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Uma coisa que você nunca se esquece foi do momento em que você e Javier se conheceram, aquele dia, de fato foi  inesquecível...
Como um membro da gangue Van Der Linde, você sempre esteve ao lado de Dutch, até para missões mais pacatas e duvidosas que a cabeça daquele homem insano podia bolar...

Afinal, Dutch era sua família, ele te acolheu quando ninguém mais fez o mesmo, o mínimo que você poderia fazer por ele, era conceder sua lealdade.

Você e Dutch haviam se preparado pra roubar galinhas, estúpido? Sem duvidas, mas a gangue tinha fome, e você não vai deixar John, Arthur e qualquer outro membro passar fome, pois vocês da gangue são uma grande (e problemática) família.

O plano era simples, entrar furtivo no galinheiro de um fazendeiro local e roubar algumas galinhas pra comer. Você se engalfinhou pela cerca de madeira, com o seu líder bem atrás de você, seguindo seus passos. Seus pés se enroscam na cerca, fazendo você cair, com as mãos no barro, em uma queda desengonçada, mas que não te impediu de ir furtivamente, até o galinheiro daquela pequena fazenda, as galinhas eram gordas, e fartas, havia bastante milho a disposição nos comedouros onde ficava alojado as alimentações, e bem, você nunca tinha visto tantas galinhas em um único lugar, haviam o bastante pra que o dono não desse tanta falta. Mas por ironia no destino assim que você colocou suas mãos em uma das galinhas com Dutch, as madeiras podres do andar de cima do galinheiro velho se quebraram, fazendo um homem de pele morena, cabelos cumpridos pretos lisos, desmoronar e se estrebuchar no chão duro, na frente de vocês, e por reflexo, você puxou seu revolver apontando pro mesmo.

Você viu os olhos do homem brilharem em um brilho desesperado de morte, como um cervo cercado por lobos, só que esses lobos estão armados, e com galinhas nos braços.

“Não vamos te machucar, só queremos algumas galinhas” Dutch diz enquanto você ainda aponta a arma pro homem quem você deduz ser o dono das galinhas, o semblante do rapaz era desespero.

“No dispares, solo buscaba comida” O homem diz em espanhol, deixando as mãos amostras.

“Latino?” você pergunta, basicamente ligando o 2+2, percebendo que esse homem muito provavelmente esta fazendo o mesmo que vocês.

“Sí!” ele responde olhando pra você, enquanto você vê as mãos magras dele, e seu rosto escorrendo uma gotícula de suor.

“O que ele disse ?” Dutch pergunta confuso, sem entender por completo o diálogo dos sul americanos, já que ele não fala português ou espanhol.

“Eu também!” Você diz em português, ok, você faz um pouco de sotaque pra parecer no mínimo um portunhol, mas o importante é se comunicar.

“No mames” ele diz, você basicamente consegue ver o alivio do homem mexicano na sua frente, e pra falar a verdade  você também esta animado, depois de tantos anos apenas ouvindo inglês 24/7, ouvir qualquer língua parecida com a sua é uma bufada de ar fresco, e pra falar a verdade, esse homem magrelo, e faminto parece ter o mesmo sentimento.
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Foi naquele dia que Javier entrou pra gangue Van Der Linde, foi naquele momento em que Dutch resolveu mais uma vez ser um pai pra outro desabrigado.
A entrada de Javier na gangue foi um pouco tanto caótica, nos primeiros dias ficou de escanteio, te seguindo pra cima e pra baixo, já que você era o único que entendia mais ou menos o que ele dizia, e conseguia ser a pessoa que mediava as conversas, mas quando você não estava por perto, Javier faltava arrancar seus cabelos por não conseguir falar inglês adequadamente com o resto do pessoal.
Como latinos, vocês naturalmente já tem uma certa irmandade de se defender como cães de briga em uma matilha, e bem, cães de rinha se encaixam bem no perfil de ambos.
Em uma noite comum, Javier estava tocando um violão, perto da fogueira, a gangue sempre faz pequenas confraternizações durante a noite no acampamento, e então Javier adquiriu o hábito de tocar violão pra todos, pois ele sente que tocando pra gangue, pelo menos eles se conectam, já que não falam a mesma língua.
Bill, um dos membros da gangue, sempre vira um canalha quando bebe, e provavelmente é um canalha sóbrio também, mas você nunca se esforçou muito pra conversar com ele, então não foi surpresa quando ele bêbado, fez algum comentário sobre Javier não calar a boca, usando uma palavra inadequada pra se referir a mexicanos. Sua reação genuína foi olhar pra ele com raiva, dizendo entre os dentes;

Cães de Briga - Javier Escuella x M!readerOnde histórias criam vida. Descubra agora