um minuto para o outro, ele estava estranhamente sóbrio.

– Como é? Albafica sangrou, por acaso?

Com uma expressão assombrada, Alexia fez que sim.

– Puta que pariu. – xingou o cavaleiro, e até Selinsa havia parado de rir, ao entender a gravidade da situação – Fiquem aqui e não entrem na taverna até eu dizer o contrário.

– Espera aí, o que tá acontecendo? – grita Alexia, e ia seguir Manigold, se não fosse impedida por Giocca – Deixa eu ir lá!

– É melhor você ficar. – diz ela.

– Mas é meu mestre... o que ele fez para Manigold ficar tão assustado? Caramba, ele ficou sóbrio de um minuto pro outro!

– Alexia, eu acho que você não tem noção... – começa Selinsa, falando devagar para que suas palavras saíssem corretas e coesas – Do quão perigoso é o sangue de Albafica. Se respingou na taverna, as pessoas podem estar em perigo.

– Não pode ser tanto assim! Ele não me faz mal...

– Você é excepcional – interrompe a veterana, se embaralhando na última palavra – Mas estou nesse Santuário desde criança. Eu já ouvi muitas coisas... histórias tristes, acidentes... – a voz de Selinsa morre na garganta.

– Então me conta!

– Eu não acho que sou eu quem deve tocar nesses assuntos.

Alexia percebeu que as pessoas estavam saindo da Taverna. Ela precisava saber o que havia acontecido, quem sabe até dar uns murros naquele cretino do Lucca, que armou todo aquele escarcéu. Correu, e dessa vez foi acompanhada por suas amigas, que também queriam entender o que estava acontecendo.

Gaia estava parada na porta, com as mãos nas ancas largas e um olhar nada agradável ao ver todos os seus clientes indo embora.

– Nós fechamos por hoje. – ralhou ao ver as três se aproximando.

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