43º Capítulo {Livro Quatro}

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 Após a conversa que tivemos na estrada, Dracomir decidiu nos conduzir até uma estalagem, para que pudéssemos comer algo e descansar antes de seguir viagem, mas temendo que me vissem e me entregassem a marquesa, recusei-me terminantemente a adentr...

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 Após a conversa que tivemos na estrada, Dracomir decidiu nos conduzir até uma estalagem, para que pudéssemos comer algo e descansar antes de seguir viagem, mas temendo que me vissem e me entregassem a marquesa, recusei-me terminantemente a adentrar tal estabelecimento.

Por causa de minha relutância tive de explicar a ele aquilo pelo que passei no Chambord e em resposta obtive sua compreensão.

Dessa forma, o príncipe me deixou escondida num celeiro, nos fundos da propriedade, e se dirigiu ao dono do local para comprar todo o mantimento necessário e os trazer até mim.

Fiquei surpresa ao ver o quanto não lhe preocupa o "ser reconhecido", mas ao avaliar sua situação, conclui que os aldeões não conseguiriam desvendá-lo com tanta facilidade.

É evidente que usa um disfarce e um nome que não é o seu. Coisas que dificultam seu reconhecimento como o futuro rei.

Só o desvendei por estar mais ciente de como são os modos de um cortesão.

Neste momento, encontro-me esparramada sobre um monte macio de feno, lembrando-me do meu resgate anterior, preocupada com minha mãe e minha possível irmã, bem como com os demais membros de minha antiga comitiva.

Aguardo o retorno de meu atual acompanhante sem conseguir retirar os meus pensamentos daqueles que ficaram para trás.

Nossos cavalos se satisfazem com os cereais que encontram espalhados pelo local, além de parte de minha "cama" e ao observá-los entretidos com tais alimentos, só o que espero é que o estalajadeiro não se importe com isso.

— Aqui está! — ouço anunciar o encantador cavalheiro.

Na mesma hora, ponho-me sentada e ajeito minha aparência para recepcioná-lo. Porém, surpreende-me encontrá-lo encharcado dos pés a cabeça, tendo sobre os ombros um caixote de madeira.

Assim, desvio os olhos para a entrada do celeiro e descubro que recomeçou a chover.

Estive tão imersa em minhas preocupações que não havia reparado no barulho calmante que as gotículas promovem ao se derramarem sobre as telhas.

— Trouxe um pouco de vinho, porque o homem não sossegou enquanto não o comprasse, mas não necessita provar disto, caso seja abstêmia — comenta Dracomir, mostrando-me um cântaro que retira de dentro do caixote.

Em seguida, descansa o recipiente com a bebida próximo de uma das colunas de sustentação e passa a depositar entre nós uma vasilha com sopa fumegante e alguns pães numa travessa pequena.

— Espero que a chuva não tenha entrado pelas frestas — prossegue ele, lançando um olhar de esguelha rumo a tampa do caixote. — Detestaria ter estragado o nosso ensopado.

— Tem um aspecto muito apetitoso — asseguro, inclinando-me para inspirar o cheiro das especiarias que foram postas na comida.

— Acabaram de retirar do braseiro — avisa Dracomir, estendendo-me um prato de cobre. — Esteja à vontade.

À Espera da Coroa - LIVRO 4 - CIR.Onde histórias criam vida. Descubra agora