Cap 2 -Demônio do rádio
O demônio riu dos meus insultos de choque enquanto se apoiava em seu estranho cetro, semelhante a um microfone em seu pedestal. "Minha Queria, desse jeito eu terei que lhe ensinar boas maneiras!" Ele ri novamente e eu esfrego os olhos, andando até o interruptor "ah caramba...CARAMBA...tem um demônio de verdade no meu quarto...." eu andava de um lado para o outro, depois de acender a luz, eu olho para ele. "Você...você, por que você está aqui? Tipo....tem motivo específico?" Pergunto ainda incrédula, Alastor ri e olha para mim. "Bem minha querida, você me chamou até aqui, sabe, são poucos os que conseguem tal feito e eu estou...minimamente intrigado. Como alguém que me invoca, me pergunta o que eu estou fazendo aqui?" Eu suspiro e fico um pouco sem graça "Ah...bem...eu só queria testar se aquele livro realmente funcionava, desculpe se eu te atrapalhei-" O demônio ri novamente, como se tivesse acabado de ouvir a piada mais engraçada do mundo, enquanto isso, eu olho para a escrivaninha onde eu havia colocado o livro e que agora está vazia. "Onde...onde está o livro?" eu murmuro para mim mesma, andando até a escrivaninha, agora só haviam caixas, poeira e o meu reflexo no espelho "Bem, minha querida, já que você se deu o trabalho de me puxar até aqui, eu posso lhe dar qualquer coisa que você desejar! Porém, em troca..." O demônio se aproxima de mim e eu olho para ele. "Você quer a minha alma em troca de um pedido?" O sorriso de Alastor aumenta mais e ele pega pelo braço novamente, me abraçando com um braço só. "EXATAMENTE!! Minha querida! Você é esperta heim." Ele me solta e eu quase caio no chão. "Na verdade é apenas algo óbvio." Eu coço a nuca e ele revira os olhos ainda sorrindo. "Enfim! Vamos ao contrato, o que você vai querer hm?" Eu penso em várias coisas...Um celular novo? Não, eu posso simplesmente comprar um...Dinheiro infinito? Nah, eu me cansaria fácil disso, hm...pensa, pensa..... "Eu cheguei a conclusão de que..." Alastor inclina a cabeça estreitando os olhos "De que eu ainda não faço a menor ideia do que pedir." Vejo o sorriso do demônio ficar um pouco menor, ele parecia pensativo, e até um pouco irritado com a minha resposta. "Hm...interessante...você não tem um pedido... oh eu poderia te matar agora, possuir seu corpo e atormentar a sua alma. Porém, como fazem décadas que eu não posso transitar pelo mundo humano, ficarei feliz em esperar por sua resposta!" Ele ri novamente olhando para mim. Eu por outro lado, dei alguns passos para trás, um pouco em choque com a repentina ameaça. "Então...tá..." coço a nuca, tentando aliviar a pequena tensão. "Você, gostaria de um chá?" eu sugiro, ainda um pouco insegura e com medo de que ele me matasse. "Que gentil da sua parte minha querida! Eu aceito!"
Andando até a cozinha, vejo a chuva do lado de fora da janela, enquanto a água ferve no fogão. Pego um pode de biscoitos caseiros, mas Alastor recusa educadamente. Ouvindo a chaleira apitar, coloco as folhas de camomila na água e o chá fica pronto, sirvo em duas canecas e coloco a chaleira em cima da bancada. "Nem acredito que estou tomando chá com um demônio." Eu murmuro, olhando para a janela enquanto tomo um gole do meu chá, Alastor ri também tomando o chá dele. "Vejo que ainda está...um pouco arisca querida. Mas te asseguro, não precisa temer" o demônio toma mais um pouco do chá. "Se eu quisesse machucar alguém aqui..." as luzes da sala piscam e a estática de rádio de Alastor se torna mais audível. "Eu já teria machucado" tudo volta ao normal e eu solto um leve suspiro enquanto meu coração palpita a milhão. "Eu....acho que vou voltar a dormir, sabe como é né..heh... tenho muito a se fazer" Alastor estreita os olhos mas volta a deixa-los arregalados "Claro querida, tenha uma excelente madrugada de sono! Se precisar de mim, é só me chamar." O demônio acena para mim enquanto some em sua própria sombra. Eu torcia para aquilo ser só um sonho maluco em que eu iria acordar alguma hora então fui dormir.
