Mas ela é uma garota

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Point of view Kornkamon

- A garota tem uma mente brilhante, Phon! Fiquei abismado com a conversa que tivemos.

Ouvi meu pai dizer em sua tentativa falha de sussurrar. Eles estavam na cozinha, eu congelada no corredor, criando coragem para ir até eles.

- Eu gosto da moça, Aon. Ela é bonita, inteligente, bastante educada e respeitosa, mas ela é uma garota. – A voz da minha mãe saiu em um agudo sussurro indignado. Meu pai riu.

- E qual o problema? O que deveríamos nos preocupar já aconteceu. – Meu pai falou rindo, referindo-se à minha gravidez. Mais ruborizada do que eu já estava, jamais ficaria novamente.

- Sério, Mon? – Samanun surgiu atrás de mim me fazendo saltar de susto.

- Que susto, amor! – Murmurei rindo. Sam permaneceu parada, me encarando com certa impaciência. Meu riso quebrou. – Para você é mole, né, já conversou com meu pai. Eu ainda tenho que encarar aqueles dois. – Me defendi.

- Mon, ficar ouvindo do corredor não vai amenizar nada, quanto mais rápido você for até lá, mais rápido resolverá tudo. - Sam falou calmamente, olhando-me nos olhos. Ela tinha razão. - Vem cá... – Ela me puxou suavemente pela cintura e uniu nossos corpos. – Eu irei contigo, ok? Estarei do seu lado, segurando sua mão. Você não vai enfrentar mais nada sozinha. – Falou ela ainda com os olhos presos aos meus. Nossos lábios estavam tão próximos. Eu amava aquela união. Aquela proximidade. Sam me despertava coisas que eu nunca imaginei que fosse sentir. Suas palavras me davam tanta segurança, seus gestos concretizavam o que suas palavras me prometiam. Ali, sendo segurada por seus braços, vi os medos indo embora de mim. Sam e seus poderes mágicos.

- Ok, vamos.

Eu ia puxa-la para irmos para a cozinha, mas Sam foi mais rápida e tornando a me puxar pela cintura, ela uniu nossos lábios no que a princípio era um selinho, mas não resisti em aprofundar. Impossível sentir aqueles lábios aveludados tocando os meus, sem querer me aproveitar do contato. O beijo foi rápido e terminou com vários selinhos, logo depois nos dirigimos ao matadouro. Digo, à cozinha.

- Bom dia, papai! Bom dia mamãe! – Fui animada ao dizer aquilo, eles sorriram abertamente para mim.

- Bom dia, filha. Dormiu bem? – Perguntou meu pai.

- Como um anjo. – Eu disse.

- Bom dia, senhorita Phon. – Samanun falou um pouco tímida, minha mãe a olhou e o sorriso que abriu para Samanun foi ainda maior do que me mostrara.

- Bom dia, norinha. – Minha mãe falou sorridente.

Nos sentamos a mesa. Sam sentou ao meu lado e uniu as mãos sobre a mesa, eu servi café para ela e depois para mim. O nervosismo tornou a me assombrar assim que se instalou um silêncio constrangedor entre nós. Eu olhei para minha mãe, a mesma estava estática, segurando a xícara perto dos lábios e fitando a aliança em meu dedo. Meu pai olhou para minha mãe e revirou os olhos, soltando um suspiro.

- Pois então, Mon. – Meu pai iniciou aquilo e minha mãe o olhou. – Já sabe de quantos meses está? – Perguntou sério, olhando fundo em meus olhos.

Foi automático, eu procurei a mão de Sam por baixo do pano que cobria a mesa e não tendo sucesso em minha busca, eu apertei sua coxa com força, na intenção de que ela me desse a mão.

- Mon! Ai! – Reclamou ela, fitando-me com olhos arregalados. Revirei os olhos e impaciente, peguei uma de suas mãos pousadas sobre a mesa e entrelacei nossos dedos. – Oh...desculpa.

- Ainda não, papai. Ainda não tive tempo de marcar médico e tudo mais. – Respondi temerosa.

- Mas filha, você tem que se cuidar, cuidar do meu neto. Por Deus! – Minha mãe finalmente abriu a boca. – Vou ligar hoje para a clínica e marcar consulta para você. Essa semana ainda vamos mudar sua alimentação, você tem que comer frutas, verduras. Nada de ficar só comendo besteiras.

The Last Coffee (Em revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora