Night comfort

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Ao decorrer dos anos Fit se tornou um homem de hábitos, logo, era de se esperar que tivesse sua rotina noturna: Depois do jantar e Ramon ter tomado seu banho (que já o deixava mais sonolento) ambos se reuniam na sala para assistir qualquer fosse o novo e momentâneo desenho favorito do menino, felizmente, tal ato agravava seu sono.

Portanto, menos de uma hora depois ele carregava o pequeno até o quarto, e em uma voz rouca e desafinada entoaria alguma canção de ninar. Ele acreditava que o mais novo estava ficando mimado demais ultimamente. Ele não realmente reclamaria, no entanto.

Após garantir que seu filho estava realmente dormindo, ele desligava as luzes e só talvez ficasse como um bobo admirando seu garoto sob as numerosas estrelas fluorescentes (as mesmas que a criança dizia já não precisar, mas na realidade amava) até que se obrigava a voltar para o velho sofá e apagava em frente a um filme genérico de ação.

Então, em alguns dias, pequenas batidas na porta denunciavam a variável das noites do americano.

Como um bom ex-soldado ele acordava com as fracas batidas, e nem precisava olhar o celular pra saber quem ligava. Ele desligaria o aparelho enquanto verificava se Ramon não havia acordado - Ele nunca acordava. Após poucos minutos abriria a porta da frente revelando um choroso e agitado Pac.

Não importa quão meticuloso o americano fosse, ele realmente não se lembrava quando aquilo começou. Mas ele sabia bem o que fazer:
1. Trancar a porta;
2. Segurar a mão de Pac enquanto subiam as escadas;
3. Abrir a porta do terraço e a fechar novamente enquanto o brasileiro se sentava no chão frio;
4. Não falar ao menos que Pac queira que ele fale;
5. Sempre, sempre, deixar que Pac tome a iniciativa.

Seja deitando a cabeça no colo do mais velho enquanto falava, ou apenas segurando sua mão por uma hora sem dizer nada, apenas deixando as lágrimas rolarem. As vezes não havia contato algum, com Pac falando sem parar sobre o quer que ele precisasse desabafar. Às vezes ele chorava sobre a dificuldade de manter seu grupo de amigos ainda unido, muitas vezes era sobre Richarlyson.
Ultimamente ele confessava o quanto a saudade de sua alma gêmea, seu irmão, estava ficando insuportável.

Esta noite Pac não disse nada.
Mas ele chorou. Chorou abraçando Fit.

E este apenas o abraçava de volta. Posicionava a cabeça do moreno em seu pescoço e acariciava seus cabelos.

E, oh.

Pac suspirava e derretia naquele singelo conforto.

Eram nessas noites que Fit sentia aquilo. Aquele sentimento que nenhum ousaria rotular, talvez nem quissesem definir. Mas era essa conexão que buscavam. Era essa sensação que o tempo se tornava inexistente e o ar mais fresco. Inocentemente imaginavam que a brisa levaria as lágrimas embora.
Eram nestes momentos que segurar firme a camisa alheia significava agarrar um fio de esperança.

Era este sentimento sem nome que lhes inchava o coração, até explodir em confiança e carinho.

E era isso.
Era isso que mantinha Fit vivo.

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