CAPÍTULO ÚNICO

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     Aquele lugar estava lhe soando familiar, claro que em geral, jardins e florestas podem se assemelhar muito um com os outros e as vezes é difícil diferenciar, porém fácil de se perder. Mas aquelas rosas vermelhas, e as árvores em formatos estranhos só existiam em um lugar e ela sabia disso. Alegrou-se por estar ali novamente. Já fazia mais de dois anos, desde sua última "visita". Tudo parecia estar tão incrivelmente louco por ali quanto antes, então seguiu por entre aquela trilha na esperança de encontrar algum de seus velhos amigos. Mas o som de passos correndo lhe chamou a atenção, parou e olhou ao redor na busca da direção que escutou aquilo. Até que repentinamente o Chapeleiro apareceu entre as árvores e quase tropeçou na sua pressa. Sem entender o que estava acontecendo, Alice se aproximou e pediu para que ele contasse porque estava correndo tanto, mas o pobre Chapeleiro mal conseguia respirar, estava ofegante. Pediu paciente para ele se acalmar, porém, escutou outra coisa correndo em direção a onde eles estavam, e nesse exato momento o Chapeleiro pediu para ela correr, e ele mesmo já estava lá na frente quando disse isso. Alice sem compreender o seguiu rapidamente. Seja o que fosse ela estaria lá para ajuda-lo a escapar se necessário. Então ela sentiu algo a empurrar pelas costas, e caiu de cara na grama. Já estava frustrada a essa altura, o que mais poderia estar ameaçando a paz no País das Maravilhas? Levantou seu rosto para poder ver onde estava o Chapeleiro, ele também havia caído. Parece que a tal criatura da qual por algum motivo não conseguia enxergar direito, havia o alcançado...

Acordou definitivamente frustrada e com a preocupação visível em seu rosto. Sim, tudo aquilo fora só um sonho. Mas sabia muito bem que quando se tratava do País das Maravilhas nem tudo era "só um sonho". Alice imediatamente entendeu aquilo como uma espécie de aviso do que poderia estar a ocorrer lá. Tinha chances daquilo ser apenas realmente um sonho normal? Tinha, mas o que o pressentimento de Alice dizia? Exatamente ao contrário. Ta, ela sempre foi teimosa e do contra, mas dessa vez temia mesmo estar certa, pois se estivesse, seu melhor amigo estaria correndo perigo.

Alice tinha seu próprio aposento em seu navio, era a Capitã afinal. Aliás, o aposento de sua mãe ficava logo ao lado. Que além de sua mãe, era também sua companheira e conselheira, e lhe apoiava nas suas decisões. Claramente todos gostavam de Alice como Capitã. Era justa e confiante, e provava todo dia sua capacidade independente de ser mulher, já que nesta época, nenhuma outra mulher era Capitã de um navio. Tal coisa que teria feito seu melhor amigo ter um enorme orgulho dela, mais do que já tinha, caso ele estivesse lá para ver. Mas só os enormes riscos que ela correu para salvar a família dele naquele dia, já provou sua lealdade a quem ama.

Sentada na cama inquieta e pensando em uma maneira de entrar lá, ela avistou uma borboleta azul adentrar seu aposento, pela porta que esquecera entreaberta. Ou achou que havia esquecido. Não se lembrava mais. A pequena borboleta pousou sobre os lençóis em sua cama, os olhos de Alice então se iluminaram, acreditando saber de quem se tratava.

── Absolem! Chegou na hora certa. Eu preciso ir para lá imediatamente, meu melhor amigo pode estar correndo perigo se o que sonhei for verdade.

Se apressou em dizer, pois não poderia ficar ali mais um minuto sabendo da possibilidade de ela ter previsto um acontecimento ruim com o Chapeleiro. A borboleta então voou em direção a porta do armário, e Alice a seguiu. Quando abriu a porta a borboleta azul entrou e seguiu adiante. Havia uma espécie de passagem secreta que seguia mais a frente, um corredor um pouco estreito e pequeno. Deveria medir apenas três centímetros a mais que a altura de Alice. Obviamente entrou sem pensar duas vezes e seguiu a borboleta. Estava um tanto escuro, mas no final daquele corredor pode ver uma porta de madeira. Não estava trancada, e Alice girou a maçaneta a abrindo e antes que pudesse pensar em se preparar para aquilo, assim que deu um passo após aquela porta começou a cair. E literalmente ela caiu do céu, já que enquanto caía, olhou ao redor podendo ver o céu azul e as nuvens em formatos estranhos e engraçados.

O mais puro e verdadeiro dos sentimentosOnde histórias criam vida. Descubra agora