Diário de uma rapariga solitária

Repetição

Pensei novamente no que temia,

Não sou aquilo que queria.

Quero estar feliz, despreocupada e
sem pensar,

mas a minha mente volta a um

caminho sem volta a dar.

É exaustivo, é como se o caos que habita

em mim  quisesse se aprofundar,

leva me, enforca me, mas não me mates,

não me deixes cair!

É uma repetição.

Demorei a reerguer me,

a cada dor era uma crise,

uma pior que a outra.

Hoje já me sinto firme, com os pés

assentes num piso relaxado e cuidado.

Olho o meu reflexo, não aprecio, não gosto,

e não quero aceitar. Será que preciso mudar?

Não entendo se são apenas vozes...

Ela é mais bonita,

é sempre a mesma situação,

isto sem dúvida é uma perdição.

Estou em casa, é meu abrigo.

Posso descansar - eu achava - mas não consigo negar.

Sinto uma vontade, não resisto,

cada passo é um arrependimento.

É uma repetição.

O dia seguinte é mais claro, olho para a balança e não posso suportar,

já perdi a esperança.

Quero me sentir bem, contente e aliviada.

Estou desconfortável,

não me perguntes se estou bem.

Tu não queres saber, não mereces,
e não consegues ouvir.

E por fim ainda esqueces.

É uma repetição.

Olho o meu reflexo, não aprecio, não gosto,

e não quero aceitar. Será que preciso mudar?

Não entendo se são apenas vozes...

O que será que pensam do meu ser?

Sempre atenta, sempre em conflito, estou presa. Os meus esforços são nulos.

O amor é complicado,

talvez seja por isso que ele me tenha abandonado.

Serei culpada?

Ela parece mais aceitável, até prestável.

Mais contente, mais apreciada.

E eu? Cada vez mais magoada,

destruída e cada vez mais apagada.

Ela nem imagina, não sabe o que sente,

nem o objetivo do amor e do saber amar.

Nunca foi sobre outra pessoa,

e sim sobre o meu ser,

A minha perfeita imperfeição.

Não preciso de falar sobre este sentimento - acreditava eu - mas também não pretendo que fique mais intenso.

Não há dúvidas...

É uma repetição.