Ok, Cupido - Dimaury

440 36 9
                                    

Ele está escondido no banheiro.

Ele, Amaury Lorenzo, um ator e professor, está escondido no banheiro de um restaurante italiano muito bom depois de um encontro online genuinamente horrível, e ele precisa ligar para seu melhor amigo para gritar com ele, já que na verdade é tudo culpa dele. Ele o informa sobre isso no segundo em que ele atende o celular. Esquecendo suas boas maneiras, ele nem se preocupa em cumprimentá-lo.

- Você deveria experimentar encontros online, Amaury. O que de pior pode acontecer, Amaury. Você vai acabar velho, sozinho e com uma dúzia de gatos, Amaury. - ele devolve as palavras zombeteiras que ele lhe disse há alguns dias.

- Qual é a pior coisa que poderia acontecer, Felipe? Bem, eu poderia tá em um encontro com alguém que obviamente é fã do Jeffrey Dahmer. Pelo menos se eu morrer e meus futuros gatos comerem meu rosto, é pra sobreviver, não porque eles tenham um fetiche. - Amaury sussurra para ele.

Há silêncio do outro lado do celular por um segundo antes de ele falar. - Oi pra você também, amigo. - ele começa secamente com uma pitada de risada, fazendo Amaury revirar os olhos com seu tom. - Acho que o encontro tá indo bem né.

- Com certeza. - Amaury responde sarcasticamente..

- Vamos ver por onde eu começo. -- Amaury faz uma pausa para causar efeito. - Que tal isso, ele não se parece em nada com a foto. Não é um catfishing, mas tá perto o suficiente, ou que tal ele mal piscar quando olha para mim. Contei até quarenta e cinco antes de seus olhos se fecharem por um milésimo de segundo. - ele diz a Felipe, deixando escapar um tremor de corpo inteiro ao se lembrar do olhar assustador.

- Ou que tal a respiração pesada que ele faz quando fala sobre como minha pele parece macia? - ele continua, sua voz ficando mais alta. - Obviamente, encontrei minha alma gêmea e estou ligando para avisar que estou fugindo pra casar.

- Parabéns, te desejo felicidades. - Felipe retruca, e desta vez não tem apenas um toque de diversão em sua voz, o riso é está claro.

- Eu te odeio, isso é tudo culpa sua, e nunca mais vou ouvir você. - Amaury sussurra para o amigo, revirando os olhos quando isso não faz nada para impedi-lo de rir. Na verdade, isso o anina ainda mais.

- Se ele é realmente tão estranho, então só vai embora.

Amaury abre a boca para gritar mais um pouco com Felipe. É ele quem o incomoda por desperdiçar sua noite, dizendo que Amaury precisa encontrar alguém. Ele não tem gatos, mas não vê o que há de tão errado em ter alguns. Ele ouve outra risada e percebe com vergonha que não vem de seu celular e de seu suposto melhor amigo, mas de fora de cubículo do banheiro que ele está.

- Felipe, espera um pouco- Amaury diz calmamente. Ele abre a porta da cabine e encontra um homem perto do balcão da pia, encostado nele com um sorriso no rosto.

- Desculpa. - diz o estranho com um sorriso que contradiz seu pedido de desculpas. Amaury o observa, seu corpo em forma, seu cabelo ruivo habilmente despenteado, lindos olhos castanhos e um rosto lindo.

- Felipe, eu te já ligo de volta. - O preto murmura, encerrando a ligação.

- Eu não queria escutar, na verdade. - O homem continua, o sorriso em seu rosto é amigável por um momento antes de se tornar perverso. - Ou rir do fato de que você claramente saiu com um serial killer que provavelmente vai tentar te transformar em um traje de pele antes que a noite acabe.

Amaury estremece com a imagem mental que as palavras evocam. - Puta merda, obrigado pele vida inteira de pesadelos, seu estranho malvado.

- Diego. - ele se apresenta, o sorriso nunca deixando seu rosto perfeitamente esculpido. - E pra ser justo, se minha previsão estiver certa, não vai ser uma vida muito longa.

Coletânea Dimaury/KelmiroOnde histórias criam vida. Descubra agora