Capítulo 50 - Xadrez às cegas

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O pequeno quarto em que Ian se encontrava era confortável, apesar de não ter janela era bem iluminado e possuía uma parede de vidro que o permitia ver a movimentação do lado de fora, se Dante não tivesse dito que estava preso na mansão do Inferno ele acreditaria que estava em um hospital de ponta. Até banheiro privativo ele tinha! Sua cama era confortável e ele recebia as refeições pontualmente todos os dias.

Quase sendo tratado como uma Rainha, assim como foi prometido.

Claro que não era bem assim que ele esperava estar, o tiro foi um grande inconveniente, Ian sabia que ficaria preso, mas não esperava que fosse ficar acamado. Como ele iria seduzir alguém no estado em que se encontrava?

Além do mais depois de ter passado por uma cirurgia, ele estava mais vulnerável, Dante parecia muito furioso e podia descontar a sua raiva nele a qualquer momento. O Rei do Inferno não era do tipo de lançar ameaças vazias e ele havia prometido "cuidar bem dele" seja lá o que isso significasse.

"Lana e sua maldita mira ruim."

Ele não sabia se o tiro foi sem querer ou de propósito, mas no fim das contas o plano dele deu certo e isso que realmente importava. Dante de fato o manteve perto de si, observando à distância a recuperação do "cunhado".

Desde a visita ameaçadora do Rei do Inferno ninguém além do médico entrava no seu quarto. Tudo que Ian via era a movimentação do lado de fora. Os dias passaram rápido, pois ele passava a maior parte do tempo dormindo por conta dos remédios e em um piscar de olhos passou-se uma semana, e o dia da sua alta do ambiente hospitalar chegou.

Transferido para seu novo quarto, Ian estava maravilhado com aquele ambiente sofisticado, uma cama grande e macia, um closet com roupas novas do seu tamanho, uma suíte repleta de cosméticos, uma janela grande, até ar-condicionado tinha!

Um luxo.

Estranhamente não havia nenhum aparelho eletrônico no quarto, seu celular fora confiscado por Mike horas antes da cerimônia para que não corresse o risco de que Dante descobrisse que o número de Ivy e Ian eram o mesmo, ali não tinha computador nem televisão. Apesar de não ter o hábito de assistir qualquer coisa, Ian iria sentir falta de ouvir música, ao menos ele poderia cantar e quando seu corpo estivesse bom o suficiente para atividades físicas, poderia aproveitar o espaço do quarto e dançar.

O quarto parecia um sonho, mas não passava de uma cela de luxo.

A solidão nos últimos dias foi opressiva, estar doente e sozinho era mais aterrorizante do que Ian podia imaginar, poucas vezes em sua vida adulta ele tinha passado por uma enfermidade e todas as vezes, sem falta, a solitude era a pior parte, ninguém para cuidar dele, ninguém para se despedir se o pior acontecesse, ninguém para lamentar a sua morte, era desesperador.

Dessa vez o sentimento era o mesmo, apesar de ter vislumbrado a silhueta de Dante algumas vezes a distância, Ian ainda se sentia muito só, na verdade era pior que isso, sentia-se abandonado. Seu marido/cunhado podia até mandar o melhor médico tratá-lo nas melhores instalações, porém era uma relação fria e distante, estritamente profissional. Mike não apareceu nenhuma vez, nem a distância, provavelmente seguindo ordens de seu chefe, mas ainda assim era doloroso saber que absolutamente ninguém iria confortá-lo em sua doença.

Entediado Ian resolveu dormir para aproveitar o colchão confortável e os lençóis macios, era melhor do que sentir pena de si mesmo. Afinal a culpa era dele e somente dele por estar em tal situação, foram suas escolhas que o levaram até ali, no final Ian só estava lidando com as consequências dos próprios atos.

Já estava escuro quando o som de batidas na porta o despertou, provavelmente algum funcionário da mansão trazendo a sua refeição ou seus remédios, mas para sua surpresa era Dolores informando que o jantar seria servido em breve e que o chefe o esperava para a refeição.

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