Capítulo I

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Maldade: Palavra derivada do latim (Malita-atis). Características de mal, da pessoa má, cruel, ruim, perversa; comportamento de quem busca prejudicar ou ofender.

Vesper ponderava sobre o significado dessa palavra desde os primórdios de sua própria existência.

Ele se forçava a pensar sobre seus valores, todas as vezes que ouvia essa palavra.

Julgava seus pensamentos de novo e de novo, até chegar num consenso com sua própria mente.

Ele sabia que aquilo não era normal, era ansiedade e Vesper não podia evitar de se sentir extremamente irritado com isso.
Demônios podem ter emoções humanas assim? Ele se perguntava.

Canibalismo, ódio, orgia, assassinato, até mesmo o próprio extermínio eram frequentes hóspedes na cabeça dele.

Todos esses acontecimentos, por mais que horríveis, indiretamente contribuíam para a construção da ética pessoal e dos valores dele.

Vesper sempre quis ser a melhor pessoa que conseguisse em questão de moral, atitudes e palavras.

Ele sabia muito bem o que achava certo ou errado, e então se achava uma pessoa confiável e correta.

Seu único obstáculo era o fato de Vesper ser um residente do inferno.

-.-


Era apenas mais um dia normal na, agora, tediosa vida de Vesper. Ele olhava sem esperanças para os papéis em cima de sua mesa.

"Sinceramente, que porra de trabalho é esse? Eu sou um merda."

Vesper se sentia extremamente frustrado com a maneira como seus roteiros iam de mal à pior.

Mas, não se enganem. Isso já era de se esperar, afinal, Vesper era roteirista de filmes adultos.

O demônio pendeu a cabeça para trás, dando um suspiro pesado e cansado, até ver o ponteiro do relógio chegando às 8 da noite, seu horário de saída do trabalho.

Ele estava tão exausto que vagarosamente pegou suas coisas e as juntou de qualquer maneira, para ir embora finalmente.

Vesper saiu de sua sala e foi em direção ao elevador, apertando no botão do térreo, com o objetivo de ir para casa.

O elevador subiu, provavelmente alguém teria o chamado antes que Vesper pudesse apertar para descer.
Quando ele parou no antepenúltimo andar a porta do elevador se abriu.

Uma silhueta grande, de praticamente três metros de altura, adentrou o elevador e abertou o botão do último andar.

Aquela pessoa, ou demônio, era Valentino, chefe de Vesper.

O overlord o ignorou e apertou o botão do último andar, certamente para uma reunião com os outros membros dos Vees, ou não.

Vesper não sabia e sinceramente nem queria saber o que Valentino fazia ou deixava de fazer. Ele apenas estava muito cansado para pensar nisso naquele momento.

A porta se fechou e o pequeno espaço começou a se mover, até que subitamente parou entre um andar e outro, deixando o visor com mal contato.

Valentino pareceu irritado e então falou pela primeira vez.

"¿Qué carajo?!"

Sua voz era fria e sedutora, como sempre foi. Seu sotaque espanhol deixava a experiência de quem o escutasse ainda melhor e ele sabia disso. Afinal, ele era um demônio do sexo, tinha que ser gostoso de qualquer maneira.

Red Hot Cherry Eyes - Valentino & LeitorOnde histórias criam vida. Descubra agora