꧁•⊹٭𝙲𝚊𝚙í𝚝𝚞𝚕𝚘 02٭⊹•꧂

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Depois de um dos banhos mais longos da minha vida e com aquele vestido dentro de uma sacola que arranjei pelo quarto, desci as escadas de fininho.

A polícia está atrás do culpado, estamos tentando resolver a situação o mais rápido possível — o som da TV era auditável quando cheguei ao último degrau.

Abri a porta da frente e sai, senti minha visão ser ferida pela luz forte do sol, corri até a lata de lixo e joguei a sacola com o vestido da noite anterior ali.

Quando olhei para o outro lado da rua, um carro preto de vidros escuros estava estacionado e eu podia jurar que vi algo se mexer lá dentro. E quando estreitei os olhos, ele entrou em movimento, virando a primeira esquina.

Eu estava ridícula, então voltei para casa apressadamente.

Quando fechei a porta, tentando ao máximo não fazer barulho, ouvi:

Posso saber onde esteve mocinha?

Meu sangue gelou, eu conhecia aquela voz como conhecia a palma da minha mão.

Me virei para encarar o homem de porte alto a minha frente.

Rugas já começavam a aparecer abaixo de seus olhos, os cabelos pretos já possuíam fios brancos.

As vezes eu agradecia por não parecer com o meu pai, meus cabelos eram como os de minha mãe e mesmo que eu possuísse a mesma cor de olhos que ele, eram mais puxados.

Estava no meu quarto, apenas fui pôr o lixo para fora caramba — tentei soar o mais confiante e relaxada possível.

Quando passei ao lado de meu pai, sua mão calejada agarrou meu pulso.

Você sabe muito bem a que estou me referindo, Emily — sua voz já tomava aquele tom rigoroso.

Não era lugar nenhum.

— Não? — ele disse cheio de deboche — lugar nenhum onde meu motorista teve que te buscar por você não aguentar nem ao menos andar?

Meu corpo travou. Ah não...

E ainda por cima chegou toda imunda aqui — ele me puxou para trás novamente, para que eu pudesse encará-lo — sabia que tem um criminoso andando por essas ruas e matando pessoas? Com certeza não, sua tola.

Ele praticamente cuspiu as palavras na minha cara. Puxei meu pulso de volta.

Minha vida não é da sua conta.

Raiva brilhou no olhar azulado de meu pai.

Você acaba com a reputação da nossa familia e diz que não é da minha conta?!  Sabe o que estão comentando na imprensa? Sabe o que falam de você? Você sabe o que é ser uma Carson porra!? Quando aparecer morta quem será responsável por você em??

Mídia, reputação, foda-se que eu ainda fosse uma garota negando a morte e esquecimento da mãe.

Eu nunca pedi para ser uma! — gritei de volta e senti a discussão de ontem vindo a tona, tudo que ele me disse... meus olhos ardiam, mas eu não podia chorar, não ali — Minha mãe deve ter ficado feliz depois de sair desse inferno!

Então meu rosto ardeu.

Olhei para ele, raciocinando ainda.

Aquilo fora um tapa... e que tapa forte da porra.

Você não ouse-

— Ouso falar dela? — contestei, sentia a raiva transbordar, e eu sabia que minha madrasta estava na porta — Você que não tinha o direito de apagar ela de nossas vidas sem nem ao menos saber o que eu pensava! E então se casou com essa bruxa e brinca de casinha desde então enquanto eu não suporto mais ver essa casa sem lembrar dela!

𝓨𝓸𝓾𝓻, 𝙵𝚘𝚛𝚎𝚟𝚎𝚛 𝘢𝘯𝘥 𝙀𝙫𝙚𝙧Onde histórias criam vida. Descubra agora