Do outro lado da tempestade

Prólogo [Como nós nos conhecemos]

"De onde viemos? Para onde nós vamos? Teremos um pagamento pelos nossos pecados? Será que essas perguntas realmente importam?" Perguntas e mais perguntas se digladiavam em sua mente. Para Sierra, quando você vê o mundo por trás de uma mira telescópica por tempo demais, você para de pensar no mundo ao seu redor, você aprende a ver o mundo pela mira; você passa a apreciar aqueles últimos segundos da vida de alguém. Sempre achou que isso o deixaria mais frio, mas agora ele vê o real valor da vida ao saber o quão fácil e rápido ela pode acabar. Mesmo pelos monstros que ele não deveria sentir nada, sente algo. É tão estranho, quase inexplicável, surreal se você o perguntar.

Barrett M107, calibre .50 "leve", 10 balas em um pente, com uma efetividade de até 1.8 KM. É um rifle de precisão anti material, o que significa que funciona não apenas contra alvos humanos, mas também contra alvos motorizados, construções, até mesmo aeronaves não estão fora do que essa arma pode derrubar. Mas por que Sierra gosta tanto dessa arma? Pelo seu poder de fogo. É quase como um respeito às suas vítimas, uma morte indolor. A maioria dos snipers são sádicos, gostam de acertar e deixar suas vítimas sangrando para serem resgatados, momento onde o atirador de elite faz disparos secundários em mais vítimas. "Engraçado, já ouvi dizer que não tem inocentes em uma guerra, mas e se os inocentes existem e a essa inocência apenas é perdida mediante os horrores do combate? Ah, que se foda essa filosofia" ele murmura para si mesmo.

Ele está em um prédio, no último andar para ser mais específico. Sua missão com uma arma tão potente quanto a que tem em mãos? Eliminar um alvo importante para a sua organização. Mas quem são eles? O "Vento de cemitério" é uma organização governamental que age fora das leis comuns para ir onde outras organizações não podem ir; Carta branca para agir a qualquer momento sob as ordens da doutora Kassie, a líder de sua equipe, equipe 6. Por que doutora? Oh, ela é uma médica e também cientista, foi ela a primeira mulher a descobrir como transformar simples pokémons em anthros, um avanço incrível para a sociedade pokémon já que não só os permitiu andar de duas patas, mas também os permitiu trabalhar e agir como humanos. Claro, ainda tem aqueles que preferem manter suas formas originais, mas isso são outros casos. Em sua maioria, todos aceitaram isso de bom grado.

- O alvo está visível, Sierra? - Uma voz soa no seu ouvido por meio do comunicador.

- Ainda não. Estou aguardando contato. - Deitado, se levanta, caminha e se senta em uma cadeira que está ao seu lado. A frente da cadeira está um aparato tecnológico que o permite ver o prédio, mesmo de longe, além de estar gravando as suas ações. - Tem certeza que esse alvo irá aparecer?

- Essa fonte costuma dar informações verdadeiras, então não temos porque não confiar nele.

- Se você diz. Sierra desliga. - O seu dedo indicador sobe em direção ao ouvido para apertar o botão do comunicador e cortar a comunicação.

E temos o silêncio da rádio. Para o nosso pokémon de pelos rosados e brancos, esse trabalho é um tanto quanto entediante. A ação de verdade estaria em puxar o gatilho, mas ele não gosta de sentir essa ação em puxar o gatilho, isso o faz se sentir pior do que as pessoas as quais está matando. "Será que eu sou pior do que eles? No fim do dia, somos todos assassinos, então que diferença faz?" uma indagação o assombra.

Enquanto ainda pensa, um homem entra no quarto ao qual está de olho. De forma rápida, se levanta da cadeira, se deita no chão com a arma em punhos e abre a mira telescópica para ver o que está acontecendo no quarto. Assim que abre a mira, vê um homem de mais idade, uns 60 anos, e duas garotinhas jovens de no máximo uns 15 anos. "É, com certeza esse é o meu alvo" ele diz para si mesmo em uma voz carregada de nojo. Com sua mão direita, busca ao seu canto direito uma foto do alvo e a puxa na altura do rosto. Uma análise rápida é mais do que o necessário para ver que este é o seu alvo, com toda a certeza. A foto vai ao chão. Agora a mesma mão busca o pente da arma, a pega e coloca na arma para então puxar o ferrolho e colocar uma munição na câmara. Seu olho direito vai em direção a mira, a respiração se torna mais lenta, o que desacelera o coração para um disparo perfeito. Para esse disparo, deve atirar com cuidado devido a distância que estou do alvo. Um simples erro de cálculo e tudo irá pelos ares.