capítulo 44

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A vontade que Sam sentia de se dissipar naquele momento era enorme. Ter que falar aquilo estava lhe doendo antes mesmo de realmente dizer. E olhar para o rosto alarmado de Mon não facilitava.

- Querida, senta aqui comigo. - Sam pediu ao sentar-se na ponta da cama e Mon mesmo incerta, sentou-se virada para ela.

Sam rapidamente pegou a mão livre de Mon, e a segurou fazendo um pequeno carinho.

- Pare de fazer essa cara. Diga logo, Tee vai embora, não é? Essas malas são dela?

- É...bom, quase isso. Acontece... acontece que... - Sam olhou perdida pelo quarto tentando buscar as palavras.

- Você vai junto? - Mon falou olhando fixamente para a garota.

Sam soltou um suspiro e assentiu, tendo sua vista baixa.

- Eu nunca planejei ficar aqui, Mon. Eu deveria ter te contado antes, mas não consegui fazer isso. Desculpe. - nesse momento seus olhos encontraram os de Mon, e a mesma parecia assimilar tudo.

- Quando você parte?

- Daqui a pouco. Yuki passará aqui para nos pegar. - Sam disse com sua voz fraca, estava extremamente nervosa. Mal se lembrava da última vez que havia ficado daquele jeito.

- Você vai voltar para a casa da sua avó? - Mon falou ainda em um estado normal, Sam chegou até a encara-la outra vez.

- Sim. Mas de lá eu pretendo ir para Miami. Minha melhor amiga mora lá. Estamos planejando minha ida há algum tempo.

Sam sentiu o olhar intenso de Mon sobre si, aos poucos a freira pareceu absorver suas palavras, e assentiu de forma lenta, deixando seus olhos para fitar outra direção.

O silêncio se tornou gritante dentro do quarto, Sam até desejou que Mon gritasse consigo, lhe batesse, xingasse, ou fizesse qualquer outra coisa. Mas ela permaneceu quieta, com um semblante impassível.

- Eu já esperava por isso. - Mon murmurou após um tempo. - O celular foi apenas um pretexto, não é mesmo? - a freira ergueu seu rosto e riu, negando logo em seguida.

- Era para você manter contato com sua mãe, mas também gostaria de continuar falando com você, caso queira. - Sam engoliu em seco. - E eu gostei muito, Mon... Eu gostei disso que tivemos e...

- Já entendi. - Mon puxou a mão levantando-se. - Boa sorte. - a mesma forçou um sorriso, mas o mesmo saiu triste.

- Mon... eu não queria, mas não posso ficar aqui. Não é o que eu quero. - Sam levantou tentando se aproximar, mas Mon deu um passo para trás. - Me desculpe.

- Pelo que? Você é livre, Sam.

- É que nós... - sua voz saia notoriamente falha. Pareciam que navalhas haviam sido introduzidas em sua garganta.

- Não existe nós. - Mon disse com mágoa a olhando.

Sam respirou fundo, passando a mão por seu cabelo. Como era difícil, preferia realmente estar pulando uma fogueira do que passar por aquilo. Só queria ir embora do Saint Prier e levar Mon consigo.

Ao ter a mínima esperança em seu peito, olhou para Mon e a mesma parecia estar com os pensamentos distantes.

- V-você poderia vir comigo, e... - disse receosa, Mon a fitou com a cenho franzido.

- Sabe que não posso fazer isso.

- Você pode, Mon. - deu mais um passo para perto. - Se quiser. - murmurou, levando uma mão para tocar o rosto da freira, mas a mesma se esquivou.

- Não Sam. - a voz da mesma parecia sair sufocada. Ela suspirou, e encarou Sam com olhos marejados. - Espero que dê tudo certo para você em Miami, você merece.

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