Por você, desci até a camada mais profunda do Tártaro.
Fiquei frente a frente com as Parcas e por pouco, não tive o meu fio da vida cortado. Arrisquei a minha vida em troca de tentar salvar a sua. Sua alma já antes condenada.Barganhei com Hades para tê-la comigo, afinal, não suportaria existir num mundo caso você não estivesse viva.
E antes de deixar-nos ir, o senhor do Tártaro avisou-me. As consequências sempre seriam inevitáveis para aqueles que deixassem o Tártaro com as almas prometidas.De volta à superfície, vivendo nossa alegre vida, me esqueci que você era como as flores de Perséfone, apareciam na primavera apenas, no inverno morriam pela neve. Em alguns momentos a sua desvanecia, seu calor também. Tornava-se fria, distante. Era tão fria que eu poderia me queimar enquanto tentasse te abraçar por muito tempo.
Certa vez, eu havia chegado muito perto de ti, banhando-me com o seu brilho solar e apolíneo. E como consequência, eu caí. Exatamente como Ícaro despencando dos céus por ter ignorado os avisos de seu pai sobre a proximidade com o satélite.
Ignorando os avisos daqueles próximos a mim, me vi solitário, caindo para a morte. Entretanto, diferente de Ícaro, eu recebi auxílio de uma criatura ao fundo do mar, que me tirou de lá antes do término de minha vida.
No instante em que estava a salvo, você surgiu, desculpando-se e me segurando em seus braços. Convenceu a mim de seu infinito amor. Só então dei-me conta de quanto o infinito pode se tornar finito nas mãos dos seres humanos. Escapando feito grãos de areia por entre os dedos da mão.
Não muito depois, você acertou a mim, em meu calcanhar de Aquiles. Ignorando todo o meu amor para me ferir no lugar certeiro e irreversível. De volta ao Tártaro, entretanto sozinho desta vez, Hades me sorriu e então me recordei de seu aviso.
De fato, as almas antes prometidas, não poderiam escapar de seus destinos.
Eu a vi se desintegrar em fumaça pelas mãos do Lorde do Tártaro e na instância em que suas orbes escuras me fitaram, eu fugi.
Tempos depois, me dei conta de que Hades havia me deixado partir. Apenas desejou que antes de partir, meu laço contigo fosse cortado para que eu pudesse viver livre de ti e seu amor sazonal.
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Como as flores de Perséfone.
Poetry"De volta à superfície, vivendo nossa alegre vida, me esqueci que você era como as flores de Perséfone, apareciam na primavera apenas, no inverno morriam pela neve".