Steven
— Não acredito nisso, cara. O treinador vai comer teu fígado — o Tyler reclama e me encara de braços cruzados, balançando a cabeça de um lado para o outro.
— Dá pra parar de gritar, caralho? — reclamo e coloco o braço sobre o rosto para barrar a claridade.
Eu deveria ter ido direto para o meu quarto e não deitado debaixo de uma árvore no campus, pois, agora, o sol está pegando direto nos meus olhos.
— Eu não gritei, Ste. — Pelo seu tom de voz, já o imagino revirando os olhos para mim. — Levanta daí. — Chuta meu pé para reforçar o que acabou de me pedir.
— Vai pra sua aula e me deixa em paz. — Continuo onde estou.
— Você também precisa ir. — Dá outro chute no meu pé e eu me controlo para não me levantar e dar um soco no meu melhor amigo.
— Sabe muito bem que consigo tirar boas notas mesmo faltando — rebato sem me mexer.
— Sim, só tá se esquecendo do que o treinador te avisou. Ele vai te colocar no banco se continuar faltando as aulas e enchendo a cara nas festas — alerta.
— Ele não é maluco. Não vai querer perder o melhor jogador do time — gabo-me.
— Sabe o que eu acho? Que você está abusando da sorte — responde a própria pergunta. — Tomara que as formigas passem pela sua roupa e entrem no seu... — Não termina a frase.
— Desculpa — a garota que acabou de cair em cima de mim me pede sem graça e tenta se levantar. — Desculpa.
— Não tão rápido, docinho. — Seguro em sua cintura. — Se queria ter um momento comigo, era só pedir. — Arqueio a sobrancelha para ela.
— Seu idiota, me solta. — Empurra meu peito e se levanta.
— Eu sou idiota? — Levanto-me também. — Você se joga em cima de mim e ainda me chama de idiota? Sabe com que está falando?
— Com um babaca que se acha demais — responde de nariz em pé. — E eu não me joguei droga nenhuma. Eu caí. Se você não estivesse deitado no meio do caminho, isso não teria acontecido — diz recolhendo seus livros espalhados pelo chão.
— Vê se presta mais atenção da próxima vez — grito quando começa a se afastar de mim e ela levanta o dedo do meio sem olhar para trás.
— Gostei dela. — Ouço o Tyler falar ao meu lado e o fuzilo com o olhar.
— Vai se foder — irrito-me.
— O que foi? — questiona prendendo o sorriso. — Ela arranhou o seu ego? — debocha.
— Tenho todas as garotas desse campus a minha disposição. — Ele bate no meu ombro com o seu.
— Nem todas, pelo jeito — provoca-me.
— Como se eu quisesse. Além de desastrada, não é bonita como as que costumo levar pra cama.
— Melhor parar de beber o mais rápido possível, Ste. O álcool tá afetando a sua visão.
— Será que você não tem mais nada pra fazer? Tirou a porra do dia pra me irritar, caralho — explodo. — Sua aula não tá começando?
— A nossa, você quer dizer — aponta e se vira para mim, andando de costas. — Tem certeza de que está tudo bem? — Franze o cenho. — Tô achando que ela bateu na sua cabeça ou algo assim.
— Do que você tá falando? — Bufo, pois sei que vai falar alguma merda.
— De você. — Dá de ombros. — Estava lá, jogado no chão e não queria se levantar. Agora tá indo pra aula. A queda dela curou sua ressaca? — pergunta se controlando para não rir e eu dou uma gravata em seu pescoço.
— Vamos pra aula antes que eu desista e vá pro meu quarto, seu babaca. — Sigo ao lado dele, com o braço por cima dos seus ombros e bagunço seu cabelo.
****
— Por hoje é só — o treinador avisa e todos param o que estão fazendo e caminham para o vestiário. — Você fica, Steven. — Bufo contrariado e me viro em sua direção.
— Boa sorte — Tyler fala baixo passando por mim e dá um soco fraco no meu braço.
— Pode falar, treinador. — Paro de frente para ele.
— Chegou ao meu conhecimento que você estava na festa de ontem — começa e eu arqueio a sobrancelha para ele.
— Não sabia que minha vida pessoal era da sua conta — respondo petulante.
— A partir do momento que suas atitudes estão atingindo o time, isso me diz respeito. Seu rendimento está caindo — acusa.
— Continuo dando a vitória ao time — digo com raiva.
— Até quando? Porque seu treino hoje é uma prova de que já não é mais o mesmo. É melhor deixar as festas de lado — alerta, como já tinha feito antes.
— Era só isso? — Ameaço seguir para o vestiário e ele volta a falar.
— Estou falando sério, Steven. É a última vez que te aviso. Se não parar com essas farras, vou te tirar do time. — Travo o maxilar. — Essa vida de festas e bebidas não é para um atleta do seu nível. Você tem tudo pra dar certo, mas está cometendo muitos erros.
— Sou o seu melhor jogador. Você não conseguiria outro pra me substituir — Sorrio com escárnio. — Se me tirar, sabe que vai sair perdendo mais do que eu.
— Não só posso te substituir, como vou. Os patrocinadores já estão cobrando da diretoria. Não querem seus nomes ligados a alguém com uma fama como a sua. — Arqueia a sobrancelha para mim.
— Acabou? — Encaro-o com os olhos faiscando em sua direção e ele acena com a cabeça em acordo.
— Pensa no que te falei. — Viro-me e não fico para ouvir mais nada.
Entro no vestiário e soco a porta do armário. Os caras me olham espantados, mas não dizem nada, pois sabem bem que não devem me provocar quando estou irritado.
— O que foi, cara? — O único com coragem para se aproximar é o Tyler.
— Aquele babaca não sabe com quem tá falando — falo espumando de raiva e soco a parede.
— Para com essa merda. Vai acabar machucando a mão. — Empurra-me até o banco. — O que o treinador queria contigo? — volta a perguntar.
— Me ameaçar dizendo que os patrocinadores mequerem fora do time. Ele só se esqueceu de um detalhe. — Olha-me confuso e douum sorriso. — Meu pai é o principal deles.
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Uma mentirinha de nada - Degustação (Livro completo na Amazon)
RomanceSinopse Steven Campbell se acha o dono do mundo. Ser o melhor jogador do time universitário de basquete e filho de um dos homens mais ricos do estado da Carolina do Norte o deixam com ainda mais certeza disso. O fato de ter as garotas da universida...