Não, eu não podia deixar que eles descobrissem tudo;
--Obrigado enfermeira.
Ela saiu e eu peguei rapidamente o telefone antes que alguém fizesse alguma pergunta;
--Alô.
--Finalmente, onde você estava? Estou telefonando para esse moquifo de hospital desde cedo atrás de notícias suas.
--Eu tive uns imprevistos, aconteceu algo?
Eu estava me tremendo todo por baixo do lençol da cama, se eles descobrissem algo eu estava ferrado;
--Na verdade sim. Descobri algo interessante, o Doutor P fez um aliado aqui... E muito poderoso por sinal.
--A quem está se referindo?
--Senhor Ricler Castanho.
--O dono da Corporação Castanho?
--Ele mesmo, o grande rival da minha empresa.
--Interessante.
--Muito... Mas ao mesmo tempo um golpe de mestre da parte dele.
--Porque?
--A Corporação Castanho é uma nação soberana, são uma indústria de terreno próprio e que não paga impostos a cidade... Exatamente como minha empresa, a MontCorp.
--Ele se aliou ao dono para que fizesse seu plano sorrateiro dar certo e não ser preso , nem investigado.
--Exatamente... Pelo fato da Empresa Castanho ser independente da cidade, nenhuma autoridade legal tem autorização para entrar lá ou fazer qualquer tipo de investigação.
--Era o que faltava... Ele está sabendo usar os truques que tem.
--Exatamente... Agora nós precisamos usar os nossos também, precisamos agir.
--Continue investigando, mais tarde eu te ligo... Estou meio ocupado agora.
--Ah, entendi... Pessoas ao redor não é?
--Isso.
--Muito bem, espero sua ligação mais tarde.
--Claro, até logo.
Desliguei e quando olhei, todos me encaravam fixamente, pareciam se perguntar várias coisas ao mesmo tempo;
--Bom, onde estávamos?
--Que tal na parte que você conta pra gente do que estavam falando? (Dylan)
--Como?
--Quem é G amigo? (Bella)
--É só um amigo ai.
--Amigo? Da onde? (Álice)
--Bom... Ele é... Lá de...
--Da sua antiga escola lá em São Paulo? (Clarice)
--Isso. De lá mesmo.
--Você disse que não tinha feito amigos nesses anos que esteve por lá Espurr. (Cristian)
--Eu nunca disse isso, apenas disse que não queria falar disso naquele momento.
--Bom, devem ser próximos né, se tratam por apelidos. (Bella)
--G não é um apelido Bella e sim uma inicial, porque o chama só pela inicial do nome dele? (Lótus)
--É um lance nosso... Meio complicado de explicar, mas não é nada de mais.
--Lance? Que lance você tem com esse garoto? (Cristian)
--Nenhum Cris, ele é só um amigo.
--Só estou estranhando você nunca ter mencionado esse G desde que voltou. (Álice)
--Ele e eu não nos falamos muito, só em casos de extrema necessidade.
--Que extrema necessidade é essa? (Cristian)
--Coisa nossa Cris, não seja curioso.
--Então tá, fica com esse G. (Cristian)
Ele saiu batendo a porta do quarto. Os olhares assustados se entrelaçaram quando ele saiu;
--O que foi isso gente? (Dylan)
--Ele parecia estar com... (Bella)
--Ciúme. (Lótus)
--Mas porque? (Álice)
--Ora, ele é o melhor amigo do Espurr, é natural que sinta ciúme dele com outros amigos não é? (Clarice)
--Mesmo assim , nem a Álice reagiu assim, porque ele reagiu? Estranho. (Bella)
--Deixem, depois eu converso com ele.
--Tudo bem, vamos agora pra deixar você descansar. (Dylan)
--Depois você vai me explicar isso direitinho viu. (Álice)
--Pode deixar.
Eles começaram a se despedir e sair um a um;
--Lótus.
--Oi.
--Não se esqueça, quando eu sair, vamos juntos na vidente.
--Pode deixar.
Lá se foram eles... De verdade, eu estava meio mal, de alguma maneira me senti culpado. Como não me sentiria se eu causei a raiva do Cris, mas não podia dizer, caso contrário mais gente estaria em perigo. Estou com medo, muito medo que algo dê errado.
Já haviam se passado horas e eu não conseguia pensar no que fazer... Fiz a única coisa que eu podia, liguei pro G para retomarmos o plano;
--G.
--Demorou em.
--Foi necessário, tinha muita gente aqui.
--Sua família?
--Amigos.
--Olha, sinal que se importam com você.
--Sim, isso até você ligar.
--Porque diz isso?
--Cristian ficou enciumado com sua ligação por eu nunca ter falado de você a eles.
--Ele vai ficar de boa, nós temos que pensar em coisas mais urgentes agora.
--Tá vai, continua o que estava falando.
--Eu creio que de alguma maneira a Corporação Castanho está envolvida em negócios sujos, assim poderia facilmente invadir as minas da velha Cajamar.
--O que uma coisa tem a ver com a outra?
--Quando se tem um negócio poderoso, ele tem poder para conseguir quebrar regras e fazer coisas absurdas.
--Continue.
--A Corporação Castanho está envolvida em muitos negócios ilícitos, tem vários processos nas costas, mesmo assim, nunca ninguém foi preso... E olhe que os produtos são todos de procedência duvidosa. Porém não tenho como saber dos podres completos sem ter acesso aos arquivos.
--Ora G, você é o dono da MontCorp, isso é moleza pra você.
--Não é porque eu sou o dono da MontCorp que eu tenho o poder pra isso, eu sou um executivo, não um hacker Cristal.
--Não me chame por esse nome entendeu?
--Desculpe, me exaltei.
--Pois trate de se acalmar, vamos pensar... Estamos empatados até agora, nós e eles.
--Empatados como?
--Ora, eles estão unidos para pegar o tesouro e nós estamos juntos para detê-los... Eles tem o poder corporativo da Castanho e nós o poder corporativo da MontCorp.
--Realmente... O problema é que eles estão agindo juntos e nós separadamente.
--Já te disse que vou resolver isso, na hora certa.
--Que essa hora não demore muito, temos pouco tempo.
--Fica tranquilo, até lá você tem que fazer mais uma coisa... Arranje um jeito de invadir os arquivos da Castanho, assim teremos chances de saber o que pretendem antes de agirem.
--Beleza, e você?
--Eu tenho que me recuperar, morto eu não ajudo ninguém.
--Então se cuide, até depois.
--Até.
Como eu desejava não ter que ter mais nada a ver com Cajamar ou com a Mistério O.E, tudo por causa do Doutor P, se não fosse ele eu teria sido muito feliz em Cajamar, com eles... A Mistério O.E, como eram incríveis juntos... E graças a eles, pude voltar a Brasília.
Estava tarde, eram onze e meia da noite e eu não conseguia dormir, pensando no que eu faria ou diria para fazer Cris esquecer o assunto do G. Eu estava criando paranoias na minha mente, até a porta se abrir;
--Doutor?
--Que eu saiba ainda não me formei em nada.
--Edward, o que faz aqui?
--Nossa, nenhum “Oi Edward, sobreviveu a picada da cobra?”
--Palhaço. Como se sente?
--Bem... Já me medicaram.
--O doutor tinha me dito, fico aliviado... Não queria ser responsável por te mandar pro inferno mais cedo.
--Falou o anjo não é?
--Enfim, o que veio fazer aqui essa hora?
--Vim... Bom só... Jogar conversa fora e...
--Mentiroso... Veio ver se eu estava bem não foi?
--Ah dane-se, é , mas já vi que está o mesmo insuportável de sempre.
--Vindo de você é um elogio.
Ficamos calados por uns minutos;
--Bom, recebeu algum familiar?
--Não, meu pai está na segunda lua de mel dele.
--E ele não vai vir pra te ver?
--Não, ele prefere continuar a viagem de fodas dele.
--Entendi... E sua mãe não veio porque?
--Ela... Ela... Eu não quero falar disso.
--Tá de boa, isso não é uma amizade se formando entre agente, é só agente se abrindo um com o outro, mas não precisa falar se não quiser.
--Minha mãe morreu.
--Quando?
--Eu tinha 6 anos, foi a pior dor do mundo pra mim.
--Sei como é se sentir assim, mas quer saber? Não vai passar, nunca.
--O que quer dizer?
--Que essa ferida estará sempre ai e você não poderá curá-la, apenas aprenderá a conviver com ela.
--Nossa, todas as pessoas apenas dizem... Sinto muito, meus sentimentos e coisas assim. Já você tá abrindo o jogo. Já sentiu essa dor?
--Muito... Ainda sinto. Eu perdi meu avô aos 8 anos e isso doeu muito. Não saía, não comia, não dormia... Só chorava. Até que aprendi a conviver com essa dor terrível.
--Saquei. Pelo menos você tem seus pais.
--O que é o mesmo que não ter, já que ambos arruinaram minha vida.
--Mas estão com você... Não ter eles para te aconselhar é a pior coisa que se pode ter.
Naquela fala eu pude sentir o quanto Edward era triste. Por mais que aparentasse ser um badboy, na verdade por dentro só tinha um coração vazio e implorando por atenção do pai. E o inacreditável aconteceu;
--Comecei a ir em sessões de terapia para superar a perda da minha mãe, foi lá que eu conheci o Cristian... Viramos amigos inseparáveis. Um dia ele me levou em uma das sessões dele, e foi nesse dia que ele se abriu com a doutora... Mas também foi o dia em que eu descobri sobre você.
--Agora entendo o motivo do seu ódio por mim, mais que compreensivo.
--Eu o via como um irmão, até que nos afastamos... Mas me doeu muito cortar laços com ele. Porém eu sempre ficava por perto caso ele precisasse de mim.
--Você foi exatamente o que ele precisava... E ele foi o que você precisava naquele momento. Espero que um dia você entenda o motivo de eu ter partido.
--Entendo... Só não consegui te engolir no tempo que soube de você... Criei por você o mesmo ódio que criei pelo meu pai. Ele se casou e teve outro filho, agora raramente lembra de mim.
--Você tem um irmão?
--Tenho, ele tem quase dois anos.
--Deve olhar pra ele e desejar que ele fosse da sua mãe também não é?
--Como sabe...
--Foi assim comigo, eu queria muito que minha irmã Rubi fosse filha dos meus pais, mas minha mãe já havia se casado com outro.
--Você a odeia?
--Odiar é muito forte... Sinto tristeza.
--Eu queria muito ter a minha mãe comigo, nem que fosse por uns minutos... Dizer pra ela como eu precisei do abraço e do carinho dela todos esses anos.
Ao dizer isso ele se calou. Ficou-se um silêncio profundo... Quando me dei conta Edward estava chorando. Eu sei que deveria odiar ele por ter sido um idiota com meus amigos, mas ali eu pude entender tudo... Edward era um garoto com um passado triste, como Cris e eu;
--Vem cá.
--Que?
--Deita aqui.
--Tá doido, eu tô bem.
--Vem logo, já disse que isso não é um começo de amizade... Só sinto que você precisa... De um abraço.
Ele me olhou com um olhar espantoso... Esperou uns minutos e se levantou devagar, começou a andar no caminho da porta... Mas parou e parece ter se paralisado. Quando me convenci que ele já estava indo, ele vira e começa a andar no caminho da cama. Ele se aproximou e se deitou no espaço do meu lado... Vi como as marcas de lágrimas desapareciam em seu rosto. Eu sei lá porque, mas passei a mão no cabelo dele, tão cacheado e fofinho... Ele estava quase dormindo;
--Obrigado Edward.
--Pelo que?
--Por ter cuidado dele... Sem você não sei o que teria sido do Cris.
Ele não falou mais nada... Estava praticamente dormindo, quando;
--Ele gosta de você... Então vê se dessa vez não faz besteira.
Depois de dizer isso ele simplesmente adormeceu.
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Teens 2 💫 Elos Inabaláveis
MaceraDas tragédias, emoções, confusões e descobertas... Os teens continuam suas aventuras. Será que juntos vão destruir o mal que os persegue? Só o tempo dirá, com os mistérios escondidos pelas sombras da terrível verdade... A mistério O.E Lutando para...