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Meses antes.

Ouço um carro buzinando repetidamente em frente de casa, sim, eu estava atrasada, mas a Mariah não prescisava fazer tanto barulho.
Pego minha mochila no meu quarto e desço as escadas vestindo um braço no casaco e depois o outro braço. Tranco a porta de casa e entro com pressa no carro da minha amiga.

— bom dia, Oliviazinha
Mariah diz enquanto meche no celular, dou uma espiada na tela e vejo as horas.

— são nem seis e cinquenta, não acredito que você me apressou atoa, dava para comer uma maçã ainda.

— calma amiga, eu passo no Starbucks e compro alguma coisa pra gente, eu também não tomei café, vamos?

— pode ser.

Ela da partida ao carro e ligo o rádio com o bluetooth do meu celular.

— sexta tem uma festa na casa do Bruno e ja confirmei a nossa presença, ta? Um gatinho que troco mensagem vai estar lá e não posso perder essa oportunidade.

— e eu falei que quero ir?

— mas é claro que você vai! Eu te empresto aquele vestido que comprei com você terça passada, o que acha?

— vou pensar...

— pensa com carinho, você sabe como eu quero um beijo daquele garoto!

— mas é qual deles que você está falando? O Henrique?

— Henrique? Não, o Davi, lembra dele?

— acho que sim.
Minto.

Ela estaciona no estacionamento do Starbucks e saimos do carro, quando abro a porta da cafeteria e descubro o motivo da Mariah me apressar tanto. Assim que entramos ela olha para mim e abre um sorriso largo, que quer dizer "agora você sabe porquê pegamos um caminho mais longo para escola para tomar um café". Um garoto provavelmente o número 8 da Mariah estava lá, sentado numa mesa sozinho sorrindo para ela, claro que não foi por acaso.

— vai lá no seu namorado que eu peço nossos cafés, mas vai rápido.

— sim, sim, não vou demorar aqui.
Ela vai até a mesa do garoto e eu vou até a bancada pedir os cafés, quando eu pego os dois copos grandes e vou até os dois.

— oi...henr-

— Higor! O nome dele é Higor, e Higor, essa é a Olivia, minha amiga.
Mariah me interrompe antes que eu fale o nome do outro ficante dela, dou aperto de mão no garoto e um sorriso amarelo.

— amiga, eu vou para o carro, não demore muito por favor.
me aproximo do ouvido dela e sussurro.

— ta bom, ja vou indo daqui a pouco.

Saio da cafeteria e entro no carro sentando no banco do carona e começo a tomar o meu café, em questão de minutos, Mariah e o garoto saem de mão dadas pela porta do café e vão para a lateral do estabelecimento, quero nem imaginar o que vão fazer lá.

Faltava uns dois dedos de café para eu terminar o copo e o casal volta do cantinho que eles arrumaram para se pegarem, o garoto acompanha ela até o nosso carro e ela se despede com mais um beijo intenso, suspiro e abro a janela em que eles estavam encostados fazendo eles pararem o beijo e olhar para dentro do carro.

— desculpa atrapalhar vocês, mas já são sete e dez, se quiser ir para escola hoje a gente tem que ir agora

— tem razão amiga. Tchau, vê se não some hein.
Mariah diz e o garoto da um abraço nela.

— não vou, até mais, gatinha.

Ele abre a porta do lado do motorista para ela, e ela entra no carro. Saimos do estacionamento e entramos na estrada em direção a escola.

...

Passo pelos corredores longos e vazios da escola com pressa para pegar meus livros no armário e subo as escadas até o terceiro andar torcendo para que o professor me deixe assistir a aula, chego em frente a sala de aula e vejo pelo vidro da janela todos os meus colegas copiando o que o professor estava escrevendo no quadro branco, Anne, minha melhor amiga, olha para mim de dentro com um olhar confuso e abro a porta entrando na sala, todos os olhares vem de encontro a mim.

— bom dia professor, eu posso ficar e assistir a aula?

— bom dia Olivia, cheque o relógio e me fale você se pode ou não.

O professor fala num tom sarcástico me fazendo querer desistir da primeira aula, pego meu celular do bolso e ligo para ver a hora, eram sete e dezoito.

— como estou de bom humor hoje, não vou fazer ocorrência do atraso, mas a primeira aula a senhorita não vai poder assistir.

— okay professor, estou saindo.

Antes de fechar a porta olho para Anna novamente e ela gesticula com a boca " o que aconteceu?" E eu a respondo da mesma maneira "relaxa, não é nada", fecho a porta e volto para o primeiro andar da escola sem pressa.

Vou para a pátio da entrada da escola, onde tinha uns colegas que provavelmente estão matando a primeira aula, lá encontro uma colega de biologia, Mirela, que estava com duas amigas, como estava sozinha, fui até elas.

— ei, estão matando aula ou chegaram atrasadas?
Sento no banco perto da Mirela.

— é geografia, zero vontade de assistir aquele professor hoje, e você?

— atrasada mesmo.

Elas continuam conversando entre sí sobre como geografia é um saco, enquanto olho para quadra da escola, vejo uns garotos jogando bola e um pequeno sorriso abre no meu rosto, Lucas, o garoto que tenho uma quedinha desde o começo do ano letivo estava lá, com a camisa colada do corpo de tanto suor, jogando bola como uma criança atentada, ja o observei tanto que sei o jeito que ele joga, os passes favoritos e como quando ele fica no gol ele não consegue ficar quieto na trave, como hoje, provavelmente ele esta como goleiro, mas estava correndo pela outra metade da quadra.

Fico observando o jogo de longe até encerrar, eu nem vi as horas passarem, mas faltava cinco minutos para bater o sinal para segunda aula, alguns alunos já levantaram para entrar, eu fiquei com as meninas conversando, na verdade estava enrolando para poder entrar junto com o terceiro ano que estava na educação física.
E passa na minha frente, sacudindo o cabelo molhado de suor com a mão, Lucas com mais três amigos, indo para o vestuário, ele estava conversando com os meninos, e quando percebe que eu estava ali ele para de andar.

— Olivia!?
Me levanto do banco mas fico paralisada em pé, disfarçando um sorriso por ele ter me notado.

— Lucas... e ai?

— o que está fazendo aqui? Matando aula? Que coisa feia hein.

— matando aula? Não! Eu não mato aula... você sabe disso.

— sei sei... só gosta de dar umas voltinhas pela escola né.
Ele vem tentando fazer cócegas na minha barriga.

— ei, distância, você está todo suado.

— jura? Isso aqui é suor?
Ele tenta encostar sua bochecha no meu ombro e o afasto com a mão.

— mas e ai? Perdeu o horário hoje?
Antes de responder ele, o sinal da escola toca bem alto, e passa na nossa frente, Josi, fazendo o Lucas acompanha- la com o olhar até ela sair do pátio, e eu, esperei ele terminar de olhar a garota.

— não perdi, mas se ficar aqui mais um minuto eu vou perder mais uma aula, então vou indo...

— entendi, eu vou indo também, não para dentro, para o vestiário, você sabe, tomar um banho.

— sei... tchau Lucas

— tchau tchau.

Como Tudo Deve SerOnde histórias criam vida. Descubra agora