"Nada de bom acontece após às duas da madrugada. Depois das duas da manhã, apenas vá dormir. As decisões tomadas depois desse horário são decisões erradas." – Ted Mosby.
***
*Por trás da primeira noite*Point of view: Samanun
- Água fervente, algumas colheres de pó, um pouco de açúcar e um bom coador. A cura para noites de frio intenso tem receita simples. – Falei comigo mesma, enquanto colocava colheradas de açúcar no compartimento da cafeteira.
- Você e esse vício! – Nita, minha namorada, disse aquilo descontraidamente assim que adentrou a cozinha. Seu perfume de baunilha se alastrou por todo o cômodo, sobressaindo o cheiro do pó de café, que antes era dominante.
Lá fora, fazia o maior frio daquela temporada de Outono.
O inverno se aproximava rigoroso e antecipado.
Quando não era neve, era chuva. Isso, quando os dois não vinham juntos. E, nosso apartamento bastante aconchegante, nos poupava da friagem e, nada como um café fresco para aconchegar-nos ainda mais.
- O que está lendo? – Perguntei ao olhar para a linda mulher, sentada na cadeira, cotovelos apoiados na mesa; notando que a mesma estava entretida em páginas de um livro de capa escura e sem título, que mais parecia um diário. O meu diário sendo exata.
"A madrugada foi congelante naquele inverno de 2012.
Me lembro bem de estar sentada na beira de um lago congelado, no Central Park em Nova York, segurando uma sacola parda que escondia uma garrafa de um whisky barato, que peguei escondido do meu pai.
Era noite de natal, tudo estava colorido e iluminado e eu era a única alma viva que estava perambulando pelas ruas sozinha naquela noite.
Até os mendigos estavam reunidos e eu não.
Nunca havia me sentido tão só.
Eu tinha por volta de dezesseis, havia fugido de casa e por isso, estava congelando em meio a nevasca, suficientemente bêbada para ainda conseguir lembrar meu nome.
Meus nervos já estavam endurecendo, eu certamente congelaria ali, abraçada com meus joelhos e teriam que quebrar meus ossos para que me velassem com um pingo de dignidade.
Foi quando a buzina do carro dos meus pais ecoou por trás de mim, me tirando de um devaneio sem forma, de pensamentos inexistentes e transparentes.
Me levantei com dificuldade, minhas juntas estavam rígidas e doloridas pelo frio.
Quando finalmente alcancei o carro e entrei, a sequência de broncas se iniciou, mas a neve que caia do lado de fora do vidro me era mais interessante.
Eles berravam comigo, me insultavam. Eu apenas observava cristal por cristal, a pingar sobre o chão, formando uma camada branquíssima que fazia o chão parecer o céu, repleto de nuvens.
De repente, um clarão.
Senti meu corpo colidir com o banco da frente.
Dor forte por toda a extensão de meu corpo.
Não conseguia ver nada.
Ouvi gritos. Ferro se retorcendo e vidro estilhaçando.
Algo terrível havia acontecido.
Acordei na manhã seguinte, dolorida e com náuseas.
Estava sozinha no quarto de tons azuis.
VOCÊ ESTÁ LENDO
The Last Coffee (Em revisão)
RomantizmEla era uma escritora no auge de seu fracasso, não vendia mais livros, nem escrevia mais poemas, ainda não havia aprendido o quão bela era a poesia de um coração em desordem. Enquanto isso, do outro lado de um balcão, esperando-a com mais um café qu...