.Prólogo.

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  Uma multidão passava pelas grandes faixas pintadas na rua, passos apressados corriam pela rua em frente de carros que esperavam pacientemente seu sinal ficar verde. Um desses homens dentre a multidão estava mais apressado do que todos ao seu redor, uma garota olhava para a tela em seu celular, arrastando seus dedos pela tela enquanto acompanhava sua história favorita, seu coração batia fortemente em seu peito. Ela não se importou em olhar para frente.

 - Desculpe, senhor...! - a garota alta e loira falou em surpresa, levantando sua cabeça da tela do celular por um segundo, apenas para ver a expressão frustrada no semblante do homem - Eu não tinha te visto...

 - Como me veria, se tudo o que você presta atenção é nessa tela? Acorde pra vida, imbecil! - o homem de cabelos grisalhos resmungou alto, continuando reclamando sobre jovens imprudentes. Ruth não se incomodou. A garota revirou seus olhos enquanto dava de ombros e desviou suas grandes íris azuis para a tela de seu celular novamente.

  Seu coração palpitava por cada linha que lia, seus passos estavam apressadas enquanto ela contava com sua sorte para não ser atingida por um carro enquanto atravessava as ruas sem se importar com qualquer tipo de segurança. Motoristas apertavam as buzinas furiosamente enquanto desviava da jovem adulta entretida.

  Ruth desviou seus olhos por um segundo de seu celular para ter um segundo para respirar e processar todos aos acontecimentos. Até seus olhos verem seu ônibus para casa prestes a sair. O alto rugido do motor foi captado por seus ouvidos enquanto ela arregalava os olhos. Apertando o canto de seu celular, a tela ficou preta. Seus passos se tornaram um corrida enquanto ela tentava acenar para o motorista, seus pulmões clamaram para respirar por um segundo e suas pernas pareciam perder suas forças. Ruth culpou toda a sua adolescência por estar tão fora de forma.

  Suas grandes tranças pararam de balançar e descansaram perto do fim de suas costas. O cabelo brilhava em uma cor intensa de dourado enquanto Ruth se apoiava no grande transporte público, ela viu suas portas se abrirem. Segurando nos corrimões da escada, ela se obrigou a dar um aceno de cabeça para o motorista como um agradecimento. Ela odiava socializações.

  Pegando o cartão do bolso de trás de sua calça jeans, ela o passa pelo dispositivo que libera a catraca em um pequeno som de "beep". Empurrando o metal gelado com as palmas da mão, Ruth procura algum lugar vazio e sem ninguém para se sentar. E, de alguma forma, nos últimos acentos não havia quase ninguém por perto.

  Se sentando ao lado da janela, o ônibus começa a se mover novamente, seriam quase 1 hora para chegar em sua casa. Caçando seu celular pelos bolsos do casaco, ela pressiona seu dedão na digital, desbloqueando o celular e voltando a ler. Não importava quantas ela lia o mesmo livro, a sensação sempre parecia a mesma. Ela amava os personagens, esse mundo de fantasia era o seu próprio lugar de conforto. Um lugar para sair da realidade e de sua vida monótona.

  Ruth prendeu a respiração, lendo as últimas frases do livro. Não importa o quanto ela lesse, aquilo sempre fazia seu coração apertar.

  Eu não pude lhe dizer que estava tudo bem, nunca poderia pedir seu perdão. Suas lágrimas estavam derramando e só pude observá-las. Eu não pude salvá-lo, nem consegui me salvar. Talvez esse fosse meu final nem tão feliz. Meu destino sempre foi morrer em seus braços, sem lhe dizer um eu te amo.

  Ruth desligou a tela de seu celular, 5 anos se passaram e ela não conseguia aceitar. Todos os esforços que os dois botaram não serviram para nada, além de os matar. Ela soltou um suspiro, desviando seus olhos para a visão de carros que ultrapassavam seu ônibus, apressados. Ela se perguntou onde todos estavam indo. Um pouco a frente, ela percebeu um túnel. Ruth se levantou apressadamente.

  Não havia túneis no caminho de casa. Não havia túneis em sua cidade. Seu coração palpitou, suas mãos tremendo levemente enquanto segurava nos corrimões. Algumas outras pessoas começaram a se levantar, transtornadas pela mudança de caminho. Isso aliviou a ansiedade da garota por um segundo, até perceber que talvez isso fosse algum tipo de fuga ou sequestro.

 - Oque está acontecendo!? - uma mulher de cabelos curtos gritou enquanto se levantava de sua cadeira, segurando sua bolsa fortemente contra o peito.

 - Alguém vai ver com o motorista! - outra pessoa gritou, segurando em seus apoios enquanto permanecia sentada.

  A respiração de Ruth estava presa em sua garganta enquanto ela passava pelas pessoas, pedindo licença enquanto tentava chegar ao motorista. Foi em questão de segundos, o transporte se tornou um caos, com pessoas se segurando no corrimão enquanto o ônibus parecia ter acelerado, dificultando o movimento de todos e fazendo os corpos de quem estava em pé se chocarem contra outras pessoas.

  Ruth olhou pela visão do motorista, o túnel se aproximava cada vez mais rápido. Ela se equilibra e desvia de um homem que tentou a seguir, com uma virada bruta que o ônibus deu, jogando todos para o lado direito. Ela inspirou fundo, se segurando fortemente no corrimão. Se apoiando, Ruth chegou ao banco do motorista. Seu coração parou por um segundo, seus olhos se arregalaram ao perceber. Não havia ninguém dirigindo.

  Ela não entendeu como, se tinha jurado ter visto o motorista quando entrou. Porém, ela não tinha. Sua cabeça estava baixa quando ela entrou. Ela nunca viu o vislumbre do motorista. Sua cabeça virou para trás, olhando todas aquelas pessoas assustadas e tentando se ajudar. algumas tentavam abriras portas e outras tentavam quebrar as janelas. Não havia esperança. A jovem adulta apertou a catraca em que se apoiava. Ela percebeu como o metal estava anormalmente gelado. Olhando para frente, através das grandes janelas de vidro, Ruth viu a escuridão imersa em sua frente, um grande void sem fim e ausente de qualquer luz. Ela fechou os olhos, tudo se transformou em uma grande escuridão.

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