Capítulo 05 - Encontro Sangrento

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Dirijo para casa me sentindo levemente desorientada minhas mãos suam e tremem, seguro o volante com cada vez mais força para tentar controlar o tremor involuntário

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Dirijo para casa me sentindo levemente desorientada minhas mãos suam e tremem, seguro o volante com cada vez mais força para tentar controlar o tremor involuntário.

As lágrimas escorrem para dentro de novo, a minha alma seca não me permite expressar minha dor e minha humilhação. O caminho de volta ainda está escurecido, tão escurecido quanto a minha alma. Matei quatro homens hoje, e nem ao menos remorso eu consigo sentir, pelo contrário, eu sinto raiva, tanta raiva. Sinto ódio por não poder tê-los matado de forma mais lenta e dolorosa. Antes mesmo de seus corpos serem consumidos pelas chamas, eles desmaiarão e morrerão asfixiados. Uma morte curta e rápida, desesperadora, mas muito mais rápida do que o tempo que fiquei com eles.

Bato contra o volante sentindo o ódio me consumir quando os pensamentos sobre as minhas decisões começam a me confrontar. Eu vivo de forma miserável, preciso oferecer meu corpo em troca de comida para sustentar o meu filho, que está crescendo e logo não terei como mantê-lo contido naquele lugar. Chegará uma hora que ele vai querer sair, chegará um momento que só eu não serei o suficiente para ele. Chegará um momento que eu não vou mais suportar viver da forma que estou vivendo.

Freio o carro de súbito. Uma sensação de desespero apavorante começa a consumir o meu corpo como se mãos invisíveis me tocassem por todo a extensão de pele que me cobre. Fecho os olhos tentando concentrar a minha respiração, tentando encontrar o ponto de equilíbrio frágil e estreito que tenho me mantido apoiada nos últimos três anos. Não sei exatamente quanto tempo se passa, mas quando consigo minimamente me recompor, ligo novamente o carro e sigo em direção ao complexo.

Vejo a distância o muro desgastado e sigo em direção a ele, sentindo toda a minha vontade de viver escoando como água suja pelo ralo. Seria tão mais fácil desistir... Seria tão fácil desistir se ele não...

— Oh meu Deus! Oh meu Deus! Oh meu Deus! — as palavras saem aceleradas, quase desconexas, exatamente como o medo que eu sinto. Como eles me encontraram? — Emílio, não. — Falo em um sussurro, já saindo do carro com a faca dobrável que carrego no porta luvas. Sigo a passos suaves para o carro preto estacionado na porta de onde eu moro. Noto que o mesmo está vazio. Meu coração se aperta ainda mais. Olho ao redor em buscar de pessoas a espreita, mas não consigo ver nada.

Provavelmente estão me vigiando agora, penso, mas a certeza de que não posso simplesmente ir embora e deixar Emílio para trás me faz tentar racionalizar a situação e pensar em uma solução rápida para pegar meu filho e fugir. Refaço mentalmente a rota de fuga que planejei ao longo do tempo, e em questão de segundos eu consigo nos visualizar pegando o barco e indo para o outro lado do mundo.

Sigo a pé, para evitar que o som do carro chame a atenção de quem quer que seja que está aí. Ando com cautela, olhando para todos os lados até chegar próximo a pracinha que serve de playground para o meu filho. O caminho parece o mesmo de quando eu saí, mas o desespero que sinto me faz acreditar que existe pelo menos uns cem homens aqui.

O Carniceiro (PAUSADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora