•••A vida, algo que eu merecesse pertencer por bastante tempo, mas ao mesmo tempo algo que eu não ache que eu mereça pertencer. Vivenciar sonhos como a oportunidade de estudar moda, ou a partir de um futuro momento onde eu ache que a vida realmente não vale a pena ser vivida. Lá estava eu, mais um dia, caminhando pelas ruas enquanto no meu fone tocava uma simples sinfonia de Beethoven, o dia estava altamente melancólico, eu havia passado a manhã na aula de modelagem desenhando o modelo de uma calça que iriam usar no desfile branco e preto. Meus pensamentos eram extremamente calculista, como uma pessoa que ainda não tivera sua chance de conhecer o seu lugar de origem e conforto para chamar de seu, meus pensamentos se esvaziaram por um momento com o toque do celular.
— Sim! — exclamei ainda sem ouvir a voz do outro lado da linha.
— Amiga, vai ter uma festa hoje! — a mesma falou em êxtase, era Livia, minha colega de turma na aula de modelagem. — É sexta-feira, você está precisando se divertir.
— Ta bom. — afirmei sem a mínima vontade de ir, mas por um segundo pensei que seria o melhor momento para começar a experimentar coisas novas. — Passa lá em casa.
Eu passei anos me excluindo do resto do mundo por não achar qualquer coisa que poderia me fazer parecer, comecei a idealizar a roupa mais adequada e tive uma ideia de fazer uma roupa que realmente combinasse comigo. Ao chegar em casa comecei a desenhar o modelo que eu desejava, com a cor preta, ultimamente estou utilizando cores mais neutras, comecei a costurar os tecidos de acordo com o desenho deixando tudo bem perfeito, acabei perto da hora em que Livia iria passar em casa, comecei a me arrumar, eu nunca fui uma pessoa de muita maquiagem, afinal a beleza está além da visão, mas o essencial é invisível aos olhos mesmo, coloquei um esfumado leve no lápis preto que eu havia passado, um blush para dar vida ao meu rosto pálido e um batom vermelho, Livia já estava do lado de fora me esperando.
— Caramb! — exclamou a mesma enquanto eu entrava no carro. — Quem você quer impressionar hoje?
— Ninguém, acho que está na hora de eu dar vida ao meu eu. — falei um pouco nervosa, havia saído decidida a ser diferente e a agir de maneira diferente.
Lívia dirigia pelas ruas da cidade, o caminho todo fiquei em silêncio, os pensamentos turbilhonando em minha mente, como estrelas em uma noite sem lua. Em busca de encontrar meu próprio eu, como o pequeno príncipe que viajou por planetas desconhecidos em busca de compreensão. Ao lado de minha amiga Livia, adentramos a boate tão conhecida na cidade, onde as luzes brilhavam como as palavras de sabedoria do sábio raposa. Reconheci rostos familiares entre a multidão, colegas da universidade com quem compartilhei risos e desafios acadêmicos. Mas também avistei outros semblantes, desconhecidos que, assim como eu, buscavam seus próprios caminhos nesta jornada chamada vida. E entre os murmúrios da música e os movimentos das pessoas, senti uma faísca de esperança, a certeza de que, assim como o pequeno príncipe, eu também estava no caminho certo, rumo à descoberta do que verdadeiramente importa. Entre a multidão pulsante, avistei um rosto familiar entre os demais membros da boate. Seus olhos estavam cobertos por uma leve camada de lápis de olho, refletindo a luz das lâmpadas como estrelas distantes. O rapaz vestia uma camisa do Gorillaz, um short jeans preto e calçava um par de Vans preto, junto com uma meia colorida de alface, um contraste vívido em meio à escuridão da noite. Aquela visão realmente chamou minha atenção, como se uma peça do quebra-cabeça que era minha jornada estivesse ali, diante de mim, esperando para ser descoberta. Comecei a pensar "Era realmente ele? O que ele estava fazendo ali?"
— Eu conheço esse olhar. — Livia sorriu enquanto me entregava um copo de uma bebida de procedência duvidosa do qual não me importei em beber. — Ele é bonito, quem é?
