The black out

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Point of view Samanun

- Deve ter uma caixa de velas por aqui. - Resmunguei enquanto revirava os objetos da gaveta, tentando achar no tato uma caixa de velas. Aquele Black-Out havia me pego de surpresa e eu honestamente não sabia se estava mais raivosa pela luz ter acabado, ou se era pela queda da luz ter atrapalhado algo que eu sabia que não haveria possibilidades de se repetir. Respirei fundo e balancei a cabeça, voltando a me concentrar na busca pelas velas.

- Mon, ache por entre as almofadas o meu celular, me lembro de ter colocado ele aí. - Pedi.

- Ok, baby. - Ela disse de forma carinhosa. "Baby", sua voz se repetiu na minha cabeça, eu sorri feito uma boba, meu rosto inteiro ruborizou e eu senti cada gota de sangue aquecer meu rosto. Sorte minha estar tudo escuro, seria estranho ela ver aquela minha reação.

- Achei! - Ela exclamou e a luz do aparelho amenizou a escuridão.

- Certo, agora ilumine aqui, tenho certeza que as velas estão nessa gaveta. - Eu disse, ela se aproximou de mim e iluminou a gaveta. Bem ao fundo, achei a caixa de velas, junto com uma caixa de fósforos.

- Perfeito! - Peguei as duas caixas e coloquei sobre a mesa de centro. Tirei uma vela da caixa e risquei um fósforo, o pavio queimou e a luz amarelada daquela chama clareou parte do lugar. Pinguei um pouco de resina sobre a mesa e firmei a vela ali. Mon ascendeu outras duas e repetiu o mesmo processo, logo, o lugar estava razoavelmente claro. Voltamos a nos sentar no sofá e foi inevitável o silêncio que se instalou entre nós. Olhei para Mon e a mesma estava de cabeça baixa, alisando as próprias mãos. Parecia nervosa, ou constrangida. A baixa iluminação das velas a davam contraste. Seus cabelos castanhos se destacavam na luz amarelada, os olhos da moça refletiam aquelas chamas que ela tanto encarava. Ela suspirou pesadamente e soltando o ar, ela me olhou.

- Jamie me procurou hoje. - Mon disse em voz baixíssima, quase não consegui ouvi-la. Engoli seco de imediato. Ouvir aquilo me fez temer algo que desconhecia. Reproduzi um som nasal, indicando que ela desse continuidade. - Ele foi me pedir desculpas pelo que fez, pediu para reatarmos também. - Mon começou a esfregar os braços como se estivesse com frio, notei seus olhos inundarem e foi amargo ver as primeiras lágrimas escorrerem por seu lindo rosto.

- E qual foi sua decisão? - Perguntei, logo depois sequei suas lágrimas com a manga do meu casaco. Ela ergueu seu rosto e sorriu com pesar.

- Eu jamais voltarei para ele. - Ela disse e por mais que fosse egoísta sentir aquilo, foi instantâneo o alívio que se alastrou em meus batimentos. Novamente tudo tornou-se um silêncio de suspiros e batimentos cardíacos.

- Sam, posso lhe fazer uma pergunta? - Mon perguntou repentinamente, balancei a cabeça confirmando. Ela me olhou profundamente e por instantes, me senti miserável. Os olhos vermelhos da mulher fizeram minha alma se despedaçar, minha única vontade era de abraça-la e simplesmente roubar tudo aquilo que ela sentia para mim, mas eu não podia. Ela suspirou deixando uma lágrima escorrer. - Tem algo de errado comigo, Sam? Tipo, algo de errado com minha aparência? Eu não sou bonita? Eu... sou burra?

Eu senti imensa vontade de rir daquelas perguntas. Não que aquilo fosse engraçado, mas que fosse absurdo uma garota daquele porte, com imensa beleza e inteligência, me perguntar aquilo. Eu peguei em sua mão e acariciei sua pele macia suavemente. Novamente eu olhei para Mon e tentei acreditar que realmente havia escutado aquela pergunta. Era impossível para mim acreditar que uma mulher linda como Mon estava se sentindo insegura, mas eu entendia perfeitamente a sensação que ela estava tendo.

- Posso ser honesta mesmo? - Perguntei e ela assentiu. - Não acho que tenha algo de errado contigo, mas sim com o Jamie. Eu não sou capaz de compreender como alguém em sã consciência abre mão de uma mulher tão linda, inteligente e incrível como você. É realmente assustador para mim saber que enquanto uns desejam ter a sorte de receber um mero sorriso seu, exista uma criatura que sinta prazer em cativar suas lágrimas. Não sou capaz de entender como alguém simplesmente joga pelo ralo as chances de acordar todas as manhãs vendo seu lindo sorriso e de poder contemplar seu olhar todos os dias. Não faz sentido que alguém descarte as chances de receber seus cuidados, seus carinhos, seu amor. Eu sinto raiva do Jamie por magoar uma garota como você, e tenho certeza de que não há nada de errado contigo. Você é perfeita... - Eu terminei de falar e agradeci por ter ela ter esperado o término para sorrir lindamente e roubar meu fôlego.

The Last Coffee (Em revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora