Momento

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Estava uma agradável noite de verão. As cigarras entoavam as suas melodias ao longe. Uma leve brisa cruzava o campo. Sob o luar, Rosa e Júlio estavam deitados numa espreguiçadeira, abraçados um ao outro, no jardim das traseiras da casa. Os dois vislumbravam o manto de estrelas no céu. O campo tinha isso de magnífico. Na cidade, devido à imensa luz, não tinham aquele momento único.

- Como está lindo o céu hoje. - disse Rosa.

- Ficaria aqui para sempre, assim. Tu e eu. Abraçado a ti. Esta noite, presta-me duas visões únicas de beleza. Tu e este composto celestial magnífico. Nunca me cansarei disto. É pena as nossas férias serem de curta duração. É pena não podermos eternizar este momento. Poderia ser feliz, assim, neste lugar, ao teu lado para sempre.

Júlio passou a sua mão pelos cabelos dela. Beijou a sua têmpora. Ela olhou-o.

- Cada vez que falas assim, fico ainda mais apaixonada por ti. Para um empreiteiro até tens um vocabulário bastante erudito. E sabes usá-lo para me iludir e seduzir.

- A culpa é tua. Como marido e ajudante de uma futura escritora de sucesso, tenho de conhecer todas as palavras do dicionário, para te apoiar. Não seria digno de mim, ser um completo ignorante.

Rosa deu uma risada.

- Quem me dera. Sou uma professora normal. Talvez um dia, com todos os pequenos textos que escrevi até então, consiga publicar algo. Ou talvez, neste sítio mágico, consiga escrever algo digno de se ler e ficar eterno nas bibliotecas. Aqui, seria o ideal para projetar um excelente romance. E contigo a meu lado seria magnífico.

- Mas adoro ler o que escreves. E adoro como ficas quando escreves. Toda aquela concentração, dá-te um brilho diferente. Ficas linda. Pareces-te como uma ninfa.

A mão dele deixou o seu cabelo e deslizou pela sua face, pescoço, peito. Provocou um arrepio nela. Um espasmo no corpo foi sentido e saiu um gemido de prazer, não contido.

Ele levantou-se. Tirou os calções, a única coisa que tinha vestida e mergulhou na piscina à sua frente.

Ela olhou-o. Ele, provocantemente, acenou-lhe de dentro de água, chamando-a. Ela aceitou a provocação, levantou-se, despiu o biquíni e mergulhou, também na piscina. Foi ao seu encontro. Os dois beijaram-se ardentemente.

Na manhã seguinte, Júlio levantou-se cedo. A luz do sol já penetrava pelas janelas, iluminando todo o espaço. Preparou o café da manhã. Estava a preparar um suco de laranja assim como, algumas torradas. Colocou tudo na mesa da cozinha. Entretanto, foi ao quarto e verificou Rosa, que continuava a dormir. Abriu as cortinas da sacada para a luz entrar. Aproximou-se do fundo da cama. Dobrou-se e deslizou pela cama adiante. Rosa estava deitada virada para o lado. O seu corpo bronzeado estava unicamente tapado pelo lençol. Ele aconchegou-se por trás dela e abraçou-a.

- Bom dia, minha flor - sussurrou-lhe ao ouvido, desviando os seus cabelos da cor de ébano.

Ela abriu os olhos, ainda sonolenta. Sorriu. Fechou os olhos, de novo.

- Toca a acordar, bela adormecida.

Ela espreguiçou-se vagarosamente, enquanto se tentava voltar de barriga para cima. Ele deu-lhe algum espaço. De novo, espreguiçou-se, agora mais vigorosamente. Esticou bem os braços. Depois abraçou Júlio. Este passou com a mão pelo seu cabelo preto, liso, sedoso. A seguir, cobriu-lhe a cara de suaves beijos. De seguida beijou-lhe a orelha e o pescoço. Ela encolheu-se com arrepios.

Ele levantou-se de seguida. Começou a caminhar em direção à porta. Olhou para trás. Rosa estava de olhos abertos, mirando-o.

Esta começou a virar-se na cama para se levantar.

Um vício chamado AMOROnde histórias criam vida. Descubra agora