Depois de um dos banhos mais longos da minha vida e com aquele vestido dentro de uma sacola que arranjei pelo quarto, desci as escadas de fininho.
— A polícia está atrás do culpado, estamos tentando resolver a situação o mais rápido possível — o som da TV era auditável quando cheguei ao último degrau.
Abri a porta da frente e sai, senti minha visão ser ferida pela luz forte do sol, corri até a lata de lixo e joguei a sacola com o vestido da noite anterior ali.
Quando olhei para o outro lado da rua, um carro preto de vidros escuros estava estacionado e eu podia jurar que vi algo se mexer lá dentro. E quando estreitei os olhos, ele entrou em movimento, virando a primeira esquina.
Eu estava ridícula, então voltei para casa apressadamente.
Quando fechei a porta, tentando ao máximo não fazer barulho, ouvi:
— Posso saber onde esteve mocinha?
Meu sangue gelou, eu conhecia aquela voz como conhecia a palma da minha mão.
Me virei para encarar o homem de porte alto a minha frente.
Rugas já começavam a aparecer abaixo de seus olhos, os cabelos pretos já possuíam fios brancos.
As vezes eu agradecia por não parecer com o meu pai, meus cabelos eram como os de minha mãe e mesmo que eu possuísse a mesma cor de olhos que ele, eram mais puxados.
— Estava no meu quarto, apenas fui pôr o lixo para fora caramba — tentei soar o mais confiante e relaxada possível.
Quando passei ao lado de meu pai, sua mão calejada agarrou meu pulso.
— Você sabe muito bem a que estou me referindo, Emily — sua voz já tomava aquele tom rigoroso.
— Não era lugar nenhum.
— Não? — ele disse cheio de deboche — lugar nenhum onde meu motorista teve que te buscar por você não aguentar nem ao menos andar?
Meu corpo travou. Ah não...
— E ainda por cima chegou toda imunda aqui — ele me puxou para trás novamente, para que eu pudesse encará-lo — sabia que tem um criminoso andando por essas ruas e matando pessoas? Com certeza não, sua tola.
Ele praticamente cuspiu as palavras na minha cara. Puxei meu pulso de volta.
— Minha vida não é da sua conta.
Raiva brilhou no olhar azulado de meu pai.
— Você acaba com a reputação da nossa familia e diz que não é da minha conta?! Sabe o que estão comentando na imprensa? Sabe o que falam de você? Você sabe o que é ser uma Carson porra!? Quando aparecer morta quem será responsável por você em??
Mídia, reputação, foda-se que eu ainda fosse uma garota negando a morte e esquecimento da mãe.
— Eu nunca pedi para ser uma! — gritei de volta e senti a discussão de ontem vindo a tona, tudo que ele me disse... meus olhos ardiam, mas eu não podia chorar, não ali — Minha mãe deve ter ficado feliz depois de sair desse inferno!
Então meu rosto ardeu.
Olhei para ele, raciocinando ainda.
Aquilo fora um tapa... e que tapa forte da porra.
— Você não ouse-
— Ouso falar dela? — contestei, sentia a raiva transbordar, e eu sabia que minha madrasta estava na porta — Você que não tinha o direito de apagar ela de nossas vidas sem nem ao menos saber o que eu pensava! E então se casou com essa bruxa e brinca de casinha desde então enquanto eu não suporto mais ver essa casa sem lembrar dela!
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𝓨𝓸𝓾𝓻, 𝙵𝚘𝚛𝚎𝚟𝚎𝚛 𝘢𝘯𝘥 𝙀𝙫𝙚𝙧
RomanceEsse criminoso promete ser a catástrofe de sua vida, um serial killer contratado para tirar a vida de Emily Carson. Maldito seja Kael Antonella.