Pelúcia

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 Carol estava morta, não foi tão ruim assim.

Lidar com a morte era algo que Diego descobriu que não era bom, desde as mais simples até às mais brutais que estava sendo obrigado a presenciar, mas o'que de fato entristecia o loiro era a situação de Emi, ela não precisava estar vendo tudo aquilo ou passando por isso, ela é apenas uma criança, talvez essa fosse uma das razões de Lucie querer protegê-la, agora mais do que tudo, Diego compartilhava desse mesmo sentimento.

Houve mais um ataque a poucos segundos atrás, enquanto o resto da equipe fugiu, Pete jogou Diego e Emi atrás de algumas caixas grandes da instalação, passando despercebidos pela enorme criatura. O loiro estava encolhido entre um dos caixotes e a parede, olhos fechados com força para dispensar o medo enquanto os braços seguravam firmemente Emi, a garota estava encolhida no colo do brasileiro, mãos pequenas e geladas segurando com força o tecido de seu casaco. Pete estava acima deles, deixando a menina pressionada contra os dois homens, como um casulo, o soldado deixou ambas as mãos ao lado da cabeça de Diego, mantendo duas testas encostadas, deixando o ar quente de suas respirações inundar a tensão do momento.

Quando o apenas o cantar do vento frio restou, se permitiu abrir lentamente os olhos, ainda sentindo o coração pular entre suas costelas. Seu olhar se conectou ao de Pete, o zelador já o olhava talvez a algum tempo, mas isso não importava, essa conexão entre o castanho e o verde se tornou natural para Diego, até parecia que faziam isso há anos.

O brasileiro nunca foi de ter crenças ou seguir alguma religião, mas já ouviu falar sobre vidas passadas e os sinais que elas dão durante suas próximas vidas, não saberia dizer se seria isso, mas o sentimento de conhecer Pete a muito tempo era indescritivelmente real.

Você está bem? — A preocupação da voz do soldado era quase imperceptível, mas fez com que se tornasse ainda mais grave do que a convencional, fazendo Diego se arrepiar — está com frio?

O loiro nega com a cabeça para a pergunta do soldado, quebrando a conexão de olhares para ver o estado de Emi, a garota tremia ocasionalmente, Diego jura que sente a região de seu ombro úmida, provavelmente de um choro mudo por parte da pequena em seus braços, fazendo o coração do loiro doer.

— Emi... — a garota murmura um "Hm" em resposta — ele já foi, está tudo bem

A frase foi como acionar uma alavanca, os soluços finalmente escapam da garota, que passa os braços pelo pescoço de Diego, enterrando o rosto ali.

Eu quero meu pai, quero minha casa — Emi fala em meio aos soluços, nem conseguindo manter o inglês.

Pete não sabia muito do idioma, mas algumas palavras poderiam ter sonoridades parecidas, e o choro apenas reforçava a ideia que a pequena queria algo de volta. Não que ele tivesse experiência com crianças, mas ele não é sem coração, entendia que precisava acalmá-la e a confortar, mesmo não sabendo como, ele tentaria seu melhor.

Eu sei garota — Diego dá uma batidinha na touca de Emi — Nós vamos dar um jeito

A garota cantarola baixinho, se conformando com o que lhe foi dito, mas os dois homens sabiam que até mesmo ela já havia entendido a realidade agora.

Os dois adultos se levantando, Pete auxiliando Diego que estava segurando a garota chorosa. O soldado usava um dos braços para circular a cintura do brasileiro para o puxar e o manter por perto, para caso de qualquer nova ameaça. O contato nitidamente íntimo, estranhamente não era um incômodo para Diego, na realidade ele poderia agradecer pois o toque o firmava na realidade, o tirando dos pequenos devaneios devido ao estresse.

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