Tamaya
Estava impressionada com a capacidade das minhas mães, estava impressionada com todo o mar de confusões que elas eram quando estavam preocupadas comigo, como se eu ainda fosse uma adolescente em perigo.
— O que vocês duas tem na cabeça para agir assim? — retruquei, entrando em nossa casa, e retirando a jaqueta do corpo.
— Você sumiu, não atendeu o telefone e não estava no estúdio, nem na casa do Alec, nem na sua avó, nem um lugar nenhum, o que queria que pensássemos, Tamaya?
Margot respondeu, irritada, sentando no sofá com tudo, e deixando explicito sua raiva de toda a situação. Lis apareceu e sentou-se ao seu lado, e eu apenas fiquei parada em frente as duas, olhando-as, impressionada pela loucura.
— Vou fazer vinte e cinco anos, qual é o problema de vocês? — perguntei, ainda indignada.
Lis estreitou seu olhar pra mim, ficando furiosa pela minha rebeldia.
— Olha esses modos, mocinha, sempre iremos estar preocupadas por você, e não custava nada avisar que dormiria fora, não acha?
Passei meus dedos entre o meio do meu cenho, estressada, minha cabeça doía, me fervia os pensamentos todos os malditos acontecimentos de horas atrás, sobre as palavras escritas no papel, sobre as atitudes idiotas e inúteis de Esther, em querer me afastar, em tudo, em tudo de bagunçado que estava se tornando a minha vida.
— Vocês não tinham o direito de ir até a casa da Esther e muito menos de descobrirem o endereço dela, isso foi errado, muito errado, não sou criança e não tenho que avisar a cada maldito movimento que dou, será que conseguem entender? — explodi, com rudeza e frieza.
Nada em mim se encontrava alinhado; tudo estava deslocado e eu não tinha condições de lidar com isso, muito menos com sermões desnecessários como esses.
Margot levantou-se, pronta para atacar, mas Lis a segurou, tentando acalmá-la.
— Tamaya — seu tom de voz áspero, estava ali, presente e dominante.
— Não se preocupem, vou procurar um novo lugar para morar, pois já percebi que continuar aqui não está funcionando.
Lis abriu a boca, surpresa, enquanto Margot ficou tensa, mas sem reagir. Eu mesma estava surpresa com minha resposta ácida e incerta se realmente queria aquilo, se estava pronta para deixá-las agora. Mas o caos dentro de mim era demais para suportar, e precisava desaparecer; era tudo muito esmagador.
Olhei para ambas, sem saber o que estava rolando comigo, apenas saí, indo em direção ao meu quarto, deixando-as ali, sozinhas.
💋💋💋
Cheguei ao evento tão aguardado pela tia Kate, câmera em punho, pronta para capturar cada momento. Para garantir a cobertura completa, contratei dois fotógrafos adicionais, pois o evento era vasto e impossível de abarcar sozinha. Eu precisava desse evento para desviar meus pensamentos; tudo estava desmoronando, e eu estava à beira de cometer atrocidades se o turbilhão de confusões não cessasse.
Um mês havia se passado desde os eventos e a descoberta sobre Olívia Flores, e já fazia um mês que não via Esther Campbell. Isso me tirava o sono todas as noites. Perdi a conta de quantas vezes fui ao bar para me embriagar e me atormentar com as lembranças de seu veneno, que se impregnou na minha pele, no meu coração e nos meus pensamentos.
Havia um bar perto da minha nova residência. Mudar-me às pressas não foi uma tarefa fácil, especialmente por não poder ficar perto de minhas mães, sentindo-me tão responsável por tudo que ocorreu. Quando Olívia quase destruiu os negócios da minha família com suas mentiras espalhadas nas redes sociais, a culpa me consumia. Era insustentável continuar vivendo com elas, carregando a culpa pelo caos que Olívia Flores introduziu em suas vidas. Eu não sabia como me comportar ao lado delas e estava fora de questão revelar-lhes a verdade, pois me faltava coragem. Não sabia quais seriam as reações e não estava disposta a pagar para ver. A decisão mais sensata era me distanciar o máximo possível, para assim viver meu caos em paz, sozinha, sem ferir ninguém. Sem ser a causa da dor de alguém.
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Odiosa fascinação [+18]
RomanceQuando dizem por aí, que o proibido é sempre mais gostoso, muitas vezes não entendemos o que isso quer nos dizer. Mas quando provamos dessa adrenalina, tudo começa a fazer sentido. Tamaya não pretendia provar do perigo, não pretendia porque sabia q...