Cuidados com todo amor

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Era uma noite de sexta-feira comum para a maioria das pessoas naquele bar.

O cheiro de batatas fritas e hambúrgueres recém-feitos permeava o ar, enquanto os estudantes universitários ocupavam a maioria das mesas.

Alguns que tiraram um tempinho para ir ao estabelecimento próximo ao campus estavam sozinhos, a companhia sendo apenas os goles de cerveja barata e as conversas das mesas alheias. Outros preferiram aproveitar a noite para relaxar e jogar partidas de sinuca com os amigos mais próximos. O ambiente não ficava nada silencioso com os jovens adultos rindo e provocando uns aos outros enquanto petiscavam porções generosas de batatas fritas mergulhadas em ketchup e maionese.

E para a jovem Minjeong, aquela era uma noite onde ela decidiu fazer um pouco dos dois. Na companhia de duas de suas amigas mais próximas, ela estava decidida a afogar suas mágoas com algumas latinhas de cerveja enquanto enchia a boca vez ou outra de batatas fritas.

E o motivo de sua situação era que a garota estava lutando contra um sentimento que a muito tempo vinha guardando dentro de si.

Minjeong soltou uma risada baixa sem humor algum, tentando afastar os pensamentos enquanto mastigava outra batata frita. Mas nem ao menos o ambiente que estava a ajudava com aquilo.

Apesar de estar sentada do lado de fora, ela não podia deixar de notar alguns casais ao redor, trocando sorrisos apaixonados, o que só aumentava sua melancolia. Sentiu uma pontada de tristeza e o coração apertado. Ela sabia que precisava reunir coragem para confessar seus sentimentos para a garota que vivia em seus pensamentos nos últimos meses, mas as palavras sempre pareciam travar na garganta quando a oportunidade surgia.

E, outro detalhe que a incomodava: como faria isso se elas estavam um pouco distantes nas últimas semanas?

— Melhor você maneirar. — Aeri segurou com delicadeza o antebraço de Minjeong antes que ela virasse outra latinha.

— Ok, e isso aqui é meu. Você já bebeu todas as suas três latinhas. — disse a Ning, pegando a latinha dos dedos frouxos da amiga. — E a Aeri tem razão, acho que já deu pra você hoje, amiga.

— Não, eu estou bem. — Minjeong suspirou, esticando a mão para agarrar o copinho na frente da japonesa de cabelos longos e franjinha. — Tô precisando de uma dose de coragem.

— Mas isso é tequila, e não coragem. — disse Aeri, afastando o copinho da mão da Kim. Ela bebeu o líquido todo de seu copinho antes que Minjeong tentasse o agarrar de novo, soltou um suspiro e olhou para sua namorada. — Vamos levar ela, amor, nossa hora já deu.

— Eu só queria um pouquinho de coragem... — disse Minjeong, formando um beicinho em seus lábios.

A Kim sentia seu peito dolorido. Por que era tão difícil falar o que sentia? Ver a garota mais velha com quem dividia o dormitório todos os dias e sem conseguir falar o quanto seu desejo e amor por ela cresciam dentro de si, só a machucava...

— A coragem não vem da bebida. — disse Aeri, suavemente.

— Eu sei... — Minjeong choramingou, alternando seu olhar entre o casal. — Mas eu só queria...

— Sabemos. — Yizhuo forçou um sorrisinho para tentar levantar o astral da Kim. — Mas é tudo no seu tempo. Você não viu quanto tempo essa lerda aqui levou para perceber que eu gostava dela? — perguntou, apontando com desdém para Aeri. — Foi um longo ano.

A Uchinaga franziu as sobrancelhas, indignada.

— Ei, eu não sou lerda! — resmungou a mais velha.

— É, sim. — Minjeong e Yizhuo falaram juntas, deixando a japonesa mais indignada ainda.

— Chatas... — Aeri balançou a cabeça para os lados. Ela só podia dizer aquilo, afinal, não tinha nenhum argumento para se defender. — Vamos embora.

Cᴏɴғᴇssɪᴏɴ | WɪɴʀɪɴᴀOnde histórias criam vida. Descubra agora