Bocejando, dividi o caminho até a escola entre tropeçar em meus próprios pés, e me arrastar como uma lesma até os portões. Ao mesmo tempo em que estava sonolenta, - culpa das horas perdidas de sono folheando páginas inteiras de conteúdos escolares - estava focada como nunca para o primeiro dia daquela semana exaustiva de provas. Nos corredores, a agitação matinal havia dado lugar para rostos apreensivos, unhas sendo roídas e pernas trêmulas. Para todos nós, as provas eram como uma serra elétrica e nós, os habitantes da casa abandonada, que sempre eram vítimas desses filmes de terror.
— A revolução Meiji terminou com o sistema feudal de 256 anos... — Disparei, sentindo um leve esfregar no topo da minha cabeça, que serviu para me despertar do meu transe. Ouvindo uma risada abafada, virei na direção do som, encontrando Aono.
— Caramba. Você tá parecendo aquelas bonecas que falam quando a gente aperta o botão. As provas estão te consumindo tanto assim?
— Não tem graça. — Inflei as bochechas, passando os dedos entre os fios de cabelo, consertando a bagunça que o garoto havia feito. — Você também deveria estar assim.
— Eu estou. Espera, de qual prova estamos falando mesmo?
Cruzei os braços, e estreitei os olhos ao vê-lo tão relaxado. Vendo a minha expressão, o garoto balançava a cabeça em negação, levando os dedos até a minha bochecha.
— Relaxa, Jones. — Tranquilizou ele, apertando a pele. Murmurei um “aí” contido, que ajudou a intensificar a sua expressão divertida. — Não tem como ser tão ruim assim.
Sim, teria. Aquela seria a primeira experiência em que o meu conhecimento seria levado ao extremo. E estando no corpo de alguém que representava o afinco dos estudantes da Hachi, acho que eu não estava em condições de estar tão aliviada.
— Não esqueça da nossa aposta. — Notando aquele menear de cabeça típico, continuei, apontando para ele. — Aquela aposta. Se você ficar no top 150, pode pedir o que quiser.
— Já falei que não estou interessado nas suas maquiagens.
— Aono! — Insisti, no mesmo momento em que braços me agarraram, envolvendo o meu corpo. Kaori e Keiko cheiravam a creme hidrante de chiclete e algo mais, que lembrava tutti-frutti. Sentindo o mesmo aroma, Aono revirava os olhos, e mesmo que não tenha dito nada, sabia que ele estava querendo dizer “patricinhas”.
— A gente perdeu alguma coisa? — Envolvendo os braços em meu pescoço, Kaori se recusava a me largar. Segundo ela, minha pele era muito macia e naquele momento, senti que os minutos diários de skin care valiam a pena.
— A gente só estava conversando sobre as provas e o fato dele ser um péssimo estudante. — Estalei os lábios, notando o claro desinteresse do garoto em rebater.
— Eu só quero passar por tudo isso logo. — Keiko bocejava. — A gente ainda tem algum tempo pra estudar?
— Na prova do Nachi-sensei? — Rindo, Kaori andava ao nosso lado conforme seguíamos para a sala de aula. — A gente tem que agradecer se ele estiver disposto a nos dar tempo para pensar.
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Minha Nova Vida Sendo a Estrangeira
Fanfiction"Essa não é uma história típica dos contos de fadas. Troque a maçã envenenada por uma tentadora taça de vinho. A bruxa maléfica, por uma donzela da sociedade. E o mais importante: a mocinha não é a personagem principal. Até agora." Emilli não acorda...