💍 Capítulo 51 💍

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"Você disse que voltaria, então eu esperei."

— Victon - Sunrise

CAPÍTULO 51

SONG MINGI

Mingi tremia a perna direita enquanto, sentado ao sofá, encarava o quintal da casa pela porta aberta da sala. Ansiosamente virou o punho, olhando a hora em seu relógio de pulso. Já eram nove e meia da manhã. Haviam se passado quase duas horas que Yunho estava trancado no escritório, e sem notícias dele, já estava começando a se arrepender de ter permitido Arthur entregar o dossiê do Kim para ele. Queria sim que Yunho soubesse toda a verdade, mas não sabia se era uma boa ideia deixá-lo dar de cara com ela daquela forma, direta e reta, pois não sabia como ele reagiria.

— Você não acha que ele está demorando demais, não? — Mingi perguntou, impaciente, voltando os olhos para Arthur, este que parecia tranquilo demais enquanto bebericava o café da xícara que ele acabara de encher pela segunda vez.

— Mingi, o dossiê tem quase mil páginas, nem você leu ele tão rápido quando eu finalizei.

— Que saco, Arthur! — Mingi levantou, irritadiço. — Eu nem sei porquê concordei com essa ideia! E você deveria ter me deixado estar lá com ele, porq... — e logo interrompeu a fala quando ouviu passos nas escadas, e imediatamente se virou, dando um suspiro aliviado ao ver Yunho descer os degraus com calma enquanto nas mãos segurava o calhamaço de folhas. O alívio logo se dissipou quando olhou nos olhos do mais novo, e ao conhecer mais do que ninguém aqueles olhos negros e redondos como jabuticabas, sentiu seu mundo desabar. — Yun... — e nem deu tempo de nada ser dito quando Yunho largou o dossiê na mesa de centro, o que fez um barulho um pouco alto pelo peso do arquivo de quase mil folhas.

— Eu sinto muito. — foi tudo o que Mingi ouviu Yunho dizer assim que foram deixados a sós. E no minuto seguinte, sentiu ele lhe abraçar o tronco e esconder o rosto em seu pescoço, para enfim chorar de uma maneira que para Mingi foi tão dolorosa, que quando menos se deu conta já estava chorando junto com ele.

Tratou de passar os braços à volta dos ombros do rapaz e afundar o nariz nos cabelos agora loiros, enquanto com uma das mãos afundou os dedos nos fios macios, tentando afagar Yunho, ao mesmo tempo que a si mesmo. Foi como se o tempo ficasse em câmera lenta e seu corpo entrasse em colapso pelo alívio de ter Yunho nos braços de novo, e pela dor de tê-lo nos braços justamente quando ele estava completamente vulnerável. Sabia de cor e salteado o que ele leria no dossiê assim que permitiu que Arthur o entregasse, mas sabia que Yunho não o leria da mesma forma que leu cada linha, e era aquilo que o assustava. Não sabia como ele reagiria.

— Por favor, não... não sinta. N-Não tinha como você saber, por favor... — disse em meio ao choro baixo, ouvindo Yunho tossir em meio aos soluços e ao choro copioso. — E sou eu q-quem sinto muito. Me desculpe por esconder as c-coisas de você. Eu achei que seria coisa demais pra você carregar, mas no fim eu acho que só fui um egoísta. Me perdoe, Yunho.

— Me desculpe por n-não estar de fato aberto a te ouvir pra entender os s-seus motivos pra você fazer o que fez. — Yunho disse ao afastar o rosto de seu pescoço em meio aos soluços, e Mingi o sentiu desvencilhar de seus braços para que pudesse tentar secar o rosto molhado. — Eu...eu... só estava magoado porque a forma que você falou comigo naquele dia, quando você me mandou embora, não é uma c-coisa que eu vá superar tão rápido assim. Você mentiu olhando nos meus olhos, Mingi. — Yunho fungou, mais uma vez secando o rosto, e Mingi passou a olhar para o chão, amaldiçoando a si mesmo pois sabia que havia errado. — Só quando eu cheguei aqui... — Yunho riu nasalado, parecendo desacreditado — só quando a situação chegou até aqui, que eu tive acesso a verdade e do porquê de tudo ter acontecido. Desde o roubo da mercadoria do Yeosang até o porquê de estarmos aqui. Você entende todo esse caminho? — ele perguntou, parecendo chateado. — Você entende toda essa lacuna que você me deixou quando me prometeu sempre dizer a verdade e desde então só passou a dizer uma mentira atrás da outra? — Yunho questionou e Mingi o olhou nos olhos, ainda se mantendo calado, sabendo que merecia ouvir cada palavra enquanto lágrimas silenciosas molhavam seu rosto. — Eu s-sempre descobri tudo pela boca dos outros, e nunca pela sua, que era a única pessoa que eu desejava ouvir e mais confiava naquele momento, além das coisas que eu descobri sozinho, porque ninguém moveu um músculo sequer pra me contar. Porque você só preferiu alimentar todo esse caos do que me dizer a verdade?

LOYALTY II - O passado fica para trásOnde histórias criam vida. Descubra agora