• • EPÍLOGO - Parte um • •

35 9 33
                                    

"Faz quase uma semana
Sem você do lado
Lembrar do teu abraço faz meu peito apertar
Será que ainda me ama?
Se pensa em mim
Volta, joga longe a falta de te ver sorrir"

Quase uma semana — BIN.

•• × ••

3 ANOS MAIS TARDE...

Puxo uma respiração rasa e falhada, soluçando enquanto meu pé ataca repetidamente o piso. É como se o meu peito estivesse sendo comprimido, com clarões e imagens de uma época que pensei que poderia esquecer finalmente.

— Se acalme Yve, não é o fim do mundo! — A voz nervosa de Daphne me faz lembrar que há mais alguém comigo, nessa esbranquiçada e vazia sala de espera da enfermaria da base.

Na verdade, minha Barbie e meu comportado Märkyg, têm sido minhas únicas companhias, desde que meu marido e Ghost foram convocados para uma missão em conjunto, sem data expressa de retorno. Os dois agora estavam no Marrocos, e não poderia ser um momento mais estressante do que este, em que estou constantemente temendo pela vida de König e seu bem-estar, para fazer uma descoberta dessas.

Ainda assim, até descobrir isso, estava me mantendo forte para confortar meu menino, que durante essas longas semanas sem o pai, muitas vezes teve febre e precisou ir ao hospital. Sendo sincera, esse choro é mais como um desabafo por toda a situação que se acumulou e a a imensa saudade que sinto, do que somente pelo desespero.

Enxugo um pouco desse rio de lágrimas que correm por minhas bochechas, encharcando o tecido de minha calça de moletom, meu coração tão apertado, que se alguém trouxer um alfinete para perto de mim, sinto que ele irá explodir dentro de meu peito.

— É sim, pelo amor de Deus, eu não consigo imaginar como isso foi acontecer!

Uma sobrancelha foi arqueada em minha direção.

— Sei bem como foi, e se preferir, posso te lembrar, garota.

— Não é necessário, obrigada. — Sorrio e fungo, me acalmando lentamente, até que Märk cruza o corredor como um raio e vêm até mim, parecendo confuso. É aí que não tenho mais controle algum e volto a chorar como uma criança. — Meu filho, vem aqui!

Abro os braços e mesmo que desconfiado, meu menino, que vi crescer tão rápido e que está ficando cada dia mais e mais lindo, com sua pele antes clara, adotando um tom pardo e seu olho bicolor de um azul quase cristalino e o outro, um profundo castanho-escuro, se senta em meu colo e não acha ruim quando o abraço apertado, molhando a si e a sua camisa listrada.

— Na hora de fazer, ninguém chorou, não é. — A loira revirou os olhos e isso me tirou um sorriso, mas quando voltei a chorar, ela colocou uma mão em minhas costas e me fez um carinho lento. — Yve, não vai acontecer nada de ruim, não se preocupe por antecipação! Com acompanhamento médico e um cuidado regrado com sua saúde, tudo vai ficar bem! — A última parte é dita em francês, para que Märk não lhe entenda. Sorte a minha que sou poliglota, e por conta do contato com a loira, essa é uma das línguas pelas quase mais tenho apreço. — E tem mais, o que vossa senhoria achou que ganharia transando repetidamente e sem camisinha? Uma medalha!? Mulher, vocês aproveitaram que eu e Ghost levamos Märk pra passear e ficaram o dia inteiro trancados no quarto! Realmente pensou que não daria em nada?

— Pra ser sincera, nós sempre quisemos isso, mas agora que deu certo, estou com medo de termos errado... sim, mesmo o médico tendo dito que estava tudo bem quando Kön me levou pra consulta, quando decidimos engravidar... eu não sei, e se for perigoso, Barbie, e se eu morrer e deixar Märk, e se quem morrer for... — Fungo e lhe encaro com olhos de cachorro sem dono. — Você promete que tudo vai ficar bem?

𝙳𝙴𝚂𝙴𝚁𝚃 𝚁𝙾𝚂𝙴.Onde histórias criam vida. Descubra agora