Acordo novamente, desta vez com o despertador. Havia parado de chover e eu ainda estava com sono, penso em como conhecer um demônio era só mais alguma coisa estranha, alguma paralisia do sono ou algo assim, até eu chegar na cozinha e encontrar as duas canecas no balcão. "Aquilo não foi coisa da minha cabeça..." eu murmuro para mim mesma. "Bom dia querida!" eu me assusto com a repentina voz alta no meu ouvido e dou um pulo para o lado "AI CARALHO!" Logo coloco uma das minhas mãos sobre a minha boca e me sinto levemente envergonhada "Ah é, bom dia...Desculpa Alastor...eu ainda não me acostumei com isso" o demônio sorri, se deleitando com meu desespero. "Espero não ouvir mais tantas palavras de baixo calão em uma voz tão encantadora." Ele cutuca meu nariz com o dedo indicador e caminha até a cozinha, por outro lado, eu permaneço parada, pensando nas palavras dele. Espera...ele acabou de chamar a minha voz de 'encantadora'?! Que demônio mais estranho...se bem que ele é o primeiro que eu conheço, espero que o único também. "Ah qual é o problema querida? Imersa nos próprios pensamentos?" Alastor ri e eu vou para a cozinha, dispersando minha imaginação. "Não dormi direito, apenas isso." Pego alguns biscoitos e coloco em um prato, fazendo um lanche rápido para ir até a faculdade. "Oh sim, eu entendo, querida."
Abro a porta da minha casa, ao passar por ela, escuto Alastor dizer "Querida, onde está indo?" olho para ele, minimamente confusa com tal questão "Para a faculdade, por que?" o demônio inclina a cabeça e solta uma leve risada "Então é para lá que nós estamos indo. Hm, realmente, as coisas mudaram no mundo humano." Alastor da de ombros e passa pela porta, fechando ela e me entregando a chave. "Hein? nós? Como assim nós?" pergunto, seguindo ele com os olhos enquanto o mesmo sorria e ficava ao meu lado "Querida, até você decidir o que pedir no nosso pacto, eu ficarei ao seu lado todo o tempo." Franzo um pouco a testa, processando tal informação. "Não, não tem como você vir comigo, como vou explicar para os meus professores que um demônio vai assistir as aulas comigo!?" o sorriso dele aumenta, como se esperasse que essa pergunta fosse feita. "Oh por favor" -Alastor gesticula enquanto fala- "Ninguém além de você consegue me ver se eu não permitir querida."
O caminho para a faculdade foi tranquilo, um pouco silencioso até Alastor resolver falar. "E então, já tem algo em mente para pedir?" Atravessamos mais uma rua enquanto respondo. "Hm...não, sou bem indecisa e gosto de pensar bastante antes de tomar uma decisão tão...difícil." "Ah eu vejo" -ele comenta- "Inteligente da sua parte pensar bastante querida." Alastor observa em volta, falando sozinho. "Muitos não escolheram bem e agora queimam eternamente" ele murmura, por outro lado, engoli seco, como alguém tão "amigável" poderia ter tantas ameaças e ser tão amedrontador. "Chegamos." Falo, encarando o familiar prédio cinza repleto de estudantes e professores, que perambulavam para suas respectivas tarefas. "Tantas almas frágeis e supérfluas habitando este lugar...Me pergunto o que seriam delas sem esses malditos quadrados tecnológicos." Alastor fala a ultima frase de forma amarga, claramente se lembrando do Vox enquanto a pronuncia. "Você fala dos celulares? É uma forma mais fácil de se comunicar no meu ponto de vista." Alastor sorri com desdém. "Querida...sua forma de ver as coisas é... Adorável" -Ele passa suas garras frias pelo meu queixo, traçando a linha do maxilar e segurando ele na ponta, erguendo minha cabeça para olhar nos olhos dele. "Mas nunca me questione." O medo nos meus olhos é perceptível. Mas que PORRA foi isso?! Tremendo um pouco, suspiro para me recompor. "Claro, Alastor." Respondo, fechando os punhos na tentativa de não lacrimejar ou demonstrar fraqueza. "Ótimo! Vamos, você não quer se atrasar correto?" Ele me solta, voltando a segurar seu microfone/cetro nas mãos.
Nota da Autora
E então galera, como vocês estão? Eu fico muito feliz q vocês estejam gostando, por mais que eu publique um capitulo por milênio. Sempre estou lendo os comentários que vocês mandam ♡♡♡
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Submundo (Alastor x fem. S/N)
ChickLitLenny, uma jovem adulta entediada e fã de elementos do horror, acha um livro misterioso e resolve dar uma inspecionada nele, mal sabia ela, que agora, ela estava condenada ao submundo.