— Eu não sei, mas eu talvez vá descobrir, uma outra hora. — falei com um leve sorriso no rosto, o mesmo rapaz do sonho, o vocalista da banda que eu havia escutado e o rapaz que eu havia esbarrado.
— Não acha que está perdendo tempo esperando ele tomar uma decisão? — a mesma sorriu para mim enquanto bebia sua bebida. — O que se passa na sua cabeça?
— Que os dias da Ayla que não reclamava de nada e aceitava tudo como estava acabaram. — falei enquanto virava o copo inteiro de bebida, o ardor na minha garganta me fez tomar coragem, algo que realmente eu não iria me preocupar naquela noite.
Com o coração batendo forte, impulsionada pela coragem que crescia dentro de mim, aproximei-me do rapaz cujo nome eu desconhecia, mas cujo olhar intenso e voz melódica eu reconhecia de algum lugar profundo dentro de mim. Seus olhos cor de café me hipnotizaram enquanto eu o pressionava suavemente contra a parede e o beijava, deixando que a energia pulsante da boate nos envolvesse. Não demorou para que ele correspondesse ao beijo, e a fusão de menta com álcool em sua boca combinava perfeitamente com a minha. Era uma explosão de sensações, uma dança frenética de desejo que nos consumia a cada instante. Se aquilo era desejo, então eu não queria que parasse nunca, infelizmente acabei voltando para traz devido a falta de ar.
— Pera aí. — o mesmo falou ficando de frente para mim e enfim sorrindo. — Você é a garota daquele dia.
— E você é o garoto daquele dia.
— Você realmente tem uma chama incrível. — o mesmo sorriu para mim, eu não entendi na hora, mas o sorriso dele realmente era bonito, as covinhas ao lado de suas bochechas não mostravam muito do que o rapaz era fisicamente, seus olhos cobertos pelo lápis de olho ainda estavam mais intensos do que nunca. — Como é seu nome.
— Eu sou incrível. — sorri para o mesmo arrancando um sorriso sincero do mesmo, peguei o copo que o mesmo estava segurando e bebi a cerveja. — Pode me chamar de Ayla, e você é?
— Pode me chamar de Falkket.
— É um prazer Falkket. — por mais que não parecesse, o nome era muito incomum, mas não me liguei, vi sua tatuagem na mão. — Por que uma casa pegando fogo?
— Isso é engraçado, ninguém costuma me perguntar o significado das minhas tatuagens. — ele sorriu com os olhos, por um momento foi o sorriso mais sincero que eu havia recebido. — Significa deixar para trás velhos padrões, com a perspectiva de trilhar meu próprio caminho sem olhar para trás, pois o que eu considerava lar agora não passa de cinzas e destroços.
— Uau! — exclamei sem saber o que falar no momento, ele era tão misterioso, mas ao mesmo tempo intenso, algo me dizia que eu tinha que conhecer um pouco mais dele. — Isso é bem profundo.
— Muitas coisas são profundas. — ele sorriu para mim enquanto colocava uma mecha do meu cabelo para trás da orelha. — Como eu não esperar nada de uma garota que conheci a dias atrás me beijar no meio de todo mundo.— Quando eu quero algo, eu faço. — respondi sorrindo arrancando uma gargalhada sincera do mesmo, a voz dele realmente parecia música para os meus ouvidos. — Foi um prazer te conhecer, Falkket.
Com um sorriso nos lábios, olhei para Falkket antes de me virar e seguir com passos firmes e confiantes em direção à minha amiga Livia. Senti seus olhos sobre mim durante toda a noite, mas mesmo assim, permaneci ao lado de minhas amigas, sem me afastar. A sensação de ser observada apenas adicionou uma pitada a mais de mistério e excitação à noite, mas minha lealdade e conexão comigo mesma permaneceram inabaláveis.
YOU ARE READING
BRIGHT • FALLKET
FanficDiante todo o mundo inteiro capaz de me fazer delirar, existe um limiar de suposições prontas para me desafiar, nunca pensei em como seria minha vida nova, ou em como um recomeço, mas no fundo... Ainda bem que alguém me trouxe o dourado de volta a v...