Dez meses depois..
Respirei fundo apertando os olhos juntos e sentindo o ar fresco passar pela minha pele e levar toda a tensão embora, a grama fazia cócegas em minha perna mas a calmaria ao meu redor me embalava em uma meditação tranquila, fazendo essa sensação engraçada em minha pele não passar de uma percepção. Eu podia escutar a respiração, igualmente calma de Minghao em minha frente, enquanto ambos meditamos, sentindo a brisa e o sol morno agradar nossa pele no fim de uma tarde agitada.
A vida pacata ainda era novidade para mim, mas uma novidade mais do que bem vinda. Eu posso falar com toda certeza de que eu não vivi até os meus vinte e oito anos, eu não sabia o que era a vida, eu achava que estar nesse mundo era sinônimo de perder, que o normal era sempre ser acompanhada de uma sensação de terror e sempre estar pronta para dar adeus ao mundo a qualquer instante. Eu não poderia estar mais errada.
Após o nascimento da minha filha, seis meses atrás, eu descobri o significado de viver, porque eu renasci novamente. Todo o medo que eu tive durante toda a gravidez se extinguiu assim que eu segurei seu corpinho em meus braços pela primeira vez, porque de alguma maneira eu sentia que estava pronta para ser mãe dela, porque ela me escolheu para isso, ela confia em mim. Eu vivi pela primeira vez com ela, aprendi que a vida era leve e que os momentos eram preciosos, cada noite mal dormida que eu e Hao compartilhamos, cada risada e momento do desenvolvimento dela parecia um capítulo diferente na minha e na vida do pai dela.
Xu Sa-rang nasceu como uma benção em nossas vidas. Claro que o universo não poderia ser completamente amigável comigo, mesmo que eu tenha passado grande parte da minha gravidez rezando para ter um bebê calmo já que eu estava noventa por cento do tempo apavorada com a ideia de ser de primeira viagem... mas é como se ele estivesse conspirando contra a minha paz interior, já que me agraciou com a pequena turbulência que é minha pequena Sa-rang.
Abri um olho espiando ao escutar uma risada de bebê ecoar pelo jardim, o tapete na qual a colocamos sob a grama estava com vários brinquedos espalhados e nenhum sinal da minha filha, abri os dois olhos varrendo o quintal com o olhar, a encontrando a alguns centímetros de nós, brincando com os pedaços do que um dia foi um vaso de planta, claramente no auge de sua exploração do mundo exterior enquanto eu e o pai dela tentávamos meditar por cinco míseros minutos. Olhei para frente, observando Minghao respirar calmamente com os olhos fechados, seus cabelos foram bagunçados por um vento passageiro assim como os pelos de seu corpo, já que ele quase nunca usava uma camisa dentro de casa.
Engoli uma risada nervosa, tentando manter a compostura ao ver suas sobrancelhas franzir com a risada da nossa filha se tornando cada vez mais alta, ela nunca se divertiu tanto assim com seus milhões de brinquedos, que seus tios e tias gastaram outros milhões para comprar.
– Hao, eu acho que nossa meditação está arruinada. -murmurei, me virando para observá-la, jogando a terra do vaso para cima com os pequenos bracinhos.
Minghao abriu os olhos, focando primeiro em meu rosto e depois para o pequeno tornado atrás de mim, ele suspirou tentando esconder a própria risada, sorri para ele tentando me levantar, mas suas mãos me impediram. Sua mão direita envolveu meu pescoço delicadamente, me puxando de joelhos e selando nossos lábios, apoie a mão em seu peito nu procurando estabilidade enquanto nossos lábios dançavam delicadamente, colados um no outro. Ri entre nossos beijos quando nos afastamos milímetros antes dele colar nossos lábios novamente, ao escutar o barulho crescente da pequena atrás de mim.
Ele suspirou, deitando a cabeça em meu ombro antes de me empurrar sentada de novo e se levantar, batendo na calça de moletom cinza, a fim de tirar as gramas grudadas no tecido.
– Como pode um ser tão pequeno fazer tanta bagunça? -ele disse rindo caminhando em direção a pequena bagunceira.
Me virei para observá-los, sorrindo instantaneamente ao ver a cena desenrolar em minha frente, Minghao pegou o pequeno pacotinho sorridente nos braços, batendo em seu macacãozinho amarelo e em suas mãozinhas cheias de terra, antes de a deitar em seu antebraço, segurando a cabeça dela com a mão e a aproximando do peito dele para não ter perigo de cair, a pequena gargalhava enquanto o pai dela a balançava como um pequeno avião em minha direção.
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Casamento Arranjado
FanfictionEm meio às luzes brilhantes de Seul e uma carreira de sucesso no maior hospital da Coreia do Sul, a influente herdeira de uma rede de hospitais da Coreia e Estados Unidos, Kim Min-Seo, vê sua vida virar de cabeça para baixo após uma noite de festa e...