Killan;
Havia passado metade do meu tempo observando essas criaturas vivendo suas vidas, saindo de casa, cuidando dos seus pequenos demônios… eles chamam de crianças, em outras palavras, não havia o que ser dito. Caminho pelas ruas enquanto escuto o vento fazer sua presença, pensando se continuaria assim quando tudo acabasse, quando não restasse nada além de sonhos que nunca aconteceram, pessoas que nunca mais serão as mesmas… Dante não se importaria com nada disso. Imerso em meus pensamentos, olho para frente e vejo Maeve sentada, seja lá o que quer que ela estivesse fazendo ali parada. Caminho para perto antes de suspirar com meu olhar nela.
— Vergonhoso. --- Comentei.
Observo enquanto ela olha para o lado.
— Vergonhoso você estar tentando. --- Explico após ela fazer cara feia.
— Obrigada. — Deu um sorriso fraco enquanto soltou um suspiro em seguida.
— O que foi isso?--- pergunto
— O quê?
— No seu rosto. --- Revirei os olhos.
— Ah. — Ela levou a mão em direção ao corte. --- É besteira.
Olho para o céu, contemplando a sensação do silêncio enquanto o vento batia em minha pele.
— Você é leve como uma britadeira. --- Ela disse.
— Leveza não combina com esse mundo. --- Digo fechando os olhos e respirando fundo.
Virei-me e a olhei de cima a baixo, tentei não encarar e nem soltar nada rude, mas não parecia ser tão fácil como dizem.
— E isso?--- aponto para os braços marcados e roxos.
— Para quem é só o gelo, você é bem curioso.
— Está com medo de que eu descubra algo que eu não deva? -- semicerrei os olhos em sua direção.
— A única coisa que vai descobrir é que meu pai é um alcoólatra descontrolado, e que para proteger minha mãe… fico no lugar dela. --- Ela disse e podia jurar ter visto um sorriso fraco surgir.
Não esperava por essa informação… foi como um soco que havia levado e não conseguisse me levantar. Senti raiva por isso. O queria demonstrar, mas garantidamente.....me deixava irritado saber disso.
Ah, — Ela sorriu. — Não precisa sentir muito.
Viro meu rosto em sua direção, desafiando que ela continue.
— O quê? — ela disse, olhando de volta. — Todos nesse lugar sabem que a filha de Viviane Rossi vive assim… desde os 5 anos de vida, eu acho.
— Nunca pensou em fugir?
— E para onde eu iria? Você mesmo disse que gentileza não combina com esse mundo… O mundo estava se adaptando ao selamento do seu mestre. As guerras haviam acabado e... Quem não podia pagar ficou de escanteio. Acho que essa é a graça. — Ela me olhou. — Não é só a guerra que muda as pessoas, mas vezes a falta dela também. Mas como entrar em um consenso quando todos estão brigando? Mesmo quando não existe um motivo.
— É como você disse, eu odeio demônios, e talvez um dia um deles me matem, e eu vou tentar não morrer até lá, talvez exista algo bom para mim no fim disso tudo, nem que seja minha morte.
— Não ligo para seus insultos idiotas, ou para o seu mestre. Vocês podem queimar no inferno se possível, tanto faz para mim….. Mil anos. – deu uma risada curta. — Mil anos que o filho da puta foi selado e ele ainda assombra todos por aqui. — Se um dia ele voltar… Diz que arrancarei a cabeça dele e pendurarei para todos verem.
Ela virou a cabeça para olhar dentro da casa, que agora havia uma luz ligada.
— É ele. --- ela Disse. — É melhor você ir, não vai querer apanhar também. — Sorriu, indo para dentro da casa.
— Te encontro por aí, killan… . ou talvez não.
Observei até que ela entrasse.
--- Não se preocupe, coelhinha... as coisas nunca mais vão ser as mesmas. --- Murmurei antes de virar e ir embora.
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doce punição
FantasyEra uma vez. Ah, já estamos fartos desse "era uma vez". Uma garota que sonha em lutar contra demônio desde os seus dezessete anos finalmente consegue sua chance, as flores e finais feliz? Deixamos para os livros infantis, ela se encontra em uma bata...