capítulo 4

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Minha mãe me ensinou que, no balé, ou você come ou morre de fome

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Minha mãe me ensinou que, no balé, ou você come ou morre de fome. Você pisa ou é pisado e ainda que não fizesse parte dos meus planos ser deixada para trás, trilhei meus próprios passos e segui meu coração. Me recusando a ser como ela.

Ignorei a ela e seus conselhos e fui destroçada.

A Julliard nunca foi um sonho, ainda assim, consegui entrar com tanta facilidade para uma bailarina "iniciante" que era como se eu tivesse nascido para estar lá e ser um deles. Ser como ela. No entanto, as longas horas de ensaios e os pés constantemente machucados diziam completamente o contrário. Eu mereci estar lá, assim como todo o restante.

Sempre fugi das palavras do meu pai, da superstição de que, se eu não tomasse cuidado eu me tornaria igual a Daphne quando crescesse. No fim, ele estava certo. Em algum momento eu havia perdido o controle da minha vida e passei a seguir seus passos e buscar por sua aprovação, pela perfeição.

Ele sentiria orgulho por o que sou agora?

Eu acho que não.

Acabei me tornando uma megera igual a ela. Sozinha e odiada. Herdei o legado que ela dizia e tanto queria que fosse meu e ainda assim, nada do que sacrifiquei foi o suficiente. Nunca era o suficiente, meu sangue, suor e lágrimas, minha alma e a minha vida, Daphne McShane sempre queria mais.

Ela queria me sugar até a última gota, extrair até que não restasse nada. Queria que eu me tornasse tão vazia quanto ela.

No início, eu tentei ser boa e gentil, mas todos me olhavam como se eu fosse um monstro e uma ameaça. Todos sabiam quem eu era e quem minha mãe era e, infelizmente, ela estava certa. Ali não havia espaço para mim e para quem eu era, então me transformei em quem eles tanto temiam. Me transformei em um monstro, uma besta indomável, que tinha que devorar cada um deles se quisesse sobreviver.

Eu tinha que sobreviver.

Assim, deixei que a presença de Daphne se tornasse ainda mais constante e não tinha como voltar atrás.

Eu havia selado um acordo com o diabo.

A Andrômeda que um dia meu pai ou qualquer outra pessoa havia conhecido já não existia mais.

— Não acredito que pediu para trazerem aquilo — minha mãe sussurrou, tentando me acompanhar sob os saltos altos. — Viemos para cá para você focar, Andrômeda, não para sair em passeios durante a noite na cidade.

Eu paro no meio do aeroporto e ela faz o mesmo, abrindo um sorriso gentil para os outros passageiros que passam por nós.

Respiro fundo, tentando me manter calma. Minha cabeça está me matando.

— Já conversamos sobre isso — respondo — você não se mete nessa parte da minha vida.

Ela revira os olhos.

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⏰ Última atualização: Apr 02 ⏰

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