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Capítulo sem revisão, se houver algum erro, ignorem ok? Boa leitura.

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Os sentimentos começavam a borbulhar em seu corpo no momento em que os pés tocaram o piso da casa onde morava. Estava acostumada com as paredes, com a luz um tanto amarelada em alguns cômodos e gostava da sensação de estar mais próxima a natureza que seu jardim lhe proporcionava. Os olhos piscavam algumas vezes a medida que Verônica suspirava, forçando um sorriso enquanto via Paulo caminhar até o chuveiro. Onde sua cabeça estava? Estava ali nua, com o corpo suado, mas não sentia absolutamente nada do que era comum sentir.

Com ambas as mãos ela iniciava o processo de prender seu cabelo em um coque alto, se sentando na cama para esperar o marido que logo saira, visto que não queria proximidade naquele momento, não quando sua mente estava inquieta e cheia de perguntas impossíveis de serem respondidas. Tomara seu tempo no banho, se lavando do momento que a deixara fora de órbita, e por fim seguira de volta ao quarto, colocando uma camisola confortável.

As noite com Paulo eram sempre agradáveis, pelo menos era isso que Torres gostava de afirmar para todos fora de sua redoma. O tempo havia corrido para os dois, mas a ideia de se amar ainda depois de tanto tempo era trabalhada em sua cabeça sempre que possível. De fato se amavam ou era algo que a mulher gostaria de acreditar com veemência? Ao descer as escadas da casa, Verônica repousara os olhos na figura do marido ao telefone. Algo tão comum que apenas lhe fizera revirar os olhos com calma, dando de ombros.

Aos poucos ela levava o combinado de sushi que havia comprado no caminho para casa, aprontando minimamente as coisas na mesa de centro da sala. Se sentara de qualquer maneira no sofá, dobrando as pernas enquanto ligava a televisão, iniciando a busca por algo no amplo catálogo de streaming. Longos foram os minutos escolhendo, e consequentemente, longa fora a ligação na qual seu marido se encontrava. Era possível ouvir os passos do homem em direção a sala enquanto se despedia animado, finalmente finalizando a conversa.

────Oi meu amor... Demorei? ────Aquilo era uma pergunta totalmente retórica que apenas fizera a escrivã arquear sua sobrancelha, fazendo com que o filme se iniciasse. ────Que filme é esse? Escolheu sem mim? ────O braço de Paulo a envolvera, trazendo a mesma para perto ao passo em que iniciavam o jantar.

────Disobedience! E sim... Você demorou uma vida naquela ligação, Paulo, onde é que fica o trato de não ficar preso em trabalho dentro de casa? ────Os olhas do marido piscavam algumas vezes, negando com a cabeça, afinal, aquela era uma briga que ele não gostaria de comprar.

A medida que o filme seguia, Verônica Torres engolia seco com sua própria escolha. Havia se perdido nas informações sobre o enredo e nem de longe esperava estar diante de um filme que retratava o amor entre duas mulheres. Na cena mais calorosa entre as protagonista do filme, sua mente viajara novamente ao momento que havia capturado no estacionamento. Será que era daquela forma que Anita faz... O rosto se balançara como quem espantava uma pensamento muito impróprio.

────Está gostando do filme? ────Paulo bocejava, já se sentindo cheio pela quantidade de peças que havia comido.

────Você já se imaginou com outro homem? ────Uma risada genuína tomara a sala, os olhares se cruzavam e o homem se divertia. ────Eu estou falando sério, Paulo! Responde. ────Continuavam ali abraçados, algo em que Verônica se agarrava para não observar a cena na tela luminosa que tanto lhe chamava a atenção.

────Não Verô... Que loucura! Que pergunta é essa? Nunca me imaginei com... É até estranho falar isso. ────Seu tronco se impulsionara de leve para frente, buscando os lábios da mulher, porém, a mesma o afastara. ────O que foi? Vai me dizer que pensa em estar com mulheres? ────A voz era baixa e brincalhona, sua mão acariciava o rosto de Torres, deslizando seus dedos pela maçã do rosto.

────Não... Eu... Nunca pensei nisso, Paulo. ────O olhar desviara, e assim a escrivã se levantara, saindo dali com o que havia restado do jantar, se encaminhando para a cozinha.

Verônica era uma mulher complexa e seu marido entendia bem isso, quando sua mente estava a todo vapor a ponto de lhe incomodar, a mesma iniciava um processo de limpeza em algum cômodo da casa, sendo necessário ou não. Ao perceber que a cozinha começava a ser limpa, Paulo dera de ombros entendendo o que estava acontecendo, porém, cansado demais para argumentar. Por fim, o homem subira as escadas após ver sua esposa acendendo um cigarro.

A mente estava confusa, voltando a analisar todos os míseros movimentos que Berlinger havia executado tão bem. A adrenalina de estar vendo algo que não deveria havia embebido seu corpo, mascarando bem o desejo que sentia assistindo tudo aquilo. Verônica só havia notado que estava molhada quando parara no primeiro sinaleiro longe dali e assim sua ficha caira. Adrenalina e desejo disputando quem tomaria seu corpo primeiro.

A arrumação nada silenciosa da cozinha continuava, porém, diferente de outra vezes que tentara distrair sua cabeça com aquela atividade, dessa vez não estava funcionando. Os braços bem desenhados voltavam a sua mente, tão fortes, tão bem posicionados, puxando aquela mulher com uma segurança fora do comum. As mãos que deslizavam pela cintura, apertando de uma maneira que lhe parecia gostosa, sedutora. Suas mãos se espalmavam na borda da pia, olhos se fechavam e uma respiração funda era expelida. Seu corpo tremulava de maneira considerável, tesão ou adrenalina? Anita estava começando a fazer moradia fixa em sua mente.

Sem controle em relação a repetição da cena em sua mente, a mulher se perdia no próprio momento, esquecendo da torneira aberta que despejava água em um ritmo controlável. Seus dedos perdiam a cor ao serem apertados contra o mármore, Torres estava de alguma forma tentando muito entender os sentimentos que tomavam sua pele, seu corpo, mas sem sucesso algum. Em meio a situação conflitante que vivia, o celular em cima da bancada vibrava por duas vezes, finalmente conseguindo sua atenção.

O corpo girara, as mãos eram secadas e assim ela tomara o aparelho para si, o desbloqueando com sua digital. Um sorriso mínimo atravessara seus lábios de maneira rápida ao abrir a conversa e ver do que se tratava. Sabia que aquilo não tardaria a chegar, e conhecendo sua superiora como bem conhecia, sabia também que a forma de cobrar pelo o que havia acontecido não seria nada diferente.

📲 . Na minha sala amanhã, as sete, escrivã! Não vou tolerar atrasos, precisamos conversar.

📲 . Sim senhora, doutora! As sete estarei sentada a sua frente.

Uma respiração entre cortada quase lhe preenchia o corpo ao perceber a forma como havia respondido aquilo. Havia dado tão na cara assim sobre o que estava sentindo? O rosto se balançara enquanto o celular era bloqueado. Estava se tornando insana após tanto vaguear em pensamentos que nem mesmo eram concisos, supondo o improvável. Berlinger não sabia da constância de sua aparição na mente de Verônica, e assim ela manteria, sob sete chaves.

Under a secret | veronita fanfic Onde histórias criam vida. Descubra agora