Em frente ao espelho

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      Eu pego meu telefone com esperança de alguém ter me mandando alguma mensagem. Abro meu Whattsapp e me deparo com o nada

-Tudo bem, talvez tenham me mandado algo em alguma outra rede social.- Eu penso com uma esperança que eu não sei da onde veio.

     Abro meu Tiktok, instagram, TUDO e mesmo assim nada. Nem se quer pelo menos uma mensagem, vídeo, foto ou qualquer outra coisa. Somente a avassaladora voz dos meus pensamentos.

     Sento na borda da cama e me pergunto se estão chateados comigo, se eu fiz algo de errado, se eu acabei sendo muito grudento ou chato, se talvez eu não tivesse dado atenção o suficiente, se alguém me achasse insuportável... será que me odeiam? Será que alguém realmente se importa comigo, se alguém choraria se eu simplesmente desaparecesse ou se pelo menos alguém alguma vez já lembrou de mim??? Pelo menos uma vez lembraram da minha existência?

     Percebo que o som do meu pensamento fica cada vez mais alto, então resolvo buscar algo para me distrair. Penso em qualquer coisa que eu possa fazer para ignorar meus perturbadores pensamentos.
     Levanto da cama e olho para o espelho, na qual
fica do lado do meu guarda-roupa. Eu vejo uma imagem familiar... um garoto com lágrimas correndo pelas suas bochechas gordas, vejo gotas de água se formarem pelos seus olhos castanhos a ponto de encharcar-los totalmente, no qual já estão um pouco inchados e vermelhos. Observo melhor e vejo uma figura... uma figura de um garoto. Não sei exatamente quem ele era, parecia garoto qualquer... cabelos marrons, dedos das mãos e pés era gordos, unhas feias, muito feias! Estavam destruídas e roídas!

     Porém... ao mesmo tempo no qual ele aparenta ser um garoto comum, tipo aqueles que você vê andando pela a rua, sabe? Ele não seria um garoto "padrão", sendo sincero eu sinto que ele tem algo de diferente...  e eu não sei dizer exatamente o que seria isso. Acho que ele não se sente aceito e amado como deveria, como ele sentisse que ele não pertence ao seu corpo, seu corpo não pertencesse a sua mente, e a sua mente ao seu DNA.

Ele é triste. Ele é igual a mim.

     Pego novamente o meu celular, e me deparo o quão rápido o tempo se passou. Me espanto ao ver que são 4 horas da manhã. O tempo passa rápido! muito rápido na verdade. Eu chego até mesmo a me surpreender com a agilidade dele! Ele chega ser tão rápido quanto o tempo que as pessoas que fizeram parte da minha vida saíram dela, tão rápido como os bons e intricáveis tempos que eu tive com a minha cadela enquanto ela estava viva, tão rápida quanto... quando eu realmente gostava da minha vida.

     Digamos que o tempo é algo bom e ruim ao mesmo tempo... demorado algumas vezes, enquanto muito rápido em outras. Eu não poderia dizer ao certo se ele me faz me sentir bem ou mal. Eu acho que ele é estranho, além de mudar de "humor" muito rápido. Eu gosto da similaridade entre o tempo e eu mesmo. Não consigo explicar direito o que ele é, assim como eu não consigo me explicar.

     Mais uma vez estando perdido em meus meus pensamentos, não percebo o tempo passar. Ao mesmo tempo que não conseguia dormir, eu estava com muito sono! Mas por mesmo que eu tentasse, eu não conseguia dormir de forma alguma. No meio de minhas filosofias e militâncias me assusto com um barulho. É um barulho comum, todos sempre ouvimos ele pelo menos uma vez na vida... eu não sei você, mas eu simplesmente odeio! E adivinhe o que era? Nada menos que o meu despertador tocando. Isso significa que... eu deveria estar acordando agora!? MAS EU NEM DORMI!!!

- QUE??? 6 horas da manhã? JÁ??? Não não não!!! Isso é certamente impossível! Há 10 minutos atrás eram 4 da manhã! Eu me lembro exatamente de ter visto 4:00 no relógio do meu celular! Esse pedaço de concreto rebocado com plástico e metal já está pifando e eu nem conseguir terminar de pagar! - Reclamo para mim mesmo de uma forma extremamente dramática e exagerada.

     Eu realmente me recuso a acreditar que eu vou ter que ir para a escola sem ter dormido por nem mesmo um minuto! Que injustoo!

     Desculpe, mas temos que concordar que não existe nada, nada mesmo, nadinhaa, nadica de nada pior do que ir para um lugar no qual você é OBRIGADO a ir todo o santo dia durante 15 ANOS da sua vida (exatamente 15 A-N-O-S!), para no final das contas receber uma lavagem cerebral completa, além de não ter um pingo de alto estima restante e vontade de viver, por conta de que em todo esse período você foi brutalmente esculachado, humilhado e socado por aqueles que estão o tempo todo sentados à uma cadeira de distância de você todos os dias. Eu simplesmente ODEIO esse lugar! Não só o lugar, mas também as pessoas, o cheiro, a energia, o barulho, TUDO!!! 

      Por mais que os meus protestos façam sentido, eu acho que não vai adiantar muita coisa em eu ficar me debatendo e choramingando por algo que eu não posso mudar. Mas sério, pensa comigo, pra que eu tenho que aprender a diferenciar uma pedra de uma rocha??? Isso não faz o menor sentido! Tá bom...eu já sei o que você deve estar pensando, talvez eu só devesse "calar a boca" e enfrentar a realidade, coisa que todo o garoto faz... (ou pelo menos as pessoas falam que tem que ser).

     Banho tomado, cabelo penteado, mochila arrumada, roupa... (uiui eu sou muito cheirosinho) okay.... acho que está tudo certo. Hora de encarar a realidade e ser um homem maduro!

[Encerramento do capítulo]

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Notas do autor:

      Ultimamente estão acontecendo diversas coisas na minha vida na qual eu não sei o que fazer. Portanto eu resolvi começar a escrever um livro como forma de desabafo.
      O personagem principal da minha história é um garotinho trans chamado Gaby.
Eu nunca cheguei a escrever uma história antes, então peço desculpas a qualquer erro, também agradeceria se vocês me dessem dicas ou ideias!realmente espero q vcs gostem de o que está por vir!

         Qualquer dúvida é só me falar, farei o meu melhor para que vocês gostem desse conteúdo

Flw e até o próximo capítulo 🪶

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⏰ Última atualização: Apr 10 ⏰

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A lanterna de GabyOnde histórias criam vida. Descubra agora