LOYALTY II - O passado fica para trás

💍 Capítulo 52 💍

SONG MINGI

A tensão parecia palpável enquanto Mingi mantinha seus braços em posição de pare para os policiais e Arthur, já que estes ainda permaneciam com as armas apontadas na direção de seu pai, e do rapaz que o acompanhava, sendo ele um total desconhecido para si. Desconfiava que era um dos capangas da gangue no qual seu pai estava metido.

— Podem abaixar as armas, pessoal, eles não irão fazer nada. — Mingi disse, não tirando os olhos do seu pai enquanto o via enfiar as mãos nos bolsos do sobretudo que ele usava.

— Muito obrigado, filho. Eu vim em paz! — Song Kang-ho disse e levantou as mãos em rendição. Mingi se segurou para não revirar os olhos.

— Deixe de papo furado e vá direto ao ponto. Como você descobriu esse lugar? — Mingi questionou enquanto sentia seu peito bater fortemente ao encarar o rosto de seu pai depois de tanto tempo.

A relação de Mingi com Song Kang-ho nunca foi algo fácil, e tudo piorou ainda mais quando sua mãe foi embora. A única coisa que se lembrava era que, mesmo morando com Sun-hee, algumas vezes ia escondido na casa onde morou com seus pais e tentava, mesmo com suas dificuldades, ajudar o mais velho a se reerguer. Porém, tudo que ouvia em troca de todo o seu esforço eram gritos de desprezo e despejos de xingamentos nos quais sempre o apontavam como culpado por ter feito o amor da vida de seu pai ir embora. Mingi por um tempo quis acreditar que aquilo era apenas mágoa por sua mãe ter partido, mas as coisas permaneceram assim por tanto tempo, que dentro de seu peito aquilo começara a se tornar uma verdade. Por todos aqueles anos, até este dia, Mingi acreditava nas palavras de seu pai, mas aquilo não passou a doer tanto como doía no passado quando começou a ficar ocupado demais com o planejamento da sua própria empresa e de sua própria vida após tudo o que estava passando. Yunho havia virado sua prioridade, assim como seus amigos e Sun-hee.

Mingi, ainda lá no início, quando se deu conta do império que estava formando, descobriu que poderia seguir em frente sozinho, sem a companhia de seu genitor, já que nunca havia precisado dele para nada. Não precisou dele quando aprendeu a dirigir, não precisou dele pra espantar os monstros que moravam embaixo da sua cama, não precisou dele quando aprendeu a tirar a barba e não precisou dele nem para melhorar seu conhecimento acerca dos negócios que um dia este fora uma grande referência. Assistiu de perto todo o ramo empresarial se solidarizar pelo fato do grande Song Kang-ho ter se perdido e nunca mais se reencontrado, ao ponto de deixar sua maior riqueza — a sua empresa de advocacia — cair em ruínas. Mas assistiu tudo de braços cruzados já que não era mais considerado como filho legítimo de seu próprio pai. Song Kang-ho fingia que Mingi não existia, e Mingi se esforçou por anos para fazer o mesmo, mesmo que tivesse recaídas.

Jurou a si mesmo que seria maior que ele um dia, o que era irônico, já que havia perdido todas as suas empresas e atualmente se encontrava sem nada. Mas o que percebeu quando perdeu tudo o que tinha era que, todo aquele sentimento de conquistar tudo que seu pai nunca conquistou não se tratava sobre ser famoso ou muito sucedido, mas sim sobre amar alguém e lutar por esse alguém mesmo que não restassem mais forças ou, de alguma forma, procurar alternativas para se reerguerem juntos quando as coisas ficassem difíceis. Seu pai nunca havia lutado por sua mãe, apenas a deixou ir embora, assim como nunca havia lutado por seu próprio filho ou sequer havia movido um dedo para ao menos lhe dar um abraço ou um gesto de carinho. Só se lembrava dele pedir mísero afeto apenas quando passou a se sustentar sozinho com a fortuna que fazia seu grande império rodar. E foi assim que Mingi se deu conta era que aquilo nunca foi sobre afetos, mas sim sobre interesses.

— Eu sei que eu sou a última pessoa que você gostaria de ver agora, — disse o Song mais velho, dando um suspiro pesado enquanto revirava os bolsos do sobretudo — mas eu não vim aqui pra te incomodar ou chatear você. Eu vim aqui por conta disso aqui. — então o grisalho tirou o celular do bolso, e após alguns cliques, virou a tela do aparelho para Mingi, o que imediatamente lhe fez arregalar os olhos quando viu o que tinha naquela foto.