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       Alice:

       Meus pais sempre se amaram muito, eles sempre deixaram isso bem claro em mínimos detalhes, se conheciam tão bem que eu sempre achei que nasceram um para o outro.
    Se conhecerem quando minha mãe foi fazer intercâmbio na Austrália e quando ela se formou, se casaram em uma praia. Três anos mais tarde, meu primeiro irmão nasceu, é após mais dois anos meu outro irmão nasceu. Quando o mais novo completou um ano, se mudaram para a Suíça e um ano depois eu nasci.
    Moramos lá até eu completar sete anos e então mais uma vez fomos embora, dessa vez para a Coreia onde minha família paterna morava.

    Fiquei um tanto triste, eu adorava o lugar e a casa apesar disso eu amava ainda mais estar com eles. Minha família adorava criar pequenas tradições como acampar, jantar juntos e fazer biscoitos no Natal. Eram pequenos momentos que em geral eram divertidos e criaram memórias afetivas para mim e meus irmãos e deixavam bem claro o que minha mãe dizia: "lar é onde estão as pessoas que amamos".
    Meu irmão mais velho, Christopher e o do meio Felix, me tratavam como uma pequena princesa, em todos os invernos me levavam para ver a neve e patinar. Para eles era uma forma de que eu não ficasse triste por não estar mais no inverno da Suíça.

    Há um momento bem marcado em minha memória, um certo dia quando eu tinha 13 anos eu estava triste por ter tido um dia ruim na escola eles resolveram fazer uma surpresa. Compraram muitas bolinhas de isopor, e espalharam por todo o meu quarto, ligaram o ar condicionado no mais frio, as luzes coloridas ajudaram no processo e projetaram uma aurora boreal na parede. Me levaram até lá dizendo que iríamos ver a aurora, em uma pequena cabana no canto do quarto.
Foi um momento muito legal, levaram lanches para mim e me escutaram contar sobre meus problemas.

  Claro que quando mamãe descobriu ficou uma fera pela bagunça, até hoje encontro bolinhas de isopor pelo quarto, mas sempre me arranca uma risada se de lembrar deles limpando tudo.
    Eu diria que a vida era perfeita, sem grandes problemas, mas um dia quando eu tinha 19 anos, no dia em que eu diria que fui aprovada em uma faculdade na Suíça, quando cheguei em casa vi minha mãe chorando copiosamente, Felix estava na mesma situação enquanto Christopher mesmo com o rosto vermelho de tanto chorar tentava acalmar nossa mãe. Meu pai havida sofrido uma parada cardíaca durante o trabalho e não resistiu.

     Foi sem dúvida o momento mais difícil da minha vida. Nunca havia passado por algo parecido e as vezes me vinha o sentimento que culpava meus pais por não me ensinarem essa parte da vida.                BPassei dias trancada no meu quarto, onde as vezes, meu irmão mais velho implorava para que eu saísse para comer. Eu o obedecia, sabia que ele sofria tanto quanto eu e mesmo assim cuidava de tudo.
    Sendo assim, após alguns dias resolvi o ajudar já que mamãe não estava em plena condição.
E então eu também desisti da minha faculdade na Suíça.

      As coisas começaram a se organizar após alguns meses
Minha mãe resolveu que ficaríamos na Coreia, sua vida já estava bem firmada aqui e não queria deixar meus avós também, apesar de aparentemente nós nao sermos tãobem aceitos por uma de minhas tias.
    Então eu entrei para a faculdade na minha cidade mesmo, estudava Direito, era o sonho do meu pai que eu me tornasse promotora o que também se tornou o meu.

     Em geral tudo estava bem novamente, após dois anos as coisas se estabilizaram. Em datas comemorativas recebíamos meus avós paternos e as vezes os maternos também.
   Inclusive a tia Leeseo, que é sem dúvidas a tia mais legal que eu tenho. Lembro que quando eu, meus irmãos e meus primos éramos crianças nós a víamos como uma fada ou algo do tipo.
  
    Tia Leeseo era muito bem sucedida e bonita, suas roupas sempre impecáveis me faziam pensar se ela tinha algum tipo de magia, ela optou por não ter filhos, sendo assim focava toda sua energia em seus sobrinhos,
O marido dela era rico, assim como ela, e ambos sempre estavam morando em um lugar diferente por conta do trabalho dela e ele sempre estava viajando por causa do trabalho dele. Devo ter o visto no máximo cinco vezes em 22 anos.
Já ela aparecia em alguns feriados, quando podia, no meu aniversário que por sinal era compartilhado com o do meu irmão do meio e por isso ela nos chamava de "gêmeos acidentais" ou "irmãos sardinhas", mas sempre aparecia no Natal.

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⏰ Última atualização: Sep 14 ⏰

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100 dias para o Natal- Yang JeonginOnde histórias criam vida. Descubra agora