Point of view: Samanun
- É impressionante! Ela não tem uma queimadura sequer. - Disse uma voz masculina.
Era como se eu estivesse dormindo. Eu sentia minhas roupas sendo tiradas, ouvia passos, ruídos agudos e estranhos, mas não conseguia abrir os olhos, muito menos me mexer.
Eu não tinha controle do meu corpo.
- Deus deve gostar muito de você, garota. - Agora, a voz a falar era outra, ainda masculina, mas um pouco mais suave. - Escapar de um fogaréu como aquele sem nenhuma queimadura e apenas um corte no supercílio é simplesmente uma redenção!
- Peguem a caixa de sutura, esse corte no supercílio vai precisar de alguns pontos.
[...]
- Ela teve uma sorte tremenda por não ter tido nenhum enfisema pulmonar, muito menos irritação na árvore brônquica com a inalação de tanta fumaça tóxica. A recuperação será breve se ela cumprir tudo que for prescrito. Os resquícios de fumaça que foram inalados, com o uso correto da medicação logo serão expelidos totalmente.
Eu ouvia uma voz feminina dizendo essas coisas bem de no fundo, como se estivesse do outro lado de um túnel. Quis responder, perguntar do que diabos ela estava falando, perguntar aonde eu estava, mas estava numa sonolência absurda. Meus olhos pareciam pesar toneladas.
- Nesse meio tempo, é provável que ela tenha muita tosse seca, queimação nas narinas e um pouco de falta de ar, mas logo irá passar. Agora o que me preocupa são as plaquetas dela que estão muito baixas. Ela se alimenta adequadamente?
- Não. - Nam respondeu. Bom, pelo menos a voz parecia com a dela.
Eu ainda estava na casa dela?
Aquilo tudo havia sido um sonho e eu estava acordando?
- Ela tem algum vício? - A mulher voltou a questionar.
- Fuma, bebe. - Foi a resposta. - Se faz coisa pior...não sei.
Meus olhos se abriram em um súbito, foi como se meu corpo inteiro tivesse levado um choque ou se minha alma tivesse retornado ao corpo após algum evento atordoante. Senti toda a energia percorrer por minhas veias e músculos, e uma ardência ferver minhas retinas devido a claridade excessiva. Tudo girou diante meus olhos.
Quando consegui novamente me situar, me vi ainda mais perdida que antes, só que agora estava numa sala toda em tons claros cheia de aparelhos esquisitos. Aonde eu estava?
Uma pontada rompeu a região dorsal de minha mão esquerda, e ao levanta-la, trazendo-a para perto de meu rosto, vi a agulha em minha veia, presa por um esparadrapo.
- Mas que diabos... - Resmunguei, puxando o esparadrapo com força, arrancando-o com agulha e tudo; doeu um pouco e algumas gotículas de sangue saíram da região. Mas a verdadeira dor veio de meus pulmões e de minhas narinas que queimavam.
Que diabos estava acontecendo comigo?
- Você não deveria fazer isso! - A voz anterior, veio agora em repreensão ao meu ato.
Quando perdida, segui o som da voz, encontrei foi uma médica me encarando.
- Mas o que...?
Me pus sentada, e por ter levantado depressa, tudo girou e minha vista ficou escura. Tive que fechar os olhos e aguardar alguns segundos para abri-los novamente. Quando finalmente consegui enxergar, olhando ao meu redor, encontrei Kornkamon dormindo no sofá, encostada no ombro de Song - que também dormia; Nam era a única acordada, parada de braços cruzados, me olhando com uma expressão indecifrável.
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The Last Coffee (Em revisão)
DragosteEla era uma escritora no auge de seu fracasso, não vendia mais livros, nem escrevia mais poemas, ainda não havia aprendido o quão bela era a poesia de um coração em desordem. Enquanto isso, do outro lado de um balcão, esperando-a com mais um café qu...