Anjos.

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Música do capítulo: Shattered do Trading Yesterday.

Já deixem carregando e preparem seus corações (de novo).

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Point of view: Kornkamon.

- Hey, isso é trapaça! – Samanun protestou, rindo abertamente.

- Aceite os fatos: Você está perdendo para mim. – Rebati bem-humorada.

Estávamos sentadas lado a lado no gramado às sombras de uma árvore de bordo, de frente ao um enorme lago verde-musgo, apostando quem atirava pedrinhas mais longe. Parecíamos duas crianças, rindo de coisas bobas, felizes com pouca coisa.

A tarde estava chegando ao seu fim, o sol se despedia no poente.

Havia sido um dia incrível!

No brevíssimo silêncio que nos circulou feito asas de anjo, fui de encontro aos seus olhos inconscientemente, pois queria admirá-los com o toque final dos últimos raios solares. Era lindo a tonalidade tomada com a tal claridade.

Ela sorria pelos olhos.

- Rindo sozinha, filha? – Minha mãe adentrou a cozinha falando, cortando meus devaneios pela raiz; meu rosto inteiro ruborizou de vergonha, e nada respondi, apenas mordi o lábio inferior com força. – Não vai dormir? – Perguntou, enquanto abria a geladeira.

Não era tarde da noite, por volta de umas oito e meia, mas como já era um hábito alimentado por anos de sempre dormir cedo, ainda estar acordada era de se estranhar. Só que, ao contrário das noites anteriores, eu estava sem sono algum, podia até dizer estar elétrica.

A tempestade que antes ruidosa, cheia de ventos uivantes e trovões, agora resumia-se à uma garoa fina. O ar estava frio, a noite bastante calada, e desde o início daquela chuva, eu estava sentada na cozinha, relendo "O último café", tomando uma xícara de chá.

"Relendo" era o termo que melhor definia o fato de que eu estava estática, encarando as palavras nas linhas, mas não as estar lendo e sim, me perdendo em pensamentos.

- Ainda não... – Divaguei, passando uma página com a ponta do indicador.

- O que está lendo? – Sua voz veio acompanhada de alguns ruídos de pratos e talheres.

- O último café. É um livro de uma amiga. – Comentei verdadeiramente animada, quase parecendo uma adolescente ao encontrar-se com o ídolo. – Acredita que ela me deu o seu tão estimado original? Isso é um presente e tanto!

Minha mãe parou ao meu lado e analisou o livro com uma careta engraçada: Mãos na cintura, cabeça um pouco inclinada para o lado direito, nariz enrugado.

- O que foi? – Perguntei, achando graça.

- Esse livro está todo riscado! – Ela falou indignada, apontando para algumas setas que viu na página onde eu estava, tinha também algumas observações nas laterais. – Ela te deu um livro riscado ou você o riscou, Mon?

Gargalhei com a inocência de minha mãe.

- Mamãe, original é tipo o primeiro a ser impresso para envio, entende? Esse que ela me deu não só é o primeiro que foi impresso, como também é o que ela usou para fazer as melhorias e observações que pretendia. – Expliquei, e ela expressou um "ahh" com os lábios.

- Bom, só vim fazer um chá mesmo e já estou indo dormir. – Ergueu a xícara longa de porcelana cinza em sua mão direita. – Divirta-se com seu livrinho riscado. Boa noite!

The Last Coffee (Em revